Tiago 2,1-10:
1 Meus irmãos, vocês que creem no nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, nunca tratem as pessoas de modo diferente por causa da aparência delas.
2 Por exemplo, entra na reunião de vocês um homem com anéis de ouro e bem vestido, e entra também outro, pobre e vestindo roupas velhas.
3 Digamos que vocês tratam melhor o que está bem vestido e dizem: Este é o melhor lugar; sente-se aqui, mas dizem ao pobre: Fique de pé ou Sente-se aí no chão, perto dos meus pés.
4 Nesse caso vocês estão fazendo diferença entre vocês mesmos e estão se baseando em maus motivos para julgar o valor dos outros.
5 Escutem, meus queridos irmãos! Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e para possuírem o Reino que ele prometeu aos que o amam.
6 No entanto, vocês desprezam os pobres. Por acaso, não são os ricos que exploram vocês e os arrastam para serem julgados nos tribunais?
7 São eles que falam mal do bom nome que Deus deu a vocês.
8 Se vocês obedecerem à lei do Reino, estarão fazendo o que devem, pois nas Escrituras Sagradas está escrito: Ame os outros como você ama a você mesmo.
9 Mas, se vocês tratam as pessoas pela aparência, estão pecando, e a lei os condena como culpados.
10 Porque quem quebra um só mandamento da lei é culpado de quebrar todos.

Estimadas irmãs, estimados irmãos!

I. Não é nosso problema?

Alguém pode pensar que isto não é nosso problema, já começando pelo fato que normalmente sobra lugar na primeira fila para sentar... Trabalhei um tempo numa exposição sobre a história da missão em Hermannsburg na Alemanha. Os grupo seculares disputavam os lugares na primeira fila. Os grupos de igreja se espremiam lá atrás... Não é nosso problema? É verdade que melhoramos bastante. Sofremos com aquela avaliação da sociedade que os luteranos seriam um grupo fechado e frio. Hoje aprendemos a acolher bem. Aqui na Capela de Cristo não acontece mais que alguém desconhecido entra calado e sai mudo.
É esta memória que me leva ao ponto onde fica claro que o problema talvez amenizou mas está longe de deixar de existir. 10 anos atrás havia aqui uma fala que não precisava se preocupar muito com a arrumação da Capela, porque não viriam quase gente “de fora”. Viriam sempre os mesmos. Então para que flores no altar, folheto com o roteiro do culto, cafezinho depois e boa música tocada por alguém competente num instrumento digno? Chegou ao ponto de uma vez alguém mandar um casal embora para St. Amaro por achar que aqui não era o lugar adequado... Fizemos estatística por um tempo e ficou provado que em mais de 50% dos cultos havia gente que não fazia parte do círculo íntimo da comunidade. A partir daí houve uma grande mudança para melhor. Comparem a Capela de 15 anos atrás com a de hoje....
Mas será que tudo está resolvido? Este texto não tem mais nada a nos dizer? Desconfio que não é bem assim. Uma vez simplesmente por aqueles que não chegam até aqui. Enfim os lugares não estão sendo disputados na maioria dos domingos. Entre as muitas razões disto há sem dúvida aquela dinâmica do grupo pequeno que tende a preferir ficar entre eles. NO mais as pessoas não chegam aqui por diversas razões, mas uma das mais fortes continua sendo o espírito de exclusividade que instintivamente faz evitar as ações que gerariam mais visibilidade a comunidade.

II. A igreja é Parte do Reino de Deus:

Tiago mostra que isto de fato não é algo indiferente ao todo da nossa vida como lidamos com o espaço da igreja e as pessoas nela. Muitas pessoas tendem a achar que quando o assunto é religião trata-se de algo meramente privado, onde tudo vale e onde as práticas podem ser alteradas a gosto, porque fica sem consequência o que fazemos ou deixamos de fazer.
Existiria uma vida oficial para valer e aquela lá da igreja, da nossa fé é opcional podendo ser ligada e desligada de qualquer jeito. Enfim igreja não é a vida verdadeira. Tiago mostra como isto é equivocado. A rigor não há espaço de ação onde os mandamentos e os bons desejos de Deus por nossa vida não valeriam. Para quem é cristão não existe um ambiente totalmente privado. Não podemos brincar de estarmos vivendo; a vida é sempre séria e todas as suas expressões merecem o mesmo tratamento.
Somos, sem dúvida falhos e limitados, mas esta nossa limitação acontece em todos os ambientes da nossa vida. Não podemos agir de uma forma de escolher de antemão espaços onde seria lícito “pisar na bola” e outros onde não podemos fazer isto. Precisamos nós esforçar da mesma forma de não pisar na bola em nenhum lugar. E onde fracassamos dependemos sempre do perdão de Deus.
É isto que Tiago quer dizer quando diz que quem quebra um mandamento quebrou a lei inteira. Ele diz isto porque sacou que as pessoas escolheram o espaço da comunidade como aquele onde elas já de antemão se autoabsolveram. Ele mostra como isto é impossível...
Creio que entre nós é exatamente alí que está o ponto sensível. As pessoas tendem a se posicionar frente a igreja como algo que ainda pode dar atenção, engajamento, dinheiro, quando não há mais nada mesmo para ser feito. Um lugar que vem em último plano quando sobrar tempo... Olhe é difícil sobrar tempo, espaço, dinheiro nesta São Paulo.
Assim Tiago nós põe num raio x profundo, mas é para nosso melhor porque desta forma Deus chega a atuar em todos os ambiente de nossa vida. Não será para nossa desvantagem. Amém

P. Guilherme Nordmann