Ao ler o versículo acima, logo me chamam à atenção os dois primeiros verbos: amou e deu. Amar e dar são palavras ainda muito ditas, mas quase não se vê mais sendo praticadas. O amor foi reduzido a um mero sentimento que vale enquanto durar, ou numa filosofia para a sociedade, e para a qual não há mais tempo, porém, que continua sendo bonito e bom pra quem pode demonstrá-lo. Quanto ao dar, quem ainda pode dar alguma coisa com as coisas tão difíceis e caras!
Todas essas questões trazem à tona o egoísmo humano. Somos uma sociedade que se autodestrói e se automarginaliza, não queremos perceber que quanto mais nos voltamos a nós mesmos, mais causamos danos a nós mesmos e aos mais próximos de nós.
Somente quando somos confrontados por um ato imerecido capaz até mesmo de constranger é que repensamos nossas atitudes. Será que já nos aconteceu em nos negarmos a fazer algo a alguém, e de repente percebemos alguém outro fazendo por nós o que nos negamos a primeira pessoa? Somos tomados por um sentimento de constrangimento e até de vergonha. Mas, ainda mais constrangidos ficamos quando vemos o que Deus fez por nós como diz o hino: “Foi na cruz, foi na cruz que a tremer percebi meu pecado castigado em Jesus. Foi ali, pela fé que meus olhos abri, e hoje salvo me alegro em sua luz”.
Sim, quando vemos o que o Senhor Jesus, Filho de Deus, fez, nos flagramos em toda a nossa miséria, mesquinharia, pecado e arrogância. Deus nos amou e porque nos amou deu gratuitamente o seu bem mais precioso, seu único Filho como preço pelo resgate da humanidade perdida.
Com isso, percebo ganharem vida os verbos seguintes: crer, pereça – mas que sucede o não - não pereça, e tenha. A situação é de perecimento. Nós, pecadores, não podendo parar o tempo caminhávamos todos para uma só direção, onde iríamos perecer em e com nossos pecados. Porém, Jesus nos foi dado na cruz para crermos no amor de Deus por nós, na necessidade e na eficácia do sacrifício de Jesus, de modo que somente quem crer terá; e terá a vida eterna. Quem não crer por sua vez não lhe sobrará nada, a não ser perecer.
Hoje em dia fala-se muito em fé. É preciso ter fé, dizem. Mas fé em que? Ou em quem? A fé da qual tanto se fala é uma fé na fé, como se houvesse algo mágico ou poderoso em simplesmente esperar, porém, sem esperar em alguém, apenas no desejo e no sonho que se tem. Crer não é isso, é, portanto, crer no Filho que padeceu e no Pai que o deu. Desta forma, a vida eterna é uma dádiva reservada aqueles que têm Jesus, como disse o Apóstolo João “Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (I Jo 5.12).