Subsídio para o trabalho com pessoas adultas
ViDas em Comunhão
Preparo do encontro
Disponha as cadeiras em círculo (se possível) e prepare um pequeno lanche para o encontro.
Embaixo de cada cadeira, coloque uma ordem a ser obedecida por quem sentou nela. Essa ordem deve ser obedecida durante o lanche. Exemplos de ordens: Não falar durante o lanche, fechar os olhos (não enxergar), não levantar da cadeira (supondo deficiência física), não usar as mãos... em algumas cadeiras não coloque ordens; quem sentar nelas não terá nenhuma limitação para o lanche.
Inicie o encontro com saudação, louvor, oração e proponha um pequeno lanche antes do estudo.
Revele as ordens debaixo das cadeiras e diga às pessoas que sigam para o lanche.
Não dê dicas de como as pessoas podem se ajudar. Deixe por conta de cada uma.
Após o lanche, inicie uma conversação.
Perguntas norteadoras:
- Como você, que teve uma ordem a seguir, se sentiu durante o lanche?
- Pediu ajuda?
- Ajudou alguém que pediu ou tomou a iniciativa de ajudar?
Comente que é fácil fazer essa dinâmica com pessoas amigas e pedir a ajuda de pessoas conhecidas. Mas como seria se, de fato, tivéssemos uma deficiência e necessitássemos de ajuda num primeiro encontro com gente que não conhecemos?
Leia o texto bíblico abaixo:
“Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim, e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6.37-40).
(Texto motivacional)
Segundo o site do IBGE, de acordo com o Censo de 2010, aproximadamente 23,9% da população brasileira tem alguma deficiência (investigadas: visual, física, auditiva e intelectual). Em outras palavras, um quarto da população tem alguma deficiência congênita ou adquirida.
Há vários motivos que levam as pessoas a uma comunidade de fé: tradição familiar, busca por sentido, curiosidade, convite específico, momentos de crise, busca por ofícios... Todos esses motivos podem parecer muito pessoais. Mas, uma vez no convívio comunitário, somos convidados e convidadas para refletir sobre a permanência de uma pessoa que se achega à comunidade. Por outro lado, a permanência desta pessoa está intimamente ligada a como a comunidade lhe apresenta o próprio Cristo.
Então nossas incoerências e a necessidade de reforma (mudança) ficam claras para nós. Pois apresentar o próprio Cristo às pessoas, requer não só boa vontade, ou belos discursos, mas o envolvimento e o amor para com quem se achega, independentemente de deficiência. Porque quando falamos de inclusão, não falamos da deficiência, mas do ser humano que precisa ser confrontado com a mensagem de Cristo.
Leis de acessibilidade e defesa dos direitos da pessoa com deficiência existem justamente porque não enxergamos a outra pessoa. Enxergar é, em primeiro momento, ir ao encontro das pessoas, é interessar-se por elas. Jesus Cristo interessava-se, em amor, pelas pessoas e não pela sua deficiência. Veja um exemplo disso no evangelho segundo Marcos 10.46-52. No relato da cura do cego Bartimeu, a pergunta que Jesus faz a ele é: “Que queres que eu te faça?”. Jesus não pressupôs que, por ele ser cego, a sua maior vontade seria ser curado. Somente quando o desejo de ser curado é expressado por Bartimeu é que Jesus Cristo o cura. Antes de tudo, Jesus percebe, ouve o chamado de Bartimeu e conversa com ele.
Diante dos 23,9% da população brasileira com alguma deficiência, também nós somos chamadas e chamados a encurtar as distâncias, a ouvir a sua história, seus desejos e suas necessidades.
Criar um ambiente acolhedor para todas as pessoas acontece quando exercitamos o amor que vem de Deus. Mesmo que não tenhamos, de momento, todos os recursos materiais necessários para a inclusão completa de pessoas com deficiência, a nossa atitude acolhedora e o amor falam mais alto.
Perguntas para reflexão e discussão em grupo:
1. Quem são as pessoas a nós confiadas? (Texto de auxílio: Lucas 10.29).
2. As pessoas com deficiência precisam de Cristo? Nossa prática comunitária atende essa necessidade?
3. Como tornar o culto e os demais encontros comunitários acessíveis às pessoas com deficiência visual, auditiva e intelectual? Lembre-se: a linguagem falada é apenas uma das formas de expressão, e o Evangelho extrapola a fala, o ouvir e o raciocinar.
P. Murilo Jung
Pa. Marcielle Marquetti Jung
Nova Petrópolis/RS
Dados censo:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000008473104122012315727483985.pdf
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