Falar de paz e de liberdade sempre é um grande desafio, sobretudo em meio à realidade que vivemos. Almejamos pela paz, mas ao mesmo tempo temos dificuldades de fazer a diferença no lugar em que vivemos. Queremos e desejamos a paz, mas não sabemos como fazer para que ela seja uma realidade em todos os âmbitos da vida. Por que existe esta dificuldade? Será que não é por termos dificuldade de lidar com a liberdade?
A palavra paz é uma palavra que permeia as Sagradas Escrituras. Jesus Cristo foi alguém que falou de paz e também viveu pelos princípios da paz. O seu projeto de vida está embebido por acolhimento, sensibilidade, doação, justiça e paz. Jesus veio trazer a paz e a vida. Que paz é esta? Que vida é esta?
Cristo diz em seu Sermão do Monte: Felizes (bem aventurados) os que trabalham pela paz entre as pessoas, pois Deus os tratará como seus filhos (Mateus 5.9). E também diz: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10b)
Viver a paz de Cristo é decisão de vida, é responsabilidade com a criação de Deus e com o próximo. É viver em liberdade comprometida. Pedro exorta em sua primeira carta: “Afaste-se do mal e faça o bem; procure a paz e faça tudo para alcançá-la” (1 Pedro 3.11).
Vivemos uma cultura da violência. Podemos observar isso por meio de várias situações. Vemos a violência sendo propagada através de cantigas e brinquedos infantis; através de piadas, músicas e ditados populares; através de atitudes nas escolas e padrões familiares; através das escolhas pelo que leva a morte, como por exemplo, no trânsito, nas drogas, no álcool, no contato com as armas e tantas outras formas.
A paz se constrói. É uma conquista diária. Acontece nas relações por meio do diálogo e da ação, vivendo uma liberdade comprometida. Precisamos, a cada dia, construir uma cultura da paz. A Assembléia Geral das Nações Unidas afirma: “Viver em uma Cultura de Paz significa repudiar todas as formas de violência, especialmente a cotidiana, e promover os princípios da liberdade, justiça, solidariedade e tolerância, bem como estimular a compreensão entre os povos e as pessoas”. A Sagrada Escritura também nos alerta e nos faz pensar:
“Se um irmão ou uma irmã não tiverem o que vestir e lhes faltar o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhes disser: ‘ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos’, e não lhes der o necessário para a sua manutenção, que proveito haverá nisso?” (Tiago 2.15-16).
Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres. Por isso, continuem firmes nessa liberdade e não se tornem novamente escravos. (...) Não deixem que essa liberdade se torne uma desculpa para se deixarem dominar pelos desejos humanos. Ao contrário, que o amor faça que sirvam uns aos outros. Porque toda a lei se resume num só mandamento: “Ame os outros como você ama a você mesmo” (Gálatas 5.1,13-14).
A busca pela paz é sempre uma construção coletiva e uma vivência saudável da liberdade. Buscamos a paz quando vivemos e construímos relações de paz em todos os setores da vida; quando estudamos sobre a temática da paz; quando envolvemo-nos em movimentos pela paz; quando educamos para a paz.
Já dizia Paulo Freire: “A paz se cria, se constrói, na e pela superação das realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói, na construção incessante da justiça social”.
A paz não pode ser apenas uma palavra bonita, ela precisa ser concretizada em projetos e ações que transformam vidas e realidades. Jesus Cristo diz: “Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo”. Ou seja, somos desafiados a fazer a diferença onde estivermos, seja na família, no trabalho, na escola, no trânsito, na rua ou em qualquer outro lugar... Tanto a cultura da violência quanto a cultura da paz são construções humanas. De que lado você está? Você de fato é uma pessoa livre? Pense nisso. Viva em paz, leve essa paz por onde você passar e, o Deus da paz estará contigo. Amém.
Pastora Sonja Hendrich Jauregui
Pastorado escolar em Ijuí - RS