Lucas 22,31-34: Jesus continuou: “Simão, Simão, escute bem! Satanás já conseguiu licença para pôr vocês à prova. Ele vai peneirar vocês como o lavrador peneira o trigo a fim de separá-lo da palha. Mas eu tenho orado por você, Simão, para que não lhe falte fé. E, quando você voltar para mim, anime os seus irmãos. Então Pedro disse a Jesus: - Estou pronto para ser preso e morrer com o senhor! Então Jesus afirmou: - Eu digo a você, Pedro, que hoje, antes que o galo cante, você dirá três vezes que não me conhece.”

I. Todos somos um pouco Pedro: Tomara que seja assim, que pelo menos em algum momento da nossa vida tenhamos a força e a autoconfiança do Pedro! Normalmente é privilégio da juventude bancar o Pedro. Os jovens têm firme convicção que os pais não entendem de muita coisa, que vão fazer tudo melhor que eles.
“Os velhos são caretas, só pensam em problema, são amassantes.” É esta confiança na sua força que permite ao jovem encarar a vida, seus desafios, enfim toda a dureza de sempre de novo ser peneirado nas provas que a vida impõe. Quando o jovem não possui esta confiança típica vira um jovem frouxo que fica debaixo das asas da mãe e não vai a lugar algum na vida. Complicado...
Existe esta confiança também quando algo novo inicia, tipicamente na igreja. Aquele entusiasmo da primeira hora. Esta certeza de fazer melhor que antes e melhor que os outros. As vezes existe no mundo político. Novo governo, nova força. Somos os melhores, fora a herança maldita. Sem esta confiança, ninguém começa nada. Neste ponto de vista Pedro está certo. Por isso ele é o líder dos discípulos.

II. Onde leva? Belchior canta: “Minha dor é perceber Que apesar de termos Feito tudo, tudo, tudo, Tudo o que fizemos. Ainda somos Os mesmos e vivemos, Ainda somos Os mesmos e vivemos, Ainda somos Os mesmos e vivemos Como Os Nossos Pais...”
Até certa idade achamos que sabemos tudo melhor. Mas aos poucos quebramos a cara e somos levados a aceitar coisas que antes não queríamos e chegando aos 25 anos percebemos que os nossos pais não são tão burro assim.
O mesmo vale para as igrejas, para os governos, enfim para todo mundo. Em algum momento perde-se a inocência e somos forçados a aceitar que também só cozinhamos com água...
Reside neste aprendizagem o grande perigo da quebra confiança nas pessoas nas suas próprias capacidades. “Fracassei, não adianta fazer algo porque é impossível.” Leva se a vida no tranco, no mínimo possível, sem fé, sem confiança.
É esta atitude que Jesus atribui ao satanás, ao genuinamente inimigo da vida. Jesus sabe que Pedro vai fracassar. Decisivo é se ele consegue conservar sua fé, se ele continua acreditando que Deus pode usar ele.

III. Deus nos carrega: No caso do Pedro existe um elo que liga o antigo com o novo, um aspecto só que garante a continuidade do depois com o antes: É a oração de Jesus pela fé do Pedro. Há um enorme consolo nas palavras de Jesus. Nem tudo depende de nós. Somos instrumentos do amor de Deus. Ele nós quer. Caminhamos para além de todos os fracassos e contradições e ainda somos instrumentos do seu amor. Pedro teve uma vida importante mesmo após seu fracasso: Foi o líder da primeira comunidade. Isto foi o desejo do próprio Jesus: “E, quando você voltar para mim, anime os seus irmãos.”
Hoje é a comunidade que assume o lugar de Jesus. É aqui o lugar da oração para que a fé não acabe. É aqui o lugar onde se acredita nas pessoas. É esta oração de Jesus que transmitimos aqui, ora nos carregando, ora nos desafiando de sermos o Cristo para os outros. É esta a vocação e o encanto da Capela de Cristo que este é um lugar onde alguém cuida da nossa fé.
P. Guilherme Nordmann