Era noite e ele caminhava pela rua da cidade, admirando sua beleza. Estava triste, pois havia algum tempo que não tinha trabalho e a situação se complicava pela falta de dinheiro. Agora na época do natal ficava ainda mais difícil não ter emprego, pois não poderia dar um presentinho para a esposa e os filhos. Comprar roupa nova? Nem pensar.
O homem caminhava distraidamente e parou diante de uma casa. Ficou admirando sua beleza, seus adornos, seu jardim e... Como era Natal, chamou por demais sua atenção os enfeites natalinos, especialmente o jogo de luzes, colocado simetricamente no telhado tornado-o ainda mais atraente. Pensou o homem! Verdadeiramente deve ser uma família cristã que mora aqui e, como não tinha o que comer, resolveu tocar a campainha. Após algum tempo foi atendido pela empregada que, de pronto, disse: não temos sobras para vagabundo pedinte.
Saiu cabisbaixo a admirar as demais casas tão bem ornadas. Bateu em outras portas. Recebeu infinitos “nãos”. Ainda com fome e triste, continuou a andar. Aí pensou. O que é o Natal? Por que as pessoas enfeitam suas casas? Será que são realmente cristãs? O que modificou nas pessoas o nascimento de Jesus? Refletindo sobre estas questões concluiu que as casas eram bonitas somente por fora. O exterior aparentava o que não era verdade lá dentro. As pessoas, concluiu ele, enfeitavam-se para disfarçar o feio existente em seus corações, em suas vidas, em suas famílias, em seu interior. Lembrou que Jesus havia nascido numa estrebaria, humilde e sem conforto, exatamente porque as pessoas não compreenderam a ação de Deus. Retornou para a vila onde morava pensando na ganância e no egoísmo da humanidade.
Pensou! E se Deus nascesse hoje, onde seria? Nas casas enfeitadas ou nas casas simples? Com esse pensamento e ainda com fome chegou a seu barraco. Viu a esposa com cara triste. As crianças dormiam. Talvez vencidas pela fome e pelo sono. Aí ele se perguntou: será que o menino Jesus teve o que comer? Claro que teve. Sua Mãe o amamentou.
Enquanto pensava em Jesus olhava seus filhos dormindo em condições desumanas. Não tinha casa, não tinha comida, muito menos condições de dar um presente aos seus filhos. Sentiu vontade de chorar, pois sabia que os meninos cobrariam os presentes. Pensou na vida. Pensou na morte... Então orou. Pediu coragem ao menino Jesus para superar suas dificuldades e orando pegou no sono e... dormiu o sono eterno.
Afinal o que é o Natal? O que esta data tão especial nos traz? A palavra de Deus nos lembra: “Pois Deus revelou a sua graça para dar a salvação a todos. Essa graça nos ensina a abandonarmos a descrença e as paixões mundanas e vivermos neste mundo uma vida prudente, correta e dedicada a Deus, enquanto ficamos esperando o dia feliz em que aparecerá a glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.
Foi ele quem se deu a si mesmo por nós, a fim de nos livrar de toda maldade e de nos purificar, fazendo de nós um povo que pertence somente a ele e que se dedica a fazer o bem. Ensine essas coisas e use toda a sua autoridade para animar e também para repreender os seus ouvintes. E que ninguém despreze você!”(Tito 2.11-15)
P. Gilmar do Nascimento - Ijuí
