Durante o tempo da Quaresma, que antecede a Páscoa, nós refletimos sobre a Paixão de Jesus Cristo e suas conseqüências para a fé cristã. A Paixão de Cristo nos leva a “enxergar a paixão” do nosso mundo, pois Jesus leva sobre si a nossa culpa, leva sobre si o pecado humano. A paixão de Jesus, não nos deixa indiferentes à paixão das pessoas que sofrem.
Na Páscoa celebramos a ressurreição de Jesus Cristo, e igualmente refletimos sobre as suas conseqüências para a fé cristã. Jesus Cristo ressuscitou com o corpo para mostrar que este é o propósito de Deus para conosco. Por isso, a comunidade cristã, não é indiferente à agressão que as pessoas sofrem no seu corpo, ela luta e empenha ações e bens em favor da valorização da vida das pessoas que sofrem. O serviço que a comunidade presta é corpóreo.
Após a sua ressurreição, Jesus se revela aos discípulos como o crucificado. Os relatos dos evangelhos testemunham que Jesus, após a sua ressurreição, aparece aos discípulos e eles ficam com medo, pois não conseguem acreditar que Jesus esteja vivo. Então, Jesus lhes mostra as suas mãos e seus pés (cf. Lc 24.39). Jesus lhes mostra os seus ferimentos.
Igualmente Tomé queria ver e tocar nos ferimentos de Jesus para crer que Ele estava vivo (cf. Jo 20.25).
A revelação de Jesus como o crucificado tem suas implicações para a fé cristã.
Muitas vezes não queremos reconhecer Jesus olhando para os seus pés e suas mãos que nos mostram as chagas da sua crucificação. Tanto é que nem temos mais crucifixos nas igrejas. Busca-se uma igreja atrativa que ofereça algo para os diferentes “gostos religiosos” e serviços de autoterapia, que relativiza a doutrina e flexibiliza a ética.
Anunciar que Cristo vive, e que ele se revela como o crucificado, é anunciar que Jesus se identifica com aqueles que sofrem. É anunciar que seu corpo é dado e seu sangue derramado por aqueles que sofrem. É anunciar que o serviço que brota da fé é concreto e corpóreo, que valoriza a vida e o corpo.
Nidrian Heinrich, Candidata ao Ministério Pastoral no Sínodo Planalto Rio-Grandense, Condor/RS.