No Brasil dos nossos dias pagamos muito mais do que a quinta parte em impostos. De fato a carga tributária é pesada e merece ser questionada. Isto pela mesma razão que faz a maioria das pessoas aceitar a existência de impostos: Que o estado preste com isto os serviços a sociedade garantindo os direitos de todos. O questioname-nto surge justamente quando o estado não consegue dar o retorno desejado.
Como ficam os cristãos neste dilema?
Existe sobre isto um trecho famoso em Mateus 22,15-22 onde os fariseus interrogam Jesus sobre a sua opinião em pagar impostos ao poder colonial dos Romanos. Qualquer resposta poderia ser perigosa: Se ele se posiciona a a favor, poderia perder a interlocução junto ao povo simples. Se ele se manifestar contra seria perseguido pelos romanos.
Jesus, como sempre, evita os becos sem saída e não vem com falsas alternativas. A resposta dele faria história: “Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus.” (v.21) É importante saber que no entendimento de Jesus até César é sujeito a Deus.
Nasce aí a concepção luterana de aceitar a necessidade de algum tipo de governo e estado no mundo ao qual devemos ser leais cidadãos, sem ao mesmo tempo deixar de sermos atentos e críticos a partir dos critérios bíblicos sobre a convivência humana.
Um dos documentos confessionais mais importantes da Igreja Luterana é a Confissão de Augsburgo de 25 de junho de 1530.
No Artigo 16 lemos que “toda autoridade, os governos e as leis são instituídos por Deus e que e que toda pessoa cristã tem o dever de estar sujeito à autoridade e de obedecer-lhe os mandamentos e as leis em tudo que não envolva pecado. Mas se não é possível obedecer à ordem da autoridade sem pecar, mais importa então obedecer a Deus que aos homens (Atos 5)”.
Orientação valiosa para todos os tempos! Sobretudo nos tempos atuais.
Guilherme Nordmann