SENHAS DIÁRIAS - 25.11.2021
Oseias 14.3 – Tu, ó Deus, és misericordioso e cuidas dos necessitados.
Efésios 2.19 – Vocês não são mais estrangeiros nem visitantes. Agora vocês são cidadãos que pertencem ao povo de Deus e são membros da família dele.
A esperança pelo cuidado e proteção da divindade sempre marcou a caminhada do ser humano que crê em alguma divindade. Independente de religião ou crença que se tenha, a espera pela ação da divindade faz parte da compreensão humana. Isso sempre marcou a fé israelita e depois a cristã. A confiança de que Deus age e cuida, especialmente dos carentes e necessitados, faz parte da fé israelita e cristã. São inúmeras as afirmações na Bíblia que colocam em Deus a esperança para as carências da humanidade. Se olhássemos apenas esta compreensão humana, e para a realidade do nosso planeta, com os milhões de carentes que existem e passam fome e necessidade, precisaríamos afirmar que esta compreensão sobre a ação de Deus em cuidar dos necessitados é equivocada. Poderíamos afirmar que Deus não cuida dos necessitados e que Oseias esta equivocado, bem como tantos outros que afirmam isso. Não há como duvidar que através dos séculos um número quase incontável de pessoas passou por necessidades extremas e chegou a morrer de fome e carência. Isso seria o suficiente para afirmar que esta compreensão, que Deus cuida dos necessitados, é extremamente equivocada. A não ser em alguns casos milagrosos, como o da viúva de Sarepta, como o do maná no deserto, como as multiplicações dos pães, não há registro de outras interferências milagrosas de Deus na vida dos seres humanos. Como entender, então, uma afirmação como a do profeta Oseias que afirma que Deus cuida dos necessitados? Aparentemente isso não é verdade, pois se tantos morreram através dos séculos, e ainda morrem de necessidades, podemos afirmar que Deus não cuida dos necessitados. E agora? Como compreender isso?
Creio que a palavra de Paulo aos efésios nos ajuda na compreensão da afirmação de Oseias e de tantos outros profetas e pessoas ao longo da Sagrada Escritura. Inclusive a afirmação de Jesus de que Deus alimenta as pessoas muito mais que alimenta os pássaros. Paulo, e também outros autores bíblicos, especialmente Jesus, nos ensinam e ajudam a entender as coisas de Deus e sua ação no mundo. De fato, Deus, em pessoa, não ajuda todos os necessitados e carentes que existe. Mas aí entre a afirmação de Paulo: Vocês não são mais estrangeiros nem visitantes. Agora vocês são cidadãos que pertencem ao povo de Deus e são membros da família dele. Israel, como povo de Deus, tinha a tarefa de cuidar dos necessitados. Mais! Tinha a tarefa de não deixar que existissem carentes em seu meio. Essa era uma das principais tarefas que Israel tinha como povo de Deus, como família de Deus. Porém, não fez e a carência e necessidade no seu meio se multiplicou. Optou por viver como vivia a sociedade na sua época e através dos tempos. Isso também aconteceu com a Igreja Cristã. Ela devia ser cidadã do Reino de Cristo e família de Jesus. Como família de Jesus deveria viver como Jesus viveu e ensinou. Mas não o fez! Perdeu-se de Jesus ao longo dos séculos. E as carências da sociedade aumentaram cada dia mais. E hoje são bilhões que sofrem com a falta do necessário. Não é Deus que joga pão e dignidade do céu! Não é Deus que cuida dos necessitados, de forma geral. São os cidadãos do Reino, são os membros da família de Jesus que agem e, segundo a misericórdia que ganharam do Senhor, cuidam dos carentes. A Igreja se adaptou à sociedade e optou por viver segundo ela e não segundo seu Senhor. Esta realidade não é uma teoria da conspiração contra a Igreja de Jesus. É uma conspiração contra as instituições que se formaram ao longo dos séculos e que abandonaram o jeito de viver que Jesus ensinou. As instituições não cuidaram mais dos necessitados e a palavra de Oseias perdeu-se no tempo. Vamos, segundo nossos braços alcançam, voltar a sermos família de Jesus e cidadãos do povo de Deus. Pensemos nisso. P. Luiz Carlos