Então veio o vento e soprou longe as nuvens pesadas e secou a chuva.
Agarrado ao vento, veio o frio e, com ele, o Branco.
Tudo era Branco nessa manhã: a terra gelada de branco, o verde recolorido por ele, as pedras esfriadas o sopravam e as bocas de lobo o cuspiam tremendo.
E mais Branco somou-se ao dia. Vinha de dentro e de cima. Congeladas pessoas o expeliam apressadas, puxando ar e liberando aquele hálito branqueado, que tão bem conhecemos no Inverno. E o esfumaçar dos pulmões misturava-se a névoa do céu, branquinha como leite, macia como algodão, densa como sereno da madrugada.
Era um Branco gelado sem fim movendo-se daqui pra lá, de lá pra cá, entrando caprichosamente por cada canto, perfumando de frio o cheiro do Inverno.
Então, de repente, o imenso amarelo veio vindo, estendendo seus braços, abraçando o frio com seu calor, beijando o Branco e misturando suas tintas na patena azul do céu.
De pincel na mão, o dia foi sendo pintado, preenchido pelo verde da esperança, pelo amarelo do calor e da alegria, pelo azul da intensidade e do sem fim, pelo vermelho do amor e da solidariedade, pelo colorido da fé e pelo branco gelado nosso, nesse inverno que deve permanecer por ainda tantos dias.
Então... lá vai Deus, misturado às cores, amparando as criaturinhas com o calor de suas mãos, aconchegando-as no cobertor dos seus braços, nos muitos abraços dessa manhã gelada, cheia da geada, do Branco sem fim.
Pa. Ms. Ana Isa dos Reis - Ijuí/RS