Esse conceito de vida era comum no Antigo Testamento. Ser bom e justo significava viver uma vida longa e ter o respeito das pessoas. Era também uma esperança colocada em Deus. Os que faziam a vontade de Deus teriam sua bênção e viveriam muitos anos. Assim, alcançar a velhice era sinal de vida coerente diante de Deus. O autor de provérbios lembra sua comunidade disso e alerta para a importância de viver com bondade e buscando o que é certo e direito.
Sabemos, porém, que para o Novo Testamento, especialmente no início da caminhada da Igreja cristã, essa percepção de vida longa como bênção de Deus muda de enfoque. A vida longa pode ser bênção de Deus para quem vive segundo sua vontade, mas o mais importante não são os anos de vida, mas a qualidade cristã da vida, mesmo que seja curta. Vemos isso nos milhares de mártires que morreram em nome de sua fé em Cristo. Vemos isso no próprio Cristo e nos seus discípulos, pois a maioria não chegou à velhice. Paulo nos ajuda a entender isso quando diz, aos romanos, que pertencer ao Reino de Deus, isto é, fazer a vontade de Cristo Jesus e ser fiel a Ele não é ter comida e bebida com fartura e nem viver muito tempo, mas viver corretamente, na paz do Senhor e com a alegria que o próprio Espírito dá. A vida cristã não se fundamenta nesta promessa de vida longa e próspera, mas se fundamenta na vida a serviço de Deus, em Jesus. O Senhor quer que todos vivam muito e bem, mas a coerência aos seus valores pode interromper a vida, por perseguição, e também não deixará que se acumule muita coisa. Vivamos, pouco ou muito, segundo a verdade que está em Cristo Jesus. Lembremos que a medicina pode preservar a vida por décadas, mas nada pode fazer para que o coração se mantenha fiel ao Senhor.