“Converteste o meu pranto em folguedos; tiraste o meu pano de saco e me cingiste de alegria” Sl 30.11
Todo o salmo 30 é escrito por alguém que dá graças a Deus por ter se livrado da morte. Em específico no v.11, que é lema do mês de agosto, podemos perceber a profunda alegria do vivente.
Para compreender tamanha alegria compartilho outros dois versículos do mesmo capítulo. No v.5b o autor escreve: “ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” e o v. 10: “Ouve, Senhor, e tem compaixão de mim; sê tu Senhor, o meu auxílio”. Nestes versículos encontramos palavras que podem ser banalizadas por alguns, mas aquelas pessoas que já choraram por uma noite inteira e aquelas que já clamaram a Deus como as palavras do v. 10 sabem que as lágrimas que brotam do fundo do coração, da tristeza, do medo, do luto, do desespero não devem ser tratadas com leviandade.
Mas a reflexão do salmista não se encerra na tristeza e dor, ele nos encaminha para algo maior trazendo as palavras que lemos no v.11. Ele nos traz o auge da alegria, do folguedo, do canto daquele que estava triste e desesperado e que foi ouvido por Deus. Que alegria!!!!! Ser curado, estar fora de perigo. Há vida novamente!!!
Talvez alguns digam: “Bom pra ele!” e, além disso, pensem: “Estou sentindo tanto ciúme. Quando Deus vai ouvir o meu choro? Quando vai chegar a minha vez de ter o pranto enxugado e transformado em alegria?”
Se chegarmos ao ponto de não nos alegrarmos com as coisas boas que acontecem com nossas irmãs e irmãos, ou seja, com os demais membros da família de Deus, é porque precisamos pedir do mesmo remédio que deve ter sido utilizado para o irmão do filho pródigo que não deixou seu coração amolecer nem mesmo com a volta do irmão que se foi.
Caras leitoras e leitores! Não são apenas os conterrâneos do rei Davi (àquele a quem é creditado o escrito da maioria dos Salmos) que ficam muito felizes quando recebem alegrias. Nós também, eu e vocês ficamos muito felizes quando somos presenteados com alegrias em nossa vida. Com isso, chegamos num ponto, a partir do qual precisamos pensar um pouco, para não nos perdermos em um conceito vazio, em palavras bonitas, mas sem sentido.
O que é alegria?
Alternativa 1: Ganhar na loteria, ir a festas todo final de semana, chegar a mil amigos no facebook, ser popular, ter roupa e cara de celebridade da TV.
Alternativa 2: Ter uma vida normal, participar de uma comunidade de fé, ir a algumas festas, trabalhar para ganhar o sustento, zelar pela boa educação dos filhos, perceber que eles estão crescendo e tendo atitudes de pessoas maduras e responsáveis, ter amigos confiáveis (que estão longe de somar mil). Aproveitar todo momento possível com as pessoas que amamos e ter respeito e consideração por aquelas pessoas com as quais temos nossas diferenças e não conseguimos amar de todo o coração.
A segunda alternativa pode parecer mais pacata, diante da primeira. Sem sal, sem emoção até. Mas será que a felicidade alcançada pelos primeiros exemplos é verdadeira? A meu ver são possibilidades bem tentadoras, porém, como ouvimos seguidamente: “Nem tudo que reluz é ouro”. Nem tudo que parece felicidade é felicidade.
Vamos aproveitar os momentos reais da nossa vida, do nosso trabalho e perceber quais são as alegrias que já vivenciamos e o que podemos fazer diferente para que a vida seja ainda melhor.
Muitas vezes corremos o risco de vitimizarmo-nos e dizer que não somos felizes porque o outro nos impede. Será mesmo? O outro nos impede ou nós é que deixamos o outro invadir nosso espaço e não temos garra para transformar nosso contexto triste e sem perspectiva em algo alegre e instigante?
Como está seu contexto de vida? Você está sendo feliz nele? O que falta para ser feliz, ou para ser mais feliz ainda?
Às vezes dizemos que não somos felizes porque o chefe é muito chato, porque os parentes são de difícil convívio e assim por diante. Certo é que desafios sempre existem, mas diante de situações como estas é importante perguntar a si mesmo: Por que o comportamento da outra pessoa me afeta tanto? Será que não tenho alguma característica semelhante que eu também deveria mudar?
Além disso, se percebermos que o local onde trabalhamos não está bom, que não há possibilidade de mudança, o que estamos fazendo para trocar de trabalho? Se conviver com a família é difícil e já tentamos de tudo, não é hora de conversar com a ministra ou o ministro religioso da comunidade e quem sabe até ao lado disso procurar a ajuda de algum/a psicólogo/a para que nos ajude a lidar com a situação, para que ela pare de ser angustiante? Estas são algumas idéias. Agora pense no seu contexto, o que é possível fazer para que assim como o salmista possamos nos alegrar?
Que Deus te acompanhe nessa reflexão, que ele te ilumine e te guarde. Amém.
Denise Süss, ministra candidata ao pastorado
Paróquia de Ajuricaba