Nota da Presidência da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB
em vista da Manifestação Popular de 28 de abril de 2017
Séculos antes de Jesus Cristo andar pelas terras da Palestina, o profeta Miquéias proclamou às autoridades, “cabeças e chefes de Israel”: Não é a vós outros que pertence saber o juízo? Vocês, os que aborreceis o bem e amais o mal; que comeis a carne do meu povo, e lhes arrancais a pele, e lhes esmiuçais os ossos (Miquéias 3.1-3).
Jesus, ao percorrer cidades e povoados, compadeceu-se das multidões, “porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9.36).
No século XVI, ao estudar o Magnificat (Lucas 2.46-55), Martim Lutero falou da função da autoridade secular. Ela está instituída para “proteger os súditos (...) Uma autoridade tem que ter mais em vista aquilo que é para o bem de todo o povo do que aquilo que serve apenas para uma parte desse povo”.
Estamos em 2017. Hoje, somam-se aos protestos dos últimos anos as vozes das multidões inconformadas diante da forma e da intenção adotadas pelas autoridades brasileiras na condução das reformas trabalhista e previdenciária. Sobre isso, a Presidência, Pastores e Pastoras Sinodais da IECLB manifestaram-se em março passado:
“Diante do quadro real que a sociedade brasileira assiste, particularmente em vista do tema da reforma da Previdência, a IECLB dirige-se aos e às integrantes do Congresso Nacional, estendendo o apelo ao Executivo e ao Judiciário, e afirma enfaticamente: a reforma da Previdência brasileira não pode ser objeto e resultado de acordos e conchavos políticos; está na hora de a sociedade brasileira ter acesso aos números e dados da Previdência, bem como à sua gestão. Sem isto e em meio a informações contraditórias e parciais, não é possível confiar nas propostas apresentadas.”
A Presidência da IECLB reafirma que reformas – como a trabalhista e a previdenciária – são necessárias, mas precisam ser discutidas à luz do dia, com demonstração de dados e números. Isto não está ocorrendo! Portanto, não é surpresa que a indignação tenha crescido, culminando com as manifestações deste 28 de abril. Essa manifestação é legítima. É instrumento da democracia.
Autoridades encarregadas de “ter em vista aquilo que é para o bem de todo o povo e não aquilo que serve apenas para uma parte desse povo”: ouvi o clamor do povo brasileiro!
Porto Alegre, 27 de abril de 2017
Dr. Nestor Paulo Friedrich
Pastor Presidente da IECLB