Igreja e Sociedade



ID: 2797

O silêncio da dor

Artigo

26/11/2004


Neste dia 28 de novembro será lembrada nas celebrações, em muitos lugares de nosso planeta, a dor dos corpos de mulheres agredidas. Dor esta que ainda permanece no silêncio, guardada..

A violência contra a mulher tornou-se pública, no Brasil, nos últimos 30 anos. Até os anos 70 não existia essa expressão. Ela teve que ser nomeada para que pudesse ser vista, falada e pensada. Foi a emergência dos grupos e da movimentação feminista que trouxe à luz a violência enraizada no espaço doméstico, conforme registra relatório de Comissão da cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Hoje, com a existência das delegacias de mulheres, as casas de abrigo e o auxílio jurídico especializado, a violência doméstica tornou-se um assunto público.

A violência contra a mulher se caracteriza pela dor provocada pela superioridade da força física masculina. Portanto, no confronto físico a mulher apanha, seu corpo é machucado e em muitos casos, em nome do amor, a dor é silenciada.

Os corpos que sofrem a violência são os mesmos que amamentam, que acariciam, que amam, que possuem desejos. Esses corpos silenciam a dor, apesar dela já ser de domínio público. A dor é escondida, é silenciada, camuflada, abafada.

A dor no corpo físico supera a dicotonia cartesiana: mente e corpo. Ela envolve a totalidade do ser. Ela guarda a memória do sofrimento. Se espalha por todo o nosso ser e se expande para todas nossas relações sociais na invisibilidade do silêncio. É o silêncio da humilhação, da degradação e da perda da dignidade humana.

Até quando haverá entre nós essa prática que perpassa o tempo, as culturas, as classes sociais, enfim, que perpassa todas as esferas das relações humanas?

Que o silêncio da dor das mulheres, assim como da dor de todos os seres humanos possa ser rompido e que ela - a dor - não nos seja indiferente.

Sisi Blind
vice-pastora sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
pastora da Paróquia de Curitibanos
em Curitibanos - SC

Jornal ANotícia - 26/11/2004


AÇÃO CONJUNTA
+
tema
vai_vem
pami
fe pecc

Um coração repleto de alegria vê tudo claro, mas, para um coração triste, tudo parece tenebroso.
Martim Lutero
REDE DE RECURSOS
+
Senhor, tu és bom e compassivo, abundante em benignidade para com todos os que te invocam.
Salmo 86.5
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br