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O Cristão e as Eleições

25/09/2002

O Cristão e as Eleições

E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” Cl 3.17

No penúltimo boletim o presidente da comunidade escreveu um artigo muito pertinente sobre as eleições. Gostaria de trazer outros elementos para ampliar essa discussão e ajudar a cada um/a a depositar na urna um voto consciente.

De uma forma geral, por causa dos muitos escândalos, há a noção de que a política é coisa suja. Mesmo assim - ou talvez por causa disso - o cristão tem o dever e a responsabilidade de zelar para que esse estado de coisas seja transformado! Para todos nós é importante que nossos dirigentes sejam pessoas honestas e comprometidas com o bem-estar de todo o povo, porque é disso que dependem as necessidades de cada família: segurança, emprego, saúde e educação. Além disso, Paulo nos lembra do caráter divino de toda autoridade: “Todo homem esteja sujeito às autoridades; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas” Rm 13.1

Mas como devemos votar? E em quem? Qual partido? Seria muito fácil se alguém nos indicasse em quem votar: Estaríamos livres de toda responsabilidade! Mas não é bem assim. Pelo contrário, todos nós devemos votar naquele candidato que, em nossa opinião, melhor representa a vontade de todo o povo! Mas mais do que isso: devemos acompanhar o trabalho de nosso candidato após a sua eleição e conferir se, de fato, a sua prática condiz com aquilo que ele fala.

Algumas dicas podem nos ajudar a lidar com o processo eleitoral e com a política em geral com mais responsabilidade.

Vote de acordo com sua consciência:
o voto é uma das formas pela qual cada cidadão pode contribuir com a construção de uma sociedade justa e humana.

Pergunte a si mesmo se você é um bom eleitor:
Uma das dicas para verificar esta questão é responder rapidamente em quais candidatos você votou há quatro anos atrás. Se você conseguir responder a esta questão seu voto foi dado com responsabilidade. Se você conseguiu acompanhar o trabalho dos eleitos nesses quatro anos, então você é um eleitor com muita responsabilidade.

Por que muitas pessoas votam mal:
Primeiro, porque para muitos o voto é uma simples obrigação; segundo, porque muitas pessoas acreditam que o período eleitoral é propício para auferir algum tipo de vantagem pessoal. É muito comum a compra e a troca de votos. Quem assim procede não pensa na coletividade, e nem mesmo em si próprio, e com certeza não é um bom eleitor!

Nunca venda seu voto:
o voto é comprado quando alguém o troca por dinheiro, ou seja, o eleitor se vende ao candidato. A compra e venda de votos é crime e assemelha-se à traição de Judas, que vendeu uma informação por trinta moedas de prata. Quando vendemos nosso voto o candidato o recebe porque pode pagar por ele e não porque o merece.

Nunca troque seu voto:
A troca do voto acontece quando o candidato oferece alguma barganha ao eleitor, como presentes, promessa de emprego, uma consulta, pagamento de dívida, etc... Tanto em caso de troca como de compra do voto, o eleitor não terá o direito de cobrar honestidade do candidato, no caso de ele se eleger. Mais difícil é o caso das pessoas que vivem em situação de miséria absoluta e que, por causa de sua situação, são presas fáceis de candidatos inescrupulosos, que se aproveitam disso para comprar ou trocar o voto. Nestes casos é menos indigno receber a doação e não votar no candidato, pois qualquer candidato que usa a miséria e o desespero de outros em benefício próprio não só não merece ser votado como deve ir para a cadeia.

Como devemos nos comportar frente aos candidatos “evangélicos”:
Notamos hoje um grande número de candidatos que se dizem evangélicos. Cada vez mais esse segmento ganha força, não por último por causa do vertiginoso crescimento do pentecostalismo e neopentecostalismo. Em princípio, seria muito bom se nossos governantes e postulantes a cargos vivessem e agissem a partir de valores cristãos. Por outro lado, é impossível governar tendo como base a Bíblia ou a doutrina de uma Igreja. Se isso vier a acontecer um dia, voltaríamos à época anterior à Reforma, quando o poder temporal estava nas mãos da Igreja. Foi contra isso que Lutero se rebelou ao afirmar que “O poder secular tem a obrigação de proteger os inocentes e coibir a injustiça, conforme ensina São Paulo em Romanos 13.4 e São Pedro em 1Pedro 2.14... Daí que se diz ao papa e aos seus: 'Sua tarefa é orar'; ao imperador e a sua gente: 'Sua tarefa é proteger'; e ao homem comum: 'Sua tarefa é trabalhar'. Não que não fosse dever de cada um orar, proteger e trabalhar, pois tudo é oração, proteção e trabalho quando alguém exerce a sua atividade; mas o que importa é que seja atribuída a cada um a sua atividade”. É por isso que o critério decisivo para escolhermos nosso candidato nunca deveria ser o fato de ele ser evangélico ou não, mas sim, deveríamos avaliar muito mais outros critérios como honestidade, coerência, formação humana, a sensibilidade do candidato com os mais pobres, sua disposição em cooperar com outras correntes políticas e sobretudo seu respeito ao programa do partido. Candidato que não respeita seu próprio partido, dificilmente respeitará o eleitor.

Por fim, é importante lembrar que todos nós somos responsáveis pela existência de maus políticos, pois eles são eleitos com o nosso voto! Votemos, por isso, com responsabilidade e sejamos ajudadores de Deus na construção de seu Reino, que é fruto da paz e da justiça.

P. João C. Müller


 


Autor(a): João Carlos Müller
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Petrópolis (RJ)
Natureza do Texto: Artigo
ID: 20973

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