Davi, neste salmo, clama pela misericórdia e pela graça de Deus. Ele está profundamente perturbado por algo que aconteceu e chora constantemente. Talvez tenha feito algo de errado e está passando por um momento de arrependimento e dor pelo que fez. Ele está deprimido e com medo de que o Senhor o castigue na sua ira. Esta era uma das compreensões a respeito de Deus que o povo tinha no Antigo Testamento. Havia medo da ira e do castigo por causa de algum mal feito, algum pecado cometido. As coisas ruins que aconteciam eram, muitas vezes, vistas como castigo de Deus por algum pecado. O Senhor era tido por justiceiro e castigador exemplar. Também era visto por seu amor e sua bondade, é verdade, mas havia temor e medo por causa de erros cometidos. E estes, normalmente se sobrepunham, na mente das pessoas, ao amor e à bondade do Senhor. De certa forma, este conceito de Deus era pedagógico, pois propiciava que as pessoas pensassem duas vezes antes de fazer algo errado. Apesar de que pouco adiantava, pois as más obras eram diárias e o medo só vinha quando o mal feito era descoberto ou algo ruim se abatia sobre a pessoa.
Paulo, entretanto, aprendeu outra visão sobre Deus e passa isso para suas comunidades. Ele, através da conversão a Cristo, muda sua compreensão central sobre Deus e sobre Jesus. É o que ele diz aos tessalonicenses: Deus não nos escolheu para sofrermos diante da sua ira, mas para nos dar a salvação através de Cristo Jesus. Não precisamos ter medo de Deus, pois Jesus assumiu nosso pecado, mas também não devemos brincar com os mandamentos e com a palavra do Senhor. Eles ainda valem como orientação e exortação para o nosso viver. Deus pode, por sua autoridade e poder, proceder de forma a repreender-nos por causa de pecados cometidos e nos ensinar através de situações ruins que Ele permite que aconteça. E até por situações que ele crie para nós. Deus é soberano, mas misericordioso e gracioso por causa de Jesus. Confiemos no Senhor e não queiramos experimentar, propositalmente, a ira e o poder do Senhor.