PALAVR@ÇÃO on-line 8
PROTAGONISMO A VIDA INTEIRA

Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Outubro de 2013
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica CONAJE
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Revisão Ortográfica: Elza Maria Lopes Ferreira
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br

PALAVR@ÇÃO com uma cara nova e agora em formato digital. Este é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo dividido em duas partes, uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a metodologia conecta a reflexão sobre um assunto importante a sugestões para as atividades da juventude.

Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio para auxiliar na preparação do estudo desta temática.

Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.

PALAVRA
Diácona Débora Ristow Krauser Santos

Vivendo e aprendendo

Conforme o dicionário: “Educação é um substantivo feminino que se refere à ação de desenvolver as faculdades psíquicas, intelectuais e morais. Tem como resultado o conhecimento e a prática dos hábitos sociais e boas maneiras...” Disso, podemos concluir que, quando se fala em educação, imagina-se a articulação de: dons, conhecimentos, atitudes, capacidade, competências e práticas pessoais que possam ser aplicadas e compartilhadas para o desenvolvimento das pessoas e da sociedade.

O processo educativo que costumamos chamar de formação precisa favorecer o desenvolvimento da autonomia e, ao mesmo tempo, preparar a pessoa para protagonizar ações de transformação e atender as necessidades da comunidade em que vive. Pode-se dizer que essa é uma tarefa da família, da escola e da igreja. No entanto, as pessoas também aprendem no convívio e no contato com as outras, na observação do meio em que vivem e na troca de saberes.

No contexto bíblico, o conhecimento era repassado através da tradição oral – as pessoas mais velhas contavam para as mais novas (Deuteronômio 4.9-10), pelos debates (livro de Jó) através de poesias e canções (Salmos) e comparações – encontradas nos profetas (Amós 7-8). Jesus utilizou certas técnicas para a educação: a interpretação da Escritura (Lucas 4.15-30), palestras (Mateus 5), através de debates (Lucas 20.19-26), do exemplo concreto de como fazer (Marcos 6.34-43) e, principalmente, parábolas e comparações com situações concretas da vida das pessoas na época (Mateus 13). Essas técnicas de ensino continuam sendo referência para a formação cristã.

A história da Igreja Luterana, por sua vez, está intimamente relacionada à educação. Lutero foi revolucionário nesse quesito com suas inovações. Traduziu a Bíblia na língua falada pelo povo para que todas as pessoas tivessem acesso a ela, escreveu o catecismo menor em forma de perguntas e respostas para facilitar a aprendizagem, já que a maioria do povo era analfabeta. Além disso, promovia em casa momentos de debate com estudantes. Produziu, ainda, material para os mais diferentes públicos sobre a doutrina da justificação pela graça e sobre questões políticas e sociais da realidade da época. Segundo ele, a fé precisa ser testemunhada na sociedade onde se vive.

A IECLB, herdeira desse passado, tem uma relação estreita com a educação. Acompanha os processos e novas técnicas para ensinar os conteúdos da fé. Parte da seguinte convicção: aprende-se durante a vida toda. Não é possível dizer que existe um período da vida em que se aprende tudo sobre a fé. Como diz o ditado popular: “vivendo e aprendendo”. É preciso ter contato com os mesmos conteúdos da fé cristã, várias vezes e em diferentes épocas da vida. Afinal, em cada fase da vida, tem-se perguntas existenciais que precisam de respostas específicas, pois vivenciam as situações de maneira diferente.

Na comunidade cristã, as pessoas, de todas as faixas etárias, encontram-se. Cada uma, a seu tempo, tem muito a contribuir e pode aprender com as experiências de vida e fé. A comunidade é enriquecida quando as pessoas partilham suas experiências e abrem-se para novos conhecimentos. Assim, colocam seus dons à disposição e participam dela ativamente. É na troca e no diálogo que os conteúdos são esclarecidos e ressignificados para a realidade de cada pessoa. O desafio da Educação Cristã Contínua - ECC é que não se trate a formação da pessoa cristã isoladamente ou de maneira fragmentada mas que as comunidades propiciem espaços permanentes de formação e capacitação.

Passando a palavra

Como percebemos, a educação é parte intrínseca da vida das pessoas desde sempre. Na IECLB e suas comunidades, é valorizada e potencializada através da Educação Cristã Contínua – ECC. De uma forma simplificada, poderíamos dizer que a educação cristã na nossa Igreja acompanha-nos desde o nascimento, passa por todas as idades e grupos de trabalho comunitário. Dessa maneira, somos convidados e convidadas a exercer o protagonismo a vida inteira ao ensinar, aprender e principalmente conviver em comunidade.

Bibliografia
Brakemeier, Gottfried. Confessionalidade Luterana. São Leopoldo: Ed. Sinodal, 2010.
Schultz, Valdemar (org). Ensino confirmatório e confirmação. São Leopoldo: Ed. Sinodal, 2005.
Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional. Acesse: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf

QUER SABER MAIS?

Dica de Livro:
Plano de Educação Cristã Contínua da IECLB (PECC); São Leopoldo: Ed. Sinodal; Porto Alegre: IECLB, 2011.

Dica de Filme:
Escritores da Liberdade (Freedom Writers). Ano: 2007; Gênero: Drama. Direção: Richard LaGravenese. Elenco: Hilary Swank, April L. Hernandez. Duração 123 minutos. É um filme inspirado nos eventos reais relatados pelo livro The Freedom Writers Diaries. O filme aborda as dificuldades e as superações vividas pela professora Erin Gruwell e sua turma de alunos e alunas.

Dica de Música:
Gabriel O pensador – Estudo errado
Padre Zezinho – Amar como Jesus amou
Oziel Campos de Oliveira Junior – Espírito Santo de Deus

AÇÃO
Catequista Mariane Noely Bail da Cruz

Proposta de encontro: Vivendo e Aprendendo

Preparação: Convide com antecedência duas ou três pessoas adultas de diferentes grupos da comunidade para participar deste encontro. Prepare essas pessoas pedindo que busquem em suas memórias de infância, adolescência, juventude momentos marcantes de aprendizado para sua vida de fé. Podem ser relatos de encontros, canções que gostavam de cantar, brincadeiras que faziam nos encontros e iniciativas realizadas pelo grupo de jovens de seu tempo. Se tiverem materiais utilizados na época ou outras lembranças que guardam até hoje, podem trazer para mostrar ao grupo. Estas pessoas compartilharão com a juventude uma parte de sua história.

Leitura Bíblica: Deuteronômio 6.1-9
Material necessário: Canetas e folhas para cada participante com o texto bíblico.
1º passo: Cada pessoa faz a leitura silenciosa e sublinha no texto o versículo que mais lhe chamou a atenção. Devem escolher apenas um versículo.
2º passo: Faça a leitura do texto bíblico. Oriente que, a cada versículo, as pessoas que sublinharam aquela parte, leiam em voz alta junto com você.
3º passo: As pessoas que sublinharam o mesmo versículo devem se juntar em grupo e conversar sobre o porquê da escolha deste versículo, o que ele diz para a sua vida neste momento.
4º passo: Retornando para o círculo, cada grupo relata o que foi conversado.

Reflexão: Após o retorno dos grupos, pode-se trazer alguns elementos apresentados na parte teórica deste estudo e, se for o caso, também comentar o seguinte: “A tarefa de educar é mandamento que provém de Deus... É no convívio familiar e comunitário que se ensinam e lembram os grandes feitos de Deus, mantém-se e fortalece-se a confiança no Deus libertador. Ensinar os mandamentos, fazer discípulos e evangelizar é um processo educativo que mantém viva a memória da ação divina e atualiza valores e princípios orientados na fé em Deus”. (PECC, página 14) Para a Educação Cristã Contínua, é importante que as pessoas e os diversos grupos comunitários sejam parceiros e compartilhem a caminhada da fé. Como discípulos e discípulas de Jesus Cristo, é nossa tarefa compartilhar o que aprendemos. A cada fase da vida - infância, adolescência, juventude, idade adulta e velhice temos oportunidade de aprender com as outras pessoas e ensinara a elas sobre o que cremos. Cada fase tem características próprias, perguntas e níveis de compreensão. Por isso, é importante que estejamos envolvidos e envolvidas sempre com a vida comunitária através dos diversos grupos, trabalhos e atividades que ela proporciona.

Dinâmica: Conversando sobre vida, aprendizado e fé.
- Forme um círculo com cadeiras ou almofadas e coloque no centro uma Bíblia e uma vela grande acesa.
- Apresente as pessoas convidadas dizendo o seguinte: Na antiguidade era comum que o conhecimento fosse transmitido de uma geração para outra, numa roda de conversa. As pessoas mais experientes contavam suas aventuras, seu aprendizado e estimulavam as mais jovens a partir deste conhecimento. Por isso, convidamos algumas pessoas para participarem deste nosso encontro.
- Peça que cada uma conte brevemente um pouco de sua história. Cada pessoa ao falar pode segurar a vela, representado o conhecimento que está repartindo.
- Depois de ouvir os relatos o grupo de jovens pode fazer perguntas ou comentários a respeito do que as pessoas convidadas compartilharam. Cada jovem também segura a vela ao falar. Caso seja necessário, você pode perguntar o seguinte:
a) De que maneira aquilo que vocês aprenderam na infância, adolescência e juventude influenciou a vida de fé de vocês?
b) Como acontece o aprendizado e a partilha da fé nos grupos que vocês participam atualmente?
c) Que conselho acham importante repartir com as pessoas mais jovens?
- Para a conclusão, agradeça às pessoas convidadas por terem aceitado compartilhar as suas histórias e pelo aprendizado que obtiveram e propiciaram neste encontro.

Observação: Procure deixar o grupo à vontade para que a conversa role mais solta. Cuide, no entanto, para que a conversa fique dentro do tema proposto e que o grupo preste atenção em quem está falando. A vela pode ajudar a manter o foco e criar um clima mais propício ao diálogo.

Atividade Complementar: Visitando outros grupos
Previamente faça um levantamento de quantos grupos existem em sua comunidade e horários em que se encontram. Por exemplo: OASE, LELUT, Estudo Bíblico, Culto Infantil... Consulte as pessoas que coordenam esses grupos sobre a possibilidade de receberem uma visita de algumas pessoas do grupo de jovens. Feito esse contato prévio divida a turma da juventude pelos grupos existentes, considere a possibilidade de cada participante com relação a horários e distâncias. Cada equipe terá a tarefa de participar de um encontro do grupo determinado e trazer para a juventude um pequeno relato do que presenciou. Se possível responder as seguintes perguntas: Como aquele grupo vive, aprende e compartilha a respeito da fé? Quais conteúdos da fé cristã estão sendo trabalhados por aquele grupo? Num próximo encontro de jovens, depois de acontecer todas as visitas, a turma pode apresentar os relatórios e, se for o caso, pensar em formas de melhorar a integração da juventude com os outros grupos da comunidade. Se houver fotos dos encontros, é possível compor um painel com o nome e informações de cada grupo e colocar num mural da comunidade.