“Ele enxugará dos olhos deles todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas velhas já passaram.” Ap. 21.2-4.
Um dia iluminado pelo sol andando nas imediações da Faculdade de Teologia, em São Leopoldo, quando nem sonhava em ser pastor. Olhei aqueles imensos casarões e parei bem em frente a um lindo jardim. Muitas flores de diversas cores e matizes: margaridas, rosas, crisântemos, etc.
Era um lindo jardim e pensei, se Deus criou variedade de flores na natureza assim que não só existissem rosas, mas tantas outras espécies e quão chato seria se só existisse uma espécie de flor por mais bonita que fosse, assim também Deus ao criar o ser humano colocou a diversidade de culturas e cores. No entanto, aqui no Brasil vivemos numa sociedade, que pratica grandemente a segregação racial e social. O caso da auxiliar de serviços gerais, Cláudia da Silva Ferreira, que teve o corpo arrastado por 350 metros por uma viatura da Polícia Militar, no Morro da Congonha, em Madureira, na Zona Norte do Rio, foi morta por um disparo de arma de fogo, pela Policia Militar é um exemplo claro do que está acontecendo em nossa sociedade brasileira, a segregação e genocídio. Tenho certeza que ela morreu por ser negra e pobre e seu drama foi mostrado como um evento midiático. A televisão e jornais repercutiram a eclosão da violência na periferia do Rio de Janeiro. O governo militarizou a polícia e sua ação contra a violência é apenas maquiada pela instalação das Unidades de Pacificação da Policia. Esse caso é uma fotografia da sociedade onde a maldade tem ultrapassado nossa compreensão, como poderemos viver numa sociedade tão injusta assim?
Uma música me vem à lembrança: “Vamos lá, vamos lá. Eu não vejo mudanças. Acordo de manhã e me pergunto: A vida é valiosa? Eu estou cansado de ser pobre e até pior, eu sou preto. Meu estomago ronca... Os tiras dão a mínima para um negro? Puxam o gatilho, se matar um negro ele vira herói. Dar crack para as crianças, quem se importa? Menos uma boca faminta para a assistência social” (trecho traduzido da música Changes de 2PAC, rapper norte americano). Este sistema econômico e social marginaliza e as principais vítimas são: crianças, jovens, mulheres. Somos desafiados como cristãos a buscar uma sociedade com equidade social, que seja a nossa intenção o que preconiza Jeremias 29.7: “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor, porque na sua paz vós tereis paz”.