“Por onde estes teus pés já caminharam até chegar aqui? Alguns e algumas de nós já andaram vários quilômetros, outras pessoas nem tanto. É provável que cada qual já tenha andado por caminhos aplainados, de um bom asfalto ou com um bom saibro. Mas talvez também já tenham andado por caminhos com muitas lombadas, desvios, buracos e pedras”. Assim iniciou a temática da Conferência de Ministros e Ministras do Sínodo Vale do Itajaí, coordenada pela Cat. Ma. Joni Roloff Schneider, secretária de Formação da IECLB, no dia 07 de novembro, no Centro de Formação e Eventos Rodeio 12.
A temática da conferência – Vocação e Ministério – um desafio para a Igreja, apresentou reflexões iniciais sobre a realidade brasileira e os impactos da mesma na vida das juventudes e, em consequência, para a vida da Igreja, como a crise de vocações para o ministério ordenado. Dados apontam que não é só na área da Teologia que se sente uma redução de pessoas interessadas em serem ministros e ministras, mas também na área da educação: a procura pela profissão de professor ou professora diminuiu drasticamente. Do mesmo modo, no mundo corporativo há uma queixa de falta de vocações profissionais, no sentido de comprometer-se e permanecer na profissão. Por outro lado, as taxas de suicídio, ansiedade, depressão, transtornos aumentou muito entre crianças, adolescentes e jovens, desde antes da pandemia, o que é uma realidade diária dentro das escolas e faculdades.
“Estamos vivendo um tempo que muda velozmente, um ‘mundo líquido’, em que é difícil manter a continuidade dos parâmetros clássicos de sociabilidade comunitária, conforme Zigmund Bauman. Precisamos conhecer o que está acontecendo, bem como conhecer como as novas gerações pensam, sentem e aprendem, para podermos, como Igreja, auxiliar pessoas jovens a encontrarem a sua vocação, o seu projeto de vida”, destacou a secretária.
O tema vocação traz conceitos muitas vezes associados com algo divino, inato, que os indivíduos carregam desde a sua formação. Mas também está associado a habilidades construídas, desenvolvidas ao longo da vida nas interferências do meio ambiente. O importante é que, como Igreja, se propicie experiências e vivências que auxiliam na descoberta da vocação desde o Culto Infantil, perpassando as demais fases da vida. As pessoas precisam desmistificar a ideia de que a idade certa para compreender o chamado, o convite, seja em torno dos 17/18 anos, quando o adolescente concluiu o Ensino Médio.
Para a catequista Joni, descobrir a vocação é descobrir o sentido para a sua vida, por isso está ligada ao ‘ser’: “quem somos, o que queremos, que luz existe dentro de nós e nos move adiante? O que toca nosso coração e acalenta nossa alma? O que dá consistência ao nosso existir? Esta clareza faz com que a pessoa viva a sua vocação com um compromisso com o bem comum, com a cidadania, com a paz e a justiça na sociedade, independentemente onde ela atua”, indagou.
Na vocação para o ministério, em muito depende dos ministros e das ministras, que devem investir no despertamento de pessoas para o chamado. “A paixão, o brilho no olhar que cada um e uma tem pelo seu ministério, faz a grande diferença. Para que a vocação continue sendo essa paixão, ela precisa ser renovada e realimentada a cada dia, assim como Lutero afirma sobre o batismo, para que ressurja ‘diariamente a nova pessoa, que viva em justiça e pureza diante de Deus para sempre’”.