Obra Gustavo Adolfo



Rua Sinodal , 50
CEP 93030-225 - São Leopoldo /RS - Brasil
Telefone(s): (51) 3589-1098 | (19) 9971-69022
ogaieclb@oga.org.br | secretaria@oga.org.br
ID: 2548

Obra Gustavo Adolfo no Sínodo Evangélico Brasil Central - ajuda a imigrantes em áreas isoladas

04/04/2009

Theodor Koelle
Colonos allemães evangélicos em Santa Maria, Vale do ribeira/SP, 1933, visitados pelo pastor itinerante
Mitkaempfer-1
Mitkaempfer-2
Mitkaempfer-3
1 | 1
Ampliar

Obra Gustavo Adolfo no Sínodo Evangélico Brasil Central - ajuda a imigrantes em áreas isoladas

Rolf Schünemann1

Um olhar retrospectivo acerca da atuação da Obra Gustavo Adolfo no antigo Sínodo Evangélico Brasil Central representa um esforço de reunião de inúmeros documentos dispersos, a leitura de atas, relatórios, boletins e jornais das comunidades que fizeram parte do Sínodo no período que compreende os anos 1922 a 1940. Fundado em 1912 na cidade do Rio de Janeiro, o Sínodo Evangélico Brasil Central compreendia as paróquias e pontos de pregação dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, todo Nordeste, Norte, Centro-Oeste do Brasil e parte do Espírito Santo.

Na década de 20 do século passado, depois da I Guerra Mundial, houve um incremento na imigração alemã no Brasil. Vários Estados brasileiros receberam contingentes significativos de pessoas. No Estado de São Paulo esses imigrantes foram deslocados para áreas bastante isoladas (colônias) ou foram encaminhadas para trabalhar em fazendas de café. Muitos imigrantes evangélicos ficaram sem atendimento eclesiástico-pastoral. Diante disso eles se dirigiram ao consulado alemão em São Paulo e pediram por pastores. Fato semelhante também ocorreu em Minas Gerais e outros Estados brasileiros.


Fundação da OGA

Por iniciativa pessoal o P. Theodor Kölle fez uma viagem ao interior do Estado de São Paulo em maio de 1922. Ele ficou bastante sensibilizado com a situação das famílias que clamavam por uma assistência espiritual. No entanto, não lhe foi possível dar continuidade ao trabalho de forma regular uma vez que estava comprometido com seu trabalho na escola, internato e igreja em Rio Claro/SP. Na verdade se precisava de um pastor itinerante que pudesse visitar os colonos com regularidade. Diante disso ele tomou a iniciativa de convocar os pastores alemães do Estado de São Paulo para uma reunião em Campinas no dia 6 de junho de 1922. O objetivo foi abrir o debate sobre a criação de uma Associação Gustavo Adolfo.

Ainda bastante tocado pela visitação pastoral aos imigrantes, o P. Theodor Kölle proferiu uma meditação muito comovente. A mensagem baseou-se em Apocalipse 3.2 : “Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.”

“(...) o Salvador chama hoje a nós todos que nos denominamos cristãos evangélico-alemães. Muita coisa quer morrer no Brasil e, de fato, morre (...). Nós vemos como milhares de nossos compatriotas evangélico-alemães se perdem de forma irreparável se nenhuma mão salvadora lhes for estendida.
Queremos seguir a ordem de nosso Mestre? Ou queremos ficar de mãos paradas e dizer: Por acaso devo ser guardião do meu irmão? Eu penso e espero que falemos antes como Agar: Eu não posso ver a morte do menino. Eu quero fazer o que está ao alcance de minhas forças. Não gostaria de ouvir nenhuma palavra de acusação de meu Mestre. Se eu não conseguir fazer nada melhor, então eu quero ouvir ao menos a palavra da boca do Salvador: Ele fez o que pode. Qual sentença ao dirigente de Sardes: Tu tens um nome, que tu vives e estás morto.
Se vivemos satisfeitos e pensamos que seja suficiente salvar a nossa alma, mesmo que nossos filhos e netos, nossos parentes e amigos, nossos afilhados e nossos companheiros de origem se arruínam. Nisso nós nos podemos espelhar, que em nossa comunidade tudo está bem, há boa participação nos cultos, há interesse pela igreja, - então cairia a sentença: Tu tens um nome, que tu vives e estás morto
.” 2

Diante da perda da língua alemã por parte dos imigrantes alemães já aculturados o P. T. Köller lamenta a morte da germanidade e da fé evangélica. Para ele a negação da germanidade significa a perda da fé evangélica já que, segundo ele, ambas andam de mãos dadas. Usando a imagem do vale dos ossos de Ezequiel 37, ele afirma que muitos alemães já morreram espiritualmente, mas há muitos que ainda vivem e a eles que o Salvador nos envia para os fortalecer. Que a eles se deve dirigir o trabalho pastoral, estender a mão fraternal e estar junto a eles para que não morram.

Ao descrever as diversas localidades do noroeste do Estado de São Paulo, o pastor aponta para várias realidades distintas. Existem alemães distantes e muito isolados entre si e para eles é impossível construir escolas e igrejas. Há localidades em que até há escola e igreja, mas os alemães decaíram da germanidade e da fé evangélica e só uma minoria levanta esta bandeira. Há lugares com migração recente e os alemães são muito pobres, não conseguem manter escola e igreja, valorizam a língua e gostariam que seus filhos fossem educados na fé.

“Como podemos ajudar as pessoas? Até agora os pastores visitaram os colonos às próprias custas, esperando que depois de anos pudessem receber algum provento.(...) Agora o governo brasileiro recusa a ministros evangélicos de realizar viagens gratuitas por trem. E as viagens representam a maior despesa.(...) Quem deve viajar até as comunidades? Quem assume as despesas? Aí vem o chamado do Salvador.
Comunidades antigas do Estado de São Paulo que já ouvem a Palavra de Deus durante muitos anos, que tem escolas alemãs e igrejas alemãs, a vocês cabe a responsabilidade de fortalecer o que quer morrer. Ou vamos fugir da obrigação e dizer: O que isso nos interessa, que eles mesmos vejam como podem se virar?
Eu espero que as comunidades e membros de comunidades onde há uma rica vida espiritual, não se recusem de responder à conclamação do Senhor: Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer. E se temos a vontade de ajudar, então o Senhor também dará tanto o querer quanto o realizar.” 3

A reunião teve como resultado a escolha de uma comissão organizadora composta por 5 membros: P. F. Hartmann/São Paulo – Presidente; P. Theodor Kölle/Rio Claro – Tesoureiro; P. M. Gekeler/Campinas – Secretário; Sra. Dr. Bollinger e Sra. A. Geiser – Campinas e Eng. C. Jung – Cachoeira - Vogais. Sua tarefa foi a de preparar a criação da Associação Gustavo Adolfo no ano seguinte.4

Uma conclamação impressa no boletim “Der Mitkämpfer” em outubro de 1922 deu eco à reunião.5  Os títulos (“Es muss eiligst Hilfe geschafft werden” e “Es darf nicht mehr langer gewartet werden“) apontavam para a necessidade e a urgência de todo o apoio. Fez-se um apelo para a contribuição voluntária e se prometeu que, uma vez criada a associação e reunidos recursos necessários, seriam envidados esforços para a contratação de um pastor itinerante da Alemanha.

A reunião de Campinas trouxe algumas turbulências. O Presidente Sinodal, Pastor Friedrich Hoepffner, em seu relatório na IV Assembléia Sinodal (30/6-2/7 de 1923)6, realizada em Petrópolis, não escondeu a sua contrariedade com os acontecimentos. Ele havia sido nomeado pessoa de confiança do “Preussischen Oberkirchenrat” e do “Gustav-Adolf-Verein” para o centro e norte do Brasil.7  Dois empreendimentos estavam projetados: a Associação Gustavo Adolfo e uma outra associação que se ocupasse com a coleta de recursos financeiros para as instalações do Internato de Rio Claro. Esta última sugestão foi aceita. Tratava-se de um empreendimento de todo o Sínodo com vistas a um futuro seminário de professores que serviria não só para São Paulo, mas para toda a diáspora. Para a construção do Internato os irmãos Heydenreich8  já haviam contribuído significativamente e os juros do empréstimo para a aquisição de casas ficaram sob a responsabilidade do Sínodo. Já quanto à criação da Associação Gustavo Adolfo não houve comunicação oficial dos trâmites e para a festa beneficente do dia 3 e maio de 1923 em Campinas a diretoria sinodal não fora convidada. Nenhum relatório financeiro dera entrada no Sínodo e o P. Friedrich Hoepffner espera que na Assembléia seja possível costurar novamente os fios deste empreendimento comum.

A diáspora9  evangélica brasileira do sudeste, nordeste e norte era imensa. O empreendimento precisava ser sinodal. As comunidades locais lutavam com dificuldades por causa dos problemas decorrentes da grande crise econômica da Alemanha na década de 20 do século passado(inflação elevada). Mesmo assim era necessário um esforço adicional. O P. Hoepffner afirmava: “Podemos lamentar, mas ‘de lá’ não podemos mais esperar nenhuma ajuda em dinheiro...” 10


Apoio pastoral na diáspora - Pastorados itinerantes e formação de núcleos comunitários

Sem sombra de dúvidas a razão de ser da Associação Gustavo Adolfo foi o de dar suporte aos pastorados itinerantes. Estes se distribuíram por várias áreas geográficas. No Estado de São Paulo houve três frentes e uma em Minas Gerais, sendo que a do Norte e Nordeste não chegou a receber apoio da Associação.

Impulsionadora do trabalho da Associação Gustavo Adolfo a região Noroeste de São Paulo e sul de Mato Grosso e Goiás foi a primeira a receber um pastorado itinerante. O primeiro pastor, o Vikar FriedrichWilms, foi enviado pelo Ev. Oberkirchenrat. Ele chegou em 1925 e deu prosseguimento ao trabalho iniciado pelo o P. Theodor Kölle. No entanto, por ocasião de sua viagem de descanso à Alemanha em 1929, ele não mais retornou. Provisoriamente o trabalho foi assumido até 1930 pelos pastores Johannes Raspe11 (Campinas) e Theodor Köller (Rio Claro). Com a chegada neste ano do Vikar Gerhard Grätz 12, este ministério seguiu até começo da década de 40.

O itinerário compreendia várias estradas de ferro. Ao longo da Linha Paulista havia acompanhamento pastoral na Fazenda Bom Jesus (São Bento), Fazenda São Francisco (São Carlos), Fazenda Santa Vitória (Pitangueiras) e Fazenda Iracema (Colina). Ao longo da Linha Mogiana nas Fazendas Santa Justina e São Luiz (Gironda). Além disso, as visitas e cultos aconteciam em Nova Europa, Bauru, Coroados (Colônia Baixotes), Araçatuba (Colônia Paulista) e Terenos (40 km de Campo Grande/MT). São mencionados também Birigui e Três Lagoas, Aquidauana e Guatapará (Fazenda Martinho Prado).

As viagens duravam algumas semanas e percorria-se cada vez 2500km de trem, 230 km de carro e 100km a cavalo. Para se ter uma idéia das atividades pastorais o P. Grätz realizou de julho de 1930 a julho de 1931 visita a 27 localidades, proferiu 36 prédicas a 1788 ouvintes, realizou 9 estudos bíblicos para 302 participantes, celebrou 8 Santa Ceias para 239 pessoas, oficiou 81 batismo e deu 36 dias de Ensino confirmatório para 42 confirmandos.

As celebrações aconteciam em casas de família com exceção de Bauru onde os cultos aconteciam no templo da Igreja Presbiteriana. Nas fazendas com a presença teuto-russa a receptividade, o envolvimento e a participação eram maiores. Em algumas áreas havia conflitos e tensões teológicas por causa da presença de adventistas (fim do mundo) e batistas (rebatismo). As condições econômicas eram precárias e o nível de escolaridade bastante fraco. Reiteradamente fala-se da necessidade de se criar escolas para propiciar a manutenção da língua alemã e a fé evangélica.

O trabalho a partir do litoral de Santos em direção ao Vale da Ribeira foi desenvolvido inicialmente pelo P. Arthur Hahn.13 As visitas aconteciam em quatro áreas: ao longo da Linha Santos-Juquiá, no Vale do Ribeira, Colônia em Pariquera-Açu e Colônia Santa Maria (Porto de Cananéia). A locomoção acontecia por trem, por barco, lombo de burro e canoas. Havia o acompanhamento de famílias residentes nas localidades de Itariri, Serrinha, Cedro, Manoel da Nóbrega, Pedro Barros, Xiririca (hoje Eldorado) e Iguape. A partir de 1931 o P. Hans Reichardt assumiu o trabalho. As viagens duravam um mês. Havia na região 240 famílias evangélicas que viviam basicamente da exploração do carvão e do plantio de bananas, milho e arroz. A sua dispersão contrastava com a das colônias japonesas. Estas mantinham seus membros todos próximos.

A rápida expansão da Grande São Paulo em função do processo de industrialização ao longo das Estradas de Ferro Santos-Jundiaí e Central do Brasil fez com que surgisse um grande cinturão de bairros novos. A “Egreja Evangélica Alemã” de São Paulo criou em 1932 um pastorado especificamente para acompanhar pastoralmente os alemães evangélicos que fixavam residência nestas novas áreas residenciais. Tratava-se de uma diáspora com características urbano-rurais.

Inicialmente este trabalho foi assumido pelo P. Hans Methner14. A sua atividade pastoral consistiu na visitação aos teuto-evangélicos dispersos e na formação de pequenas células comunitárias. Desta forma surgiram capelas em Santana , Vila Ema e Vila Carrão. Além disso, aconteciam celebrações nas colônias de Friedenau e Paraíso em (Jacareí), Roseira e Mogi das Cruzes. Em direção ao porto de Santos acontecia uma atividade muito intensa em São Caetano, Santo André, Mauá e Ribeirão Pires. Para esta área foi convocado posteriormente o Sr. Adolf Hanebuth que residiu em Santo André. Para ajudar na área restante foi chamado o diácono Wilhelm Otto Alfred Grassatis.15   Além de cultos e estudos bíblicos aconteciam também aulas de ensino religioso nas escolas alemãs localizadas na área e uma atividade intensa com cultos infantis. O elo de ligação entre os diversos locais foi o boletim “Die Gemeinde” (a Comunidade). 1000 exemplares deste boletim eram distribuídos gratuitamente e o seu intuito era lembrar sempre: “Não esqueçam de Deus! Não esqueçam da Igreja de vocês!”

Já a grande diáspora de Minas Gerais foi incorporada a partir da atuação dos pastores de Juiz de Fora.16  Responsáveis pelo acompanhamento foram os pastores J. Regling17  e Viktor Schwaner. Havia no hinterland de Belo Horizonte em torno de 900 famílias. O P. Viktor Schwaner a descreveu muito bem.

“A região de diáspora em Minas é imensa e se estende de Juiz de Fora [sudeste do estado, a 257km de Belo Horizonte] para o norte até a Colônia João Pinheiro, em Sete Lagoas [município a 76km da capital] e ao noroeste até Bom Despacho. Neste trecho se encontram as colônias David Campista, Álvaro da Silveira e Raul Soares. Ao leste e nordeste de Juiz de Fora, encontram-se situadas, ao longo da estrada de ferro Leopoldina, as colônias Minerva, próximo a Mar de Hespanha, Funil, perto de Manhuassú [hoje Manhuaçu, a 287km , na direção de Vitória,ES], Vaz de Mello, junto a Viçosa, e Brucutu, perto de Santa Bárbara. Além disso pode ser encontrado um grande número de evangélicos alemães em quase todas as cidades maiores ao longo da estrada de ferro Central, como por exemplo em Ponte Nova, Marianna, Ouro Preto, Burnier, Lafayette [ hoje Conselheiro Lafaiete, a 96km ], Barbacena, São João Del Rey, etc., mas principalmente na capital de Minas Gerais: Bello Horizonte.” 18


Mesmo não recebendo um suporte direto da Associação Gustavo Adolfo, merece ser mencionado o trabalho de itinerância no Nordeste e Norte do Brasil. Até 1925 não houve nenhum atendimento pastoral regular a essa região. Apenas capelães da marinha alemã realizavam alguns ofícios religiosos por ocasião de eventuais visitas aos portos brasileiros. A criação do campo de trabalho pastoral em Salvador possibilitou o acompanhamento de forma mais contínua. Assim, o P. Otto Arnold e depois o P. Karl Gräter empreenderam longas viagens em estradas de ferro, navios e aviões. Havia na Bahia, além da comunidade de Salvador, pontos de pregação em Maragogipe e Cachoeira-São Félix junto ao Rio Paraguaçu; em Sergipe (Usina Varzinhas em Laranjeiras); em Pernambuco, além de Recife, a cidade de Paulista (Fábrica de Tecidos Lundgren) e na Paraíba a cidade de Rio Tinto (Fábrica de Tecidos Lundgren). Mencione-se ainda que o P. Gräter visitou Natal, Fortaleza, São Luis, Belém e Manaus.19

Um evento muito importante, celebrado anualmente, era a Festa Gustavo Adolfo. Ela acontecia nas cidades de Rio Claro, Campinas ou São Paulo nos meses de agosto e setembro. Participavam representantes da Igreja Alemã (Prepósitos Paul Kaetzke e Gottlieb Funcke de Porto Alegre), da direção sinodal (presidente sinodal ou representante) e pastores e membros das comunidades do Estado de São Paulo. A Festa Gustavo Adolfo começava com um culto festivo bastante concorrido. Os corais de trombones e de vozes abrilhantavam as celebrações. Seguia-se a abertura dos trabalhos por parte da direção sinodal. Os pastores itinerantes apresentavam os seus relatórios e o tesoureiro expunha a situação das finanças. Depois desta parte mais formal seguia-se um almoço de confraternização. A Festa procurava chamar a atenção para a realidade dos irmãos e das irmãs presentes na dispersão. Tinha a função de aquecer o trabalho de apoio.

Percebe-se que o Sínodo Evangélico Brasil Central abrangia a maior diáspora brasileira. Um elo de ligação importante foi o boletim “Der Mitkämpfer20 . Numa fase inicial ele apenas foi distribuído no Estado de São Paulo, mas depois chegou também ao Estado de Minas Gerais. Este boletim era enviado semanalmente às famílias evangélicas. Em 1930 foram distribuídos 1230 exemplares. Algumas edições eram encaminhadas diretamente pela editora alemã. Outras eram impressas em São Paulo. Nestas havia notícias e informações locais que também seguiam, às vezes, na forma de suplemento. O boletim trazia meditações bíblicas, apresentava notícias da Igreja alemã e informações sobre a diáspora.

Sínodo Evangélico Brasil Central significou a caminhada comum (= juntos no caminho) de evangélicos que juntaram esforços para dar condições de pastoreio aos “evangélicos” espalhados na grande área geográfica denominada Brasil Central no século passado.

A Associação Gustavo Adolfo foi um empreendimento que contribuiu decisivamente para a caminhada comum das comunidades. O acompanhamento dos evangélicos na diáspora criou um elo de ligação entre elas. As comunidades perceberam que o desafio da diáspora só poderia ser encarado de forma conjunta. A Associação Gustavo Adolfo, ao lado da Escola e Internato em Rio Claro, permitiu um olhar para além das fronteiras paroquiais. Os recursos reunidos tinham um destino que excedia a simples manutenção de Conferências Pastorais e Assembléias Sinodais.

A entrada do Brasil na II Guerra Mundial fez com que o trabalho fosse interrompido. Mesmo assim, vê-se sinais do trabalho até os dias de hoje. Em muitas localidades visitadas pelos pastores itinerantes surgiram comunidades. Elas são fruto da atuação da Associação Gustavo Adolfo e persistem até os dias de hoje no testemunho do Evangelho.

O grande carinho e também a presença na memória da Obra Gustavo Adolfo fizeram com que o Salão Comunitário da Paróquia Centro de São Paulo recebesse em 1955 o nome de Gustav-Adolf-Haus.

Em meio à diáspora de 60.000 logradouros paulistanos uma avenida recebeu na década de 30 do século passado o nome de Gustavo Adolfo. Ela recebeu este nome por causa da chácara de um membro da Igreja de São Paulo que tinha o nome de Villa Gustavo.

Notas:

1. Rolf Schünemann é pastor da IECLB e coordenador de gestão do portal da Igreja.

2. Beilage zum “Mitkämpfer”. Ansprache Von Hern Pastor Th. Kölle gehalten bei de Vorversammlung des zu gründenden Gustav-Adolf-Vereins für den Staat São Paulo am 11. Juni 1922 in Campinas. 11/03/1923, Rio Claro.

3. Id.

4. O P. Gerhard Graetz ao escrever sobre a história da comunidade de Rio Claro diz que a Obra Gustavo Adolfo foi fundada no dia 11 de junho de 1922. (Ver: Graetz, P. Gerhard. A Igreja Evangélica de Confissão Lutherana de Rio Claro. In: Begrich, Präses Martin. Jubiläums-Festschrift zur Wiederkehr des 50. Gründungstages der Mittelbrasilianischen Synode am 28./30. Juni 1912, São Paulo, 1962, p. 54.) Esta data é mencionada posteriormente também por outros pastores. Pode-se afirmar que esta não foi a intenção do P. Kölle. Escreve ele no dia 11/3/1923 no “Der Mitkämpfer” : “ Zur Beachtung: Die Gründungsversammlung des Gustav Adolf-Vereins soll, will’s Gott, abgehalten werden am 3. Mai (Nationalfeiertag) nachm. 2 Uhr in der Kirche zu Campinas. Jeder Freund unserer Sache ist herzlich dazu eingeladen.“ O dia 3 de maio foi a data da primeira Festa Gustavo Adolfo em Campinas. Como a comissão escolhida ficou sendo a diretoria por alguns anos e os recursos financeiros (donativos) estavam sendo administrados pelo P. Kölle desde o ano anterior, nada de novo aconteceu e, por isso, o Sínodo e os pastores sucedâneos se referiram ao dia 11 de junho de 1922 como a data de fundação da OGA no Sínodo.

5. Der Mitkämpfer. Flugblatt zur Weckung und Förderung des Gedankens der kirchl. Fürsorge für die deutschen evangelischen Glaubensgenossen im Gebiet des Staates São Paulo. Aufruf. Oktober 1922.

6. Hoepffner, P. Friedrich. Gemeinde-Bericht für die vierte ordentliche Synode der Deutsch-Evangelischen Gemeiden Mittelbrasiliens in Petrópolis vom 30. Juni bis 2. Juli 1923, p. 11s.

7. Ata Reunião da Diretoria do Sínodo Evangélico Brasil Central, Rio de Janeiro, 3 de março de 1921.

8. Hoepffner, P. Friedrich. Gemeinde-Bericht... p. 11. Por ocasião da Festa Gustavo Adolfo de 1936 em Rio Claro/SP informa-se que: “An die Berichte schloss sich eine kleine erhebende Feier zu Ehren des Wohltäters , Herrn Hermann Heydenreich, an, dessen Bild den grossen Saal des neuen Schulhauses schmücken wird, das den Namen Heydenreichhaus erhalten soll.“

9. Diáspora quer dizer dispersão. O trabalho de um pastor evangélico na diáspora significa, portanto, a procura de todas as famílias evangélico-alemãs que residem, em parte isoladas e em parte aglomeradas em colônias, numa região povoada por pessoas de outra língua e outra confissão, sem terem a possibilidade de se reunir em comunidade e de contratar um pastor. – Definição do P. Viktor Schwaner em: Schaper, Valério (Org.). Até aqui nos trouxe Deus: 70 anos da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2004, p. 21.

10. Id., Ib., p. 16

11. An der Linha Noroeste. Reisebericht des Herrn P. Raspe. Campinas. In: Gemeindeblatt für die Deutsche Evangelische Gemeinde Rio de Janeiro, Nr. 3, Dezember, 1929, p. 8. Ele comenta que apesar das dificuldades e sacrifícios para se chegar até as pessoas, ao se ver os rostos brilhantes logo se esquece a fadiga. “A OGA só quer levar alegria.”

12. Grätz, Vikar Gerhard. Bericht über die Reisepredigertätigkeit im Hinterlande des Staates São Paulo. In: Gemeindeblatt für die Deutsche Evangelische Gemeinde Rio de Janeiro, Nr. 21, August 1930, p.ss; Id., Ib. Nr. 22, September 1930, p. 10ss; Id., Ib.., Nr.24, September 1931, p. 9ss.; Id. Ib., Nr.25, Oktober 1931, p. 102 e Id. Ib. , Nr 26, Oktober 1931, p. 8ss.

13. Caporrino, Pasquale e Amanda Walter (Orgs.) Luteranos. Santos 1906-2006 –Celebrando os 100 anos de uma história de fé. Santos, 2006, p. 21-23. Ver também: Reichardt, P. Hans. Die Arbeit der Kirche im südlichen Küstengebiet des Staates São Paulo. In: Hoepffner, P. Friedrich. 25 Jahre Mittelbrasilianische Synode. Rio de Janeiro, 1938, p. 30-33; Hahn, P. Arthur. Bericht aus dem Gebiet der Synodalen Reisepredigt. In: Gemeindeblatt für die Deutsche Evangelische Gemeinde Rio de Janeiro, Nr. 39, August 1929, 6ss; Hahn, P. Arthur. Bericht über die deutschen Ansiedlungen im Küstengebiet des Staates São Paulo und über die Reisepredigertätigkeit in derselben. In: Gemeindeblatt für die Deutsche Evangelische Gemeinde Rio de Janeiro, Nr. 19, Juli 1930, p. 2ss; Reinhardt, P. Hans. Auf der Kolonie „Santa Maria“ bei Cananea. In: Gemeindeblatt für die Deutsche Evangelische Gemeinde Rio de Janeiro, Nr. 20, Juli 1932, p. 9ss; Reinhardt, P. Hans. Wieder bei deutschen Kolonisten an der Bahnlinie Santos-Juquiá. In: Gemeindeblatt für die Deutsche Evangelische Gemeinde Rio de Janeiro, Nr. 2, November 1933, p. 10s; Reinhardt, P. Hans. Christlich deutscher Gottesdienst. In: Gemeindeblatt für die Deutsche Evangelische Gemeinde Rio de Janeiro, Nr. 10, Pfingsten, 1938, p. 7ss.

14. Methner, P. Hans. Die Arbeit der Kirche am Stadtrand von São Paulo. In: Hoepffner, P. Friedrich. 25 Jahre Mittelbrasilianische Synode. Rio de Janeiro, 1938, p. 27-30. Também em : Das Kreuz im Süden, Nr. 6, Dez 1936, 26s. No ano de 1936 foi feita na entrada da Igreja do Centro de São Paulo uma exposição sobre Martim Lutero e Gustavo Adolfo.

15. Die Gemeinde. Deutsches evangelisches Gemeindeblatt für Aussenbezirke São Paulo’s. Nr. 10/11, Juni 1935, p. 43 e Nr. 3, März 1936, p. 26.

16. É de supor que em Juiz de Fora também havia um grupo de amigos da Obra Gustavo Adolfo, uma vez que há alusão a respeito no Boletim “Der Mitkämpfer”.

17. Prien, Hans-Jürgen. Formação da Igreja Evangélica no Brasil. Das comunidades teuto-brasileiras de imigrantes até a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Sinodal, São Leopoldo/RS e Vozes, Petrópolis/RJ, 2001, p. 269.

18. Schaper, Valério (Org.). Até aqui nos trouxe Deus: 70 anos da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2004, p. 21s. Ver também: Busch, P. Alfred. Die Arbeit der Kirche im mittleren Minas Geraes. In: Hoepffner, P. Friedrich. 25 Jahre Mittelbrasilianische Synode. Rio de Janeiro, 1938, p. 33-36.

19. Gräter, P. Karl. Die Arbeit der Kirche in Nordbrasilien. In: Hoepffner, P. Friedrich. 25 Jahre Mittelbrasilianische Synode. Rio de Janeiro, 1938, p. 36-45.

20. Até 1933 o “Der Mitkämpfer”(O companheiro de luta) era distribuído apenas para São Paulo (Herausgegeben vom Gustav Adolf Verein für den Staat São Paulo). A partir de 1934 ele se torna um boletim do Sínodo Evangélico Brasil Central e das Associações Gustavo Adolfo (Herausgegeben für die Mittelbrasilianische Synode und die Gustav Adolf-Vereine S. Paulo u. Minas Geraes).

Ainda não somos o que devemos ser, mas em tal seremos transformados. Nem tudo já aconteceu e nem tudo já foi feito, mas está em andamento. A vida cristã não é o fim, mas o caminho. Ainda nem tudo está luzindo e brilhando, mas tudo está melhorando.
Martim Lutero
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br