“O Profeta Isaías diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. E toda a humanidade verá a salvação de Deus.” Lucas 3.4;6
Estamos às vésperas do Advento. Nessa épocado ano é característico que os veículos de comunicação ataquem nosso ponto mais frágil, mais vulnerável: o nosso desejo de consumo.
Bordões como: -”entre no espírito natalino” - ou “renove sua vida e seu guarda roupa” - “tudo em até dez vezes”, são ditos aos berros pelos carros de som espalhados pelas ruas. O gosto pelo consumo é tão evidente que nessa época do ano alguns segmentos comerciais chegam a lucrar três ou quatro vezes mais que durante o ano.
Normalmente o que acontece é que somos afetados por uma fraqueza que está dentro de nós e não se deixa demover. Quando atendemos o chamado do comércio para o consumo estamos não apenas satisfazendo um desejo físico ou psicológico, mas, estamos promovendo uma ruptura na nossa relação com Deus e com o próximo.
Essa ruptura acontece quando o consumo desenfreado nos leva a viver um Natal à parte do nascimento de Jesus. Nos cercamos de presentes, de objetos materiais, de bens de consumo, sejam eles gêneros alimentícios ou não. Nos trancamos em nossas casas cercados das pessoas que consideramos importantes e promovemos o que chamamos de festas de fim de ano. Comida e bebida à vontade, um Natal de “arrasar”, desde que Cristo, o Menino da Manjedoura, não tenha participação nisso.
Na verdade, consideram muitos, não há nada mais antiquado que ir à igreja, prestar culto a Deus, pelo grande presente que Ele nos ofereceu. Ou então, até vamos à igreja, uma ou duas vezes ao ano, por que é tradição. Mas, eu vou desde que aquele tal de Jesus não questione o meu modo de vida, as minhas atitudes com relação ao meu próximo, e com relação a Deus, que me ama tanto que me deu de presente seu único filho que nasceu no Natal, e, torna a nascer novamente a cada Natal no coração daqueles que o amam.
E o que é amar a Jesus senão se solidarizar com a condição de sofrimento em nosso mundo de um modo geral. Amar, a Jesus, é sim estar em família, confraternizar, brindar a vida. Mas, não é sadio espiritualmente falando, quando passamos a crer que isso apenas nos basta, sem o convívio comunitário, sem a vivência do espírito do Natal em sua mais pura essência.
O mundo capitalista nos empurra para longe de Deus de maneira tão sutil que não percebemos quando o MATERIAL passa a ser “NOSSO SENHOR”. Precisamos urgentemente reencontrar dentro de nós o sentimento de compromisso com Deus que nos amou primeiro. Precisamos sim dos bens de consumo. Porém, não podemos deixar que eles ditem os valores de nossas vidas.
Pastor Ademir Trentini - Ibirubá/RS