SENHAS DIÁRIAS - 25.10.2020
Muitos profetas não tinham qualquer formação na área da fé e da doutrina israelita. Mas tinham formação na vida com sua comunidade e conheciam os acontecimentos e procedimentos dos reis, das autoridades, das lideranças do povo e o proceder das pessoas. Amós era uma pessoa assim. Ele era boiadeiro e cultivador de figueiras. E também era alguém crescido e experimentado na sociedade de sua região, na época. Deus o chama para ser seu profeta por um tempo específico e exortar o Israel para o mau procedimento em muitas áreas. A experiência de Amós mostrava que havia incoerência extrema no proceder do povo em geral e, especialmente, das autoridades em todos os níveis. Amós não exorta o povo a orar com sentimentalismo, não chama para lindos cultos, não convida para festas e atividades que enlevassem a alma dos participantes, não tem intenção de adular as pessoas para que o templo ficasse cheio. Deus o chama para exortar exatamente em relação ao mau procedimento fora do templo. Ele chega a dizer que era melhor que não fossem ao templo para oferecer sacrifícios, isto é, cultos, enquanto não fossem coerentes na vida diárias. Amós está vendo corrupção das autoridades, começando pelo rei. Ele vê os juízes corruptos que vendem sentenças e favorecem os mais abastados. Ele vê as pessoas cumprirem as obrigações religiosas no templo e logo correrem para vender com balanças adulteradas, com produtos de baixa qualidade, com preços abusivos. Ele vê pessoas ricas se tornarem mais ricas ainda e usufruírem de um luxo ofensivo aos tantos pobres que havia em sua época. Sua palavra é de juízo e um anuncio de que o inimigo, a mando de Deus, vai ser a mão do Senhor estendida sobre o país. O profeta fala quase só acusações, e poucas palavras de ânimo, que até é acusado de conspirador. Ele não é um profeta profissional e sua mensagem não é delicada nem inspiradora. Sua mensagem de arrependimento é para que o povo, especialmente as autoridades do país, voltem ao verdadeiro culto e ao procedimento justo e fraterno na sociedade. Deus o chama e ele fala do que vê e entende na sociedade de sua época. Não enfeita com flores. Ele se torna uma pessoa até desagradável de se ouvir. Até explica que não é profeta, mas se Deus o chamou é isso que ele vai falar.
Da mesma forma, Jesus não chama profissionais da área religiosa de sua época. Estes não conheciam as dores e dificuldades do povo em geral e até desprezavam os pecadores, se colocando acima destas pessoas. Cristo chama pescadores e homens de profissões diversas, mas que conheciam a vivência das pessoas mais fragilizadas e colocadas à margem da sociedade. Jesus sabe que a simplicidade é um requisito fundamental para que sua mensagem se espalhe para um grande número de pessoas. O Senhor não chama quem se considera melhor que os outros, pois dificilmente olhará as pessoas com misericórdia. É muito interessante, que o Senhor do mundo não chama os que são mais importante neste mundo, mas os que têm pouco valor. Deus não nos chama para que sejamos melhores do que as outras pessoas, mas chama para que sejamos seus servidores e nos consideremos iguais às demais pessoas. Ele quer gente que enxergue os males que acontecem e que anunciem o jeito certo de se viver. Você e eu, nós, conhecemos a sociedade onde vivemos. Vamos nos entregar ao amor a Deus e ao amor ao próximo como nosso objetivo de vida. Assim, também seremos pescadores de gente.
