Páscoa - A Vida que Venceu a Morte
Certo agricultor resolveu construir um pequeno lago, perto de sua casa. Gostava das águas azuis dos pequenos lagos. Também queria ver se criava alguns peixes.
Quando o lago ficou pronto, passou a gostar muito dele. Sentava-se à sombra do salgueiro e contemplava aquelas águas tranqüilas. Certo dia passou um homem estranho, desconhecido no lugar. Sentou porém um pouco com o agricultor e conversou com ele. Ao despedir-se deixou um pequeno livrinho nas mãos do agricultor, que ficou folheando-o sem vontade de ler tudo. Era o Evangelho de João. Na verdade o agricultor leu só um verso deste livrinho: Era João 15,3: Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. Com o tempo porém aconteceu uma coisa muito triste com o lago: O vento e a chuva traziam detritos e a água ficara suja. O agricultor chamou então certo número de homens para limpá-lo. Com pás, baldes e latas. Fracassaram totalmente. Quanto mais revolviam o fundo do lago mais a água escurecia e ficava suja.
O agricultor repensou o problema e encontrou uma outra solução: Canalizou para dentro do lago um pouco de água limpa de um arroio que corria perto dali. Deu certo. A água do arroio entrava num lado e saía no outro, levando embora a sujeira. Logo as águas do lago estavam azuis novamente, como ele gostava. Então ele voltou a sentar-se à sombra do salgueiro.
(História baseada em Sílvio Meincke: O lago e o riacho)
O Evento da Páscoa para a maioria de nós não representa nenhuma novidade. Muitas e muitas vezes já escutamos a história da Ressurreição, a história da Vida que venceu a Morte. E comemos nossos ovos de chocolate (o que em si nada tem de errado) e continuamos a nossa vida do mesmo jeito.
Uma vida fechada, um pouco monótona e repetitiva. Certinha. E muitas vezes nem notamos como ficamos sujos dentro dos nossos círculos fechados. E nos fechamos mais ainda, pois temos medo. Medo de errar, medo de fazer diferente, medo de mudar. Melhor nem arriscar. Pois temos medo de nos machucar, medo de perder a nossa segurança. De onde vem tanto medo? Em última análise a maioria dos nossos medos têm a sua origem no medo da morte. A vida é tão curta - melhor deixar tudo como é!
No fundo temos tanto medo da morte que muitas vezes achamos preferível nem viver direito. E sem notar nos tornamos “vivos mortos” - nisso parecido com o pequeno lago do agricultor descrito no texto acima. Que queria só uma coisa: Ter um lago limpo e bonito. E por isso construiu seu lago bem fechado. E foi justamente esta cautela que no decorrer do tempo acabou com a pureza da água. Pois tudo que é vivo precisa de movimento.
João 3,16, nos diz o seguinte: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça mas tenha a vida eterna”. Será que Deus viu para onde o mundo estava indo, para onde infelizmente ainda em muitos aspectos anda? Um mundo de vivos mortos, lutando uns contra os outros, arrancando os bens uns dos outros pois tem só um objetivo - se proteger da morte. Cada um para si. No meio deste mundo Deus mandou seu filho, nosso Senhor. Que era puro e sem pecado. De certa forma parecido com o riacho descrito na história, o riacho puro, que vem de fora, perpassa o pequeno lago sujo e leva consigo aquilo que pesa e que o destrói. Cristo levou consigo não somente os nossos pecados como também superou a morte e o sofrimento.
“De fato o Senhor ressuscitou.” Dificilmente existe provocação maior para nossas vidas que estas palavras escritas no Evangelho de Lucas 24, 34. Provocação maior para a nossa experiência, o nosso bom senso, o nosso senso crítico. Só que sabemos que tudo isso não passa de instrumentos humanos para a explicação do mundo. Parecidos com as pás, baldes e latas da história acima, instrumentos limitados, que só funcionam quando forem usados em benefício de algum objetivo maior, objetivo capaz de perpassar e transformar a nossa vida. O que será que é preferível - ser atrevido com Paulo ou fechar o ecosistema da nossa vida? Se abrir para forças novas ou ficar dentro de casa, limpando?
Dedicamos este boletim à Páscoa, colocando como ênfase o seguinte: Onde será que nós como comunidade e indivíduos podemos promover a vitória da vida sobre a morte?
“Tragada foi a morte pela vitória”, Paulo escreve em 1 Coríntios 15.54. “Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” continua. Isso é o evento da Páscoa. Jesus Cristo realmente ressuscitou. Cabe aos cristãos serem testemunhas contra a morte. Estamos a caminho. Buscando acertar as coisas. Cada um no seu lugar contribuindo com as suas idéias.
Desejo aos leitores/as um abençoado período de Páscoa
Pastora Bärbel Vogel