Reunidos em Assembleia Sinodal, no dia 14 de abril de 2012, na Paróquia Martim Lutero, Comunidade de Bateas, em Brusque (SC), saudamos os irmãos e as irmãs das nossas comunidades em todo o Sínodo Vale do Itajaí. O lema do ano, em Jeremias 1.5, “antes que eu te formasse no ventre, te conheci”, nos inspirou a refletir sobre o tema “Chamados para ser e viver Comunidade”. Nossa reflexão foi alimentada pelas conselheiras palavras de sabedoria e inspiração do pastor emérito Wilfried Buchweitz, que nos dirigiu a pregação-palestra durante o culto de abertura da Assembleia Sinodal.
O pastor Buchweitz recordou que a nossa primeira vocação para ser e viver Comunidade vem do nosso próprio Batismo, que é um instrumento fundamental para construir Comunidade. Além de nos vocacionar como pedras vivas do edifício da Igreja de Jesus Cristo, o Batismo é o selo de garantia que todos temos de pertencimento a Deus. Podemos contar com Deus, que nos chama pelo nome, por toda a nossa vida e para o bom desempenho da nossa vocação comunitária. Nada pode nos tirar da lista de Deus, a não ser a nossa própria decisão.
Enquanto nosso Batismo nos vocaciona para ser e viver comunidade, a forma como vamos nos desempenhar desse chamado é “muito coisa nossa”, pregou o pastor Buchweitz. Todos que integramos as comunidades do Sínodo Vale do Itajaí estamos na lista de Deus e estamos sendo desafiados e desafiadas a ser e viver comunidade. As diferentes características de grandes e pequenas cidades, de interior e de centros turísticos, nossas heranças culturais e confessionais, moldam a nossa realidade de comunidades aqui no Vale do Itajaí. Essa é a “coisa muito nossa”, a realidade específica que molda nosso modo de concretizar a vocação de Deus.
Entre nós Deus escolhe pessoas para tarefas específicas. Os ministros são chamados e ordenados para pregação clara e pura da Palavra e administração dos sacramentos. As demais lideranças e todas as pessoas que se deixam desafiar para planejar e executar a maneira “muito nossa” de ser e viver comunidade também são animadores da caminhada comunitária.
O pastor Buchweitz nos alertou que não é fácil ser e viver comunidade num mundo em constante mudança. Ele nos desafiou, como comunidades no Vale do Itajaí, a pensar como ser Igreja nessa sociedade. É uma tarefa que não pode mais ser como era no passado, quando era menos complexo ser Igreja. Num mundo cada vez mais diversificado e plural, é necessário selecionar atividades, projetos e ter nossa confessionalidade bem diante dos olhos, para não correr o risco de fazer uma grande salada de frutas.
É fundamental que continuemos lendo a Bíblia. Não dá para deixar a poeira se acumular sobre ela, porque o tempo faz a gente esquecer as histórias e as mensagens bíblicas. “De vez em quando, temos que lê-la de ponta a ponta novamente”, desafiou o palestrante. Ela é a inspiradora e o fundamento do nosso modo de ser e viver comunidade hoje.
Em nossa reflexão, fomos desafiados a nos alegrar com as muitas coisas boas que existem em nossa IECLB. Demais afeitos a lamúrias e críticas, às vezes temos os olhos vendados para ver as muitas pessoas que vestem a camiseta da Igreja e edificam comunidade. Isso nos ajuda a ser gratos a Deus por ele ter sido fiel à IECLB ao longo de toda a sua história.
Percebemos que a edificação de comunidade nem sempre é harmoniosa e pacífica. Precisamos, por isso, aprender a administrar conflitos, porque nos ajudam a construir e a crescer uns em direção aos outros. Temos que amar as nossas comunidades e nos amar mutuamente, mesmo quando somos diferentes.
Saímos da Assembleia Sinodal em Brusque com a clareza de que ser e viver comunidade não é tarefa somente de alguns especialmente vocacionados. Deus nos chama individualmente, pelo nome, através do Batismo, para o serviço em sua Igreja. Aqui no Vale do Itajaí somos 100 mil luteranos com nome próprio diante de Deus. Cada um de nós, em sua comunidade, na cidade ou no interior, na praia ou na fábrica, recebeu muitos dons para ajudar a ser e viver comunidade viva, jovem, empenhada e com os pés firmes no chão, neste Vale que amamos.
