Relembrar para conhecer
Perspectiva de um membro da Bom Pastor
A nossa Igreja Evangélica de Confissão Luterana na Ilha do Governador começou bem antes de 1973 (ano de fundação da paróquia). Quando o Sr. Georg Martiny, um dos nossos membros mais idosos na Paróquia Norte, chegou de São Paulo para morar na Ilha, em 1964, com sua esposa Margot, hoje já falecida, soube através da Sra. Anne Robinson, que havia um pequeno grupo de moradores Luteranos na Ilha que se reuniam na casa de Clarinha Lentz, também já falecida, no Jardim Guanabara. Anne era Anglicana, mas fazia parte do grupo de pessoas que frequentavam a casa de Dona Clarinha. Para estas reuniões vinha o pastor Kreutlein, do centro (da Comunidade Martim Luther), que ministrava cultos, normalmente em alemão. Dona Clarinha formou um pequeno coral, do qual o Sr. Georg fazia parte. Foi aí que o Sr. Georg e família conheceram outras famílias: a do Sr. Schnellrath, o Sr. Edgar Arentz e a esposa, Dona Carmen, e outros, dos quais não lembra o nome.
Agora chega o momento em que devemos acreditar, fielmente, que Deus provê: Dona Carmen Arentz fez questão de viajar de ônibus para Serra Pelada/ES, para participar de uma semana de canto. Na viagem, coincidentemente, sentou-se ao lado de uma senhora chamada Gertrudes, e, como é comum às meninas se comunicarem, rapidamente se deu conta de que se tratava da esposa do pastor Schünemann, da comunidade Bom Samaritano, em Ipanema. Conversa vai, conversa vem. Dona Carmen comentou à Dona Gertrudes que havia este grupo de famílias Luteranas moradoras da Ilha, que se reunia na casa de Dona Clarinha e, que seria muito bom se pudessem ter na Ilha um pastor e cultos semanais. Assim, o pastor Schünemann se interessou e, quando percebeu que era um grupo grande de pessoas, procurou uma forma de ajudar. Providencialmente, soube da vontade do pastor missionário norte-americano, Robert Fedde, de retornar ao Brasil, pois já estivera antes aqui, em Cascavel/PR. Pronto! Aí estava quem iria reunir as ovelhas da Ilha e formar uma comunidade.
Pouco tempo depois em Setembro de 1973 chegava ao Rio, o pastor Robert Fedde com a sua esposa, Dona Lola e seis filhos. Eles tinham sete filhos mas um ficou nos EUA, pois já cursava a Faculdade.
Obviamente, precisavam de uma casa grande e, por pedido especial do pastor Roberto, com um quintal, onde ele pudesse ter sua horta, hobby que curte até os dias de hoje, onde mora nos EUA em Dakota do Sul. Dona Carmen se esmerou nisso e conseguiu uma casa na Rua Orestes Rosólia, próximo ao Cacuia, que foi então alugada pela União Paroquial. Depois de devidamente ter sua família bem acomodada o pastor Roberto passou a visitar as famílias da Ilha e trazê-las para os cultos na varanda dos fundos desta casa. Passou também a juntar o pessoal em outras áreas da zona norte do Rio, na casa de Dona Margarette Bosco, e do Sr. Peter Geiser, em Vila Valqueire e, posteriormente em Braz de Pina, na casa de Dona Estella Walther. Com isso estava formada então a missão Suburbana.
Não podemos esquecer a importante participação do Sr. Hermann Evelbauer nestes esforços, além de muita devoção por parte dele para que conseguíssemos crescer na zona norte do Rio de Janeiro. Contando com todas as localizações acima mencionadas, havia, na época, mas de 100 famílias membros da Missão Suburbana.
E, novamente, com o empenho de dona Carmen Arentz, e Dona Lola, esposa do pastor Roberto, iniciou-se a nossa OASE, com o auxílio também de Martha Schulze, da Paróquia Martim Luther, cujos objetivos eram muitos. A primeira reunião oficial desta OASE data de 05-03-1975, onde consta a primeira Presidente Dona Lola, Vice-presidente, Dona Carmen Arentz, a Tesoureira, Dona Margot Martiny, a Secretária de Visitação Dona Helga Schaly, e a Secretária de Trabalhos Janette Hey. Em 02-04-1975 (segunda reunião da OASE), foram formulados os Estatutos da OASE da Ilha. Desde esta época a OASE continua sendo o sustentáculo da comunidade, sempre presente nas mudanças de espaços, de casa em casa, até finalmente, o prédio do templo, na Rua Sobragi, 88. Foram muitos almoços, recepções, festejos e reuniões, acolhidas de novos pastores, etc.
As senhoras da OASE foram também, no início, as professoras da escola Dominical. Nas vacâncias de pastores que duravam até seis meses, a OASE não deixava a “casa” desmoronar. União, trabalho e muita fé fizeram com que a pequena somente germinasse e desse frutos. Estamos muito orgulhosos e felizes, pois nosso templo é lindo e abençoado por Deus! Somos hoje uma OASE menor, mas continuamos firmes no nosso propósito – Viva os 40 anos!
Precisaria de muitas páginas para agradecer todas as pessoas que contribuíram para esta história, mas vou lembrar-me de algumas, como por exemplo, da família Denecke – que cedeu durante muito tempo, quando da segunda vinda do pastor Roberto Fedde ao Rio de Janeiro, o espaçoso terreno ao lado de sua casa, com pátio coberto, na Rua Manoel Maggiolli, Jardim Guanabara, para realizarmos os nossos cultos antes de utilizarmos o espaço em baixo do salão comunitário atual. A incansável ajuda da família Arentz: o Sr. Edgar, já falecido, doou, após fabricar com suas próprias mãos, a mesa do altar, o púlpito e a cruz do altar que utilizamos até hoje. E, também, foi através de Dona Carmen que conseguimos os bancos da Igreja doados pela comunidade de Nova Friburgo. E o trabalho da família continuou, depois com a participação do filho, Frederico e da esposa Wanda. Nesta época, de 1980, tivemos uma turma jovem de várias famílias, muito participativas. Família Klein (Marli e Cezar); família Uriarte (Elke e João Mario) obs.: o pai de Elke fabricou e doou a porta de entrada principal do Templo; família Lima (Vanice e Beto); a Vanice foi incansável professora de escola dominical, frequentada pelos filhos de todos esses casais, muito festeira, para manter a turma unida e reforçar as finanças da comunidade; família Schäffer (Marli e Romar), que ajudaram muito nos mutirões, juntamente com os jovens e pastor colocando literalmente as mãos na massa durante a construção do prédio do salão comunitário; família Pabst (Armgard e Olavo), participando ativamente em todas as atividades, festas e celebrações até os dias de hoje; família Dockhorn (Ivone e Wilson), Wilson só faltou trazer a cama pra igreja, para estar sempre presente em tudo; família Bernsmüller (Hercília e Germano); Germano nosso incansável “capelão”, posso chamar assim?! Que até os dias de hoje, todos os domingos, faça sol ou faça chuva, chega cedo ao templo para prepara-lo para os cultos; família Pungartnick (Alice e Bruno- já falecido). Bruno tendo participado nas lideranças da comunidade e da paróquia, e nossa “chefa” da OASE, Alice, já há 18 anos, cheios de dedicação, como presidente da nossa OASE da Ilha. Não posso deixar de mencionar a Neuza – amiga de coração de todos na comunidade. Foi faxineira e zeladora na Bom Pastor por muitos anos: fez questão de ter uma filha confirmada e duas netas serem batizadas, sendo uma delas ser também confirmada na nossa comunidade. Todos os netos participaram muito na escola dominical. Infelizmente hoje ela mora longe, não estando mais no nosso convívio. Aliás, muitas famílias citadas acima, já não estão mais conosco, por diferentes razões, principalmente mudança de emprego e de estado no Brasil ficando grandes lacunas e deixando muitas saudades. Em compensação, temos muitas famílias novas, e membros novos que vieram substituir os anteriores.
Que ninguém se sinta esquecido, ou excluído. Não poderia mencionar todos com exatidão, pois como já foi dito antes este relato não teria fim.
Um abraço grande e envolvente, um obrigado de coração, de quem lhe escreve, Lia.
“Que Deus, em sua infinita bondade, nos abençoe e nos guarde, e nos dê forças para sempre continuar trabalhando e que possamos crescer como comunidade, como paróquia”.
“Até aqui nos ajudou o Senhor”. 1 Samuel 7.12
Lia Winckler Willrich
Relato redigido por conta das comemorações dos 40 anos de atividades da comunidade/paróquia em 2014.