… que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu! Dá-nos hoje o alimento que precisamos. Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam. (Mateus 6,9-13)
Orar é algo sem muita lógica. Falamos com alguém invisível, e não tem como provar os efeitos. Isto gera efeitos curiosos, como pude experimentar no trabalho com confirmandos na Alemanha. Quando tratamos do assunto, os jovens foram extremamente racionalistas ao tentar provar ao Pastor que a oração era uma bobagem e sem sentido. Mas quando chegou a notícia de uma colega que se suicidara, os mesmos jovens pediram abalados se eu não pudesse fazer uma oração com eles... Orar supera as lógicas que normalmente nos separam. A dimensão da oração abre nosso pequeno horizonte de possibilidades limitadas para a eternidade divina de possibilidades infinitas. Quem ora ainda tem esperança.
Para tirar as dúvidas Jesus sugere a oração certa. Tem-se hoje a teoria que ele não inventou o Pai Nosso, mas que ele cita uma oração que já existia.
Como o Pai Nosso é cheio de significado, comentamos apenas três aspectos:
Pai é “Abba”, o que quer dizer “Paizinho”. É a forma como se dirige uma crianças de 5 anos ao seu pai, cheia de confiança. Não há motivo para aquela hesitação clássica dos luteranos na oração. Não é preciso estudar teologia para poder orar em voz alta em público.
O pedido pelo pão de cada dia é pensado para pessoas que carecem deste pão. É concreto. Tem tudo a ver com a situação de vida do povo pobre na Palestina no tempo de Jesus. Se a nossa situação hoje é outra, isto faz com que, ao proferirmos o pedido pelo pão, passamos para o outro lado, o lado de Deus. Assumimos responsabilidade com o pão dos outros. É esta uma das raízes para o engajamento diaconal da igreja e dos seus membros.
O pedido pelo perdão foi feito em especial para a convivência em família e comunidade. É onde pelo tamanho proliferam as fofocas, as maldades, as calunias de todos os tipos. É a chance pelo recomeço e uma nova vida. Praticar e receber o perdão é, para nós, uma questão de sobrevivência.
P. Guilherme Nordmann