Havia uma época que quase todas as pessoas conheciam uma olaria. Elas faziam tijolos e telhas para a construção das casas. No tempo de Jesus o oleiro fazia pratos, panelas, vasos e muitos outros utensílios. O oleiro era uma figura útil e de destaque na comunidade. Eu gosto muito da imagem de um oleiro, fazendo do barro os seus vasos. Ele vai moldando o barro de acordo com sua imaginação. Faz do barro o que ele quer. Vasos mais bonitos, altos, baixos, grandes e pequenos. Tudo de acordo com a sua vontade ou necessidade. E o barro nada faz senão se deixar transformar ou moldar naquilo que o oleiro quer. No entanto, o carinho e a dedicação usados pelo oleiro mostram que o barro é um material especial e precioso, inclusive para a sua sobrevivência. Entretanto, o barro é oriundo da areia recolhida, não é qualquer terra que o oleiro usa. A areia precisa ter uma certa liga, precisa se deixar moldar pelo oleiro.
Na Bíblia existem passagens, nas quais pessoas são comparadas ao barro. No Antigo Testamento, o profeta Isaías assume esta condição de barro quando ele diz: “Mas tu, ó Deus Eterno, és o nosso Pai, nós somos o barro, tu és o oleiro, todos nós somos feitos pôr ti”. Assim o profeta entendia a sua vida. Por isso também assumiu a condição de profeta de Deus. Aquele que fala em nome de Deus.
Sobre esta condição, de ser barro nós somos chamados a nos colocarmos nas mãos de Deus. Deus é o oleiro e nós somos barro. Deus o Criador e o doador da vida quer nos moldar com a sua palavra para que vivamos de acordo com a sua vontade. Somos chamados a reconhecermos que a nossa força e a nossa ajuda vem do Senhor que fez o céu e a terra. Isto mostra que somos criaturas de Deus. Dele somos e a Ele pertencemos. E colocamo-nos sobre esta condição é um ato de profunda confiança, pois Deus nos usará baseado nos seu amor e na sua misericórdia.
Deus é o único Criador e nós, as suas criaturas. Deus, nosso Pai, e nós, seus filhos e filhas. Esta condição nos valoriza, nos torna especiais para Deus. Tão
especiais que fomos resgatados não por ouro nem por prata, mas pelo precioso sangue de Cristo. Independente se somos vasos bonitos ou feios, altos ou baixos...
Jesus ressuscitado decreta a vitória da vida sobre a morte. E é algo já consumado, concluído, para o nosso conforto e consolo. Por isso, importante é saber agir como o salmista diz: “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará”.
Além disso não podemos esquecer da nossa condição de barro na mão de Deus, o Oleiro. Pois existe muita gente por este mundo a fora que quer assumir a função de oleiro e faz de Deus o barro. Não é Deus quem deve ser trabalhado pelas nossas mãos, mas somos nós que devemos ser trabalhados pelas mãos de Deus. Deus quer nos moldar com a sua palavra, por meio dos profetas que ele coloca em nosso meio. Se assim acontecer, sem dúvida o mundo em que vivemos será muito melhor, mais justo, sem fome, sem violência e sem desigualdade. Pensemos nisso e fiquemos na paz e nas mãos de Deus o Oleiro. Amém.