A importância da fé diante de inúmeros fatos de destruição de vidas e da desonestidade de pessoas que surgem a cada dia e com freqüência?
A fé é o que nos permite ver além. A fé não é campo da emoção. Vejo pessoas confundindo duas coisas totalmente diferentes. A emoção é passageira e pode nos tornar “cegos” diante de inúmeros acontecimentos da vida pessoal ou comunitária. A fé nos remete ao eterno, resgata a esperança e promove o amor responsável e comprometido com o próximo, nutrindo nossa percepção como parte da maravilhosa criação de Deus, desde os rios, as matas, as plantações, a vida que está no universo. A fé é ser possuído pelo que nos toca incondicionalmente (Paul Tillich – Dinâmica da Fé).
A desonestidade pode ser vista de ângulos distintos. Há pessoas que estão cientes dos seus atos desonestos e outras são “levadas” na luta pela sobrevivência humana. É um assunto que deveríamos tratar com mais profundidade, inclusive em nossas comunidades. Não podemos, contudo, aceitar e permitir que a “desonestidade” se torne algo comum entre nós. Embora que para algumas pessoas ela se tornou uma virtude, sinônimo de esperteza, contribuindo para uma “epidemia de desconfiança”. A conseqüência disso é a falta de confiança entre as pessoas e as relações humanas, gradativamente, tornando-se superficiais. Para restabelecer este quadro é fazer o inverso, praticar a honestidade. Não existe uma receita pronta, existe sim, a escolha que cada pessoa pode fazer. Quem escolhe conviver com o erro deve estar ciente dos riscos e das conseqüências.
Vidas! É por elas que toda humanidade se une cada vez mais. Presenciam-se várias ações em favor dos locais afetados pelas catástrofes naturais em nosso país e fora dele. Os governos, as religiões, as iniciativas públicas e privadas buscam juntos soluções para ajudar as vítimas. O ser humano em qualquer parte do mundo começa uma nova reflexão que nossa “grande casa” é o planeta terra. Essa nova consciência surge como uma alternativa viável e sustentável de nosso planeta. Leonardo Boff, teólogo, chama atenção para esse momento histórico da humanidade e afirma ser decisivo para nosso futuro.
O centro de nossa missão como Igreja ou pessoas consiste em promover a vida, não apenas no presente, mas em vista das gerações futuras. Na Europa, milhares de jovens saem pelas ruas protestando: “não temos outro planeta para viver”. Isso não significa a extinção da raça humana, lembra-nos que os riscos estão por toda parte. Diante de tudo isso, voltamos ao começo do texto, a fé é diferente da emoção. A fé nos chama ao compromisso e não nos torna “cegos”.
No evangelho de Mateus existe um convite de Cristo para sermos sal na terra e luz no mundo (Mt. 5.13-16). Lutero em seu tempo afirmou que se o mundo acabar amanhã ainda hoje ele plantaria uma macieira. A nobreza do ser humano está em poder ver e sentir o outro em suas necessidades. Não há como viver sem pretender ajudar.
Acredito muito em “nós” como Igreja Luterana. Somos conhecidos como Igreja da Palavra. Essa palavra desperta confiança e motiva para assumirmos uma postura ética e convincente diante dos fatos e situações que minimizam o potencial humano pelo bem e para fazer o bem.