Quando nós chegamos a um lugar estranho e não sabemos bem qual é o assunto que as pessoas comentam, nós, normalmente, falamos do tempo! - Pois é ... choveu! - É, mas isto é bom, pois já estava tudo muito seco!
Que tempo é este? Que tempo é este agora? Tempo de não ter tempo; tempo de convidar pessoas; tempo de organizar a recepção; tempo de reunir pessoas; tempo de ouvir desculpas de quem não pôde vir; tempo de abraçar uma causa. Mas eu trago um convite: vamos dar um tempo, parar um pouco?! Vamos ouvir aos outros, vamos esquecer os compromissos, vamos deixar que Cristo nos ajude a carregar nossos pesados fardos.
Será que para vocês também é assim que o tempo parece ser mais rápido do que nossa capacidade de entender e acompanhar? Estamos viajando na viagem da vida com a constante impressão de que chegaremos atrasados, mas nem sabemos para onde estamos indo. Sabemos apenas que perder o trem significa perder a vida! Por isto, não podemos parar, nem ao menos para esticar as pernas. Precisamos seguir em frente sempre.
O tempo em que vivemos é um tempo que ainda condena jovens a morrer nas guerras; um tempo que obriga pessoas a morrerem de fome, sobretudo os mais fracos e humildes; um tempo em que alguns se beneficiam roubando daqueles que muito pouco ou nada tem. É um tempo de injustiças, de violência, de ausência de fé, confiança e amizade. De idosos abandonados em asilos, de lares desfeitos, de crianças vendendo seu corpo, de fetos jogados em latas de lixo, de povos matando e morrendo por pedaços de terra e por poder ... Este é o tempo em que todos nós vivemos!
Mas o tempo não pára e não passa de maneira igual para todos. Como anda o teu tempo amigo? Olhem para seus filhos! Talvez você constate que eles cresceram! Talvez você diga “Parece que foi ontem que nasceram”. Olhe para seus pais, para quem ainda os tem vivos! Alguns deles já estão bem velhos. Olhe para você mesmo! Alguns sinais do tempo já aparecem no seu rosto. O trem da vida não pára para ninguém, nem para você nem para mim. Que tempo é este em que vivemos? Vivemos um tempo único em nossas vidas! Este é o tempo que Deus nos dá para sermos família, para sermos seu povo, para sermos irmãos/ãs, para vivermos nossa fé.
No texto bíblico, uma palavra nos chama a atenção: “Não devam nada a ninguém. A única dívida que vocês devem ter é a de amar uns aos outros”. Que coisa profunda! A única dívida que devemos, e que certamente temos é amar os outros. O texto diz mais, diz que todos os mandamentos se resumem e estão completos neste mandamento: amar os outros!
A viagem da vida é um tempo no qual tentamos aprender a ser discípulos de Cristo, um tempo no qual tentamos aprender o significado de amar e ser amado por Deus e pelas pessoas. É verdade que, às vezes, perdemos tempo fazendo coisas que são menos importantes.
Quero convidá-lo a recomeçar olhando para o todo deste tempo que Deus nos deu. Neste tempo, nesta vida devemos aprender duas coisas:
1) A se orgulhar daquilo que Cristo faz! Tenham convicção de que é graças ao amor de Cristo que somos o que somos. Nós, melhor do que ninguém, sabemos nossas fraquezas, nossos pecados, nossas dívidas. Mas Cristo nos dignifica e capacita para sermos seus servos.
2) Outra coisa que devemos aprender como cristãos, somos livres e não estamos sujeitos a nada, não devemos nada a ninguém. Mas também, como cristãos, nos tornamos servos e escravos de todos, estamos sujeitos a todos e somos servidores de todos. Por um lado a fé nos liberta; por outro, o amor nos compromete. A única dívida que temos é a de amar uns os outros. É isto que Deus espera que sejamos capazes de fazer.
Peço a Deus que nos dê um bom tempo ainda de vida. Que possamos, ser pessoas livres o bastante para amar. Que possamos, junto com os demais irmãos e irmãs na mesma fé, construir um tempo novo, onde o perdão, o amor, a comunhão e a amizade sejam mais fortes do que as diferenças. Que a causa de Cristo no mundo seja maior do que nossos interesses particulares. Que possamos ter um tempo abençoado. Um tempo de liberdade e amor.
Pastora Daniela Lamb - Paróquia Evangélica do Xingu