PALAVR@ÇÃO on-line 12
GRATIDÃO
Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Março de 2014
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica CONAJE
Elaborador: P. Marcos Henrique Fries
Equipe de revisão: P. Jaime Jung, Diac. Simone Engel Voigt e Prof. Katilene Willms.
Revisão Ortográfica: Martha Maas
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br
PALAVR@ÇÃO é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo dividido em duas partes: uma teórica (PALAVRA); outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a metodologia conecta a reflexão sobre um assunto importante a sugestões para as atividades da juventude.
Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio de auxílio na preparação do estudo desta temática.
Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.
Palavra - parte teórica
Reconhecer o que Deus faz por nós
Há pessoas que estão sempre reclamando, já reparou? Reclamam da roupa, do sapato, da casa, da escola, dos pais, dos irmãos, do bairro, da cidade onde moram. Nunca estão satisfeitos com o que são e têm. Olham para si mesmas e sempre acham que os outros estão em melhor situação. Por isso mesmo, quase sempre estão de mal com tudo. É bem verdade que há pessoas que vivem em situação tão precária, material ou emocionalmente, que é possível entender os seus lamentos. Mas, é verdade também que há situações em que não se justifica tanta insatisfação.
Quer saber a causa de tanta reclamação? Ingratidão! Ela faz com que estejamos sempre insatisfeitos e insatisfeitas. Por causa dela, podemos achar que tudo o que somos e temos é pouco, ou deveria ser diferente. Tudo bem, há coisas que poderiam ser diferentes mesmo, há coisas que precisam mudar. Mas só poderemos fazer isso se antes aprendermos a arte de ser gratos e gratas, quer dizer, se conseguirmos perceber o que há de bom em nossas vidas, o que há de bom nas outras pessoas, ou nos lugares em que Deus nos colocou. Gratidão é reconhecer o que Deus já tem feito por nós.
Talvez a sua casa não seja a melhor. Mas há um teto sob o qual se abrigar. Talvez você esteja enjoado do tempero da comida servida em sua casa. Mas há alimento sobre a sua mesa. Talvez a sua roupa ou calçado estejam um pouco fora de moda. Mas você tem o que vestir e não precisa andar descalço. Talvez sua família, amigos e amigas incomodem você de vez em quando. Mas o que seria da sua vida sem a companhia e ajuda dessas pessoas?
Este estudo quer ajudar você e seu grupo a pensar no que Deus tem feito e a ter gratidão por tudo isso, pois acredite: a pessoa que é grata é mais feliz!
Deus não abandona o seu povo
Provavelmente, você conheça a história do livro bíblico de Êxodo. Êxodo quer dizer saída, e os primeiros capítulos deste livro contam como aconteceu a saída do povo de Deus do Egito, onde há séculos sofria como escravo. Por meio de um homem chamado Moisés, Deus libertou o seu povo da escravidão, e lhe apontou uma terra nova – Canaã, onde os seus filhos e suas filhas poderiam viver em paz para sempre. Mas, para se chegar a Canaã era preciso cruzar um deserto. E nós podemos imaginar muito bem o que um deserto representa: calor intenso durante o dia, frio durante a noite; escassez de água e, consequentemente, poucas formas de vida. Isso sem contar inúmeros insetos que castigam as pessoas e os animais.
O povo de Deus teve de passar quarenta anos no deserto até poder entrar em Canaã! Isso não parece ser motivo suficiente para reclamar? Sim. E o povo reclamou! Num desses dias de reclamação, disseram para Moisés: “Teria sido melhor que o Senhor tivesse nos matado no Egito! Lá, nós podíamos pelo menos nos sentar e comer carne e outras comidas à vontade. Vocês nos trouxeram para este deserto a fim de matar de fome toda esta multidão!” (Êxodo 16.3). Palavras ácidas e compreensíveis somente em parte, pois, apesar das adversidades do deserto, Deus nunca abandonou o seu povo. Durante o dia, os acompanhou como uma coluna de nuvem e durante a noite como uma coluna de fogo (Êxodo 13.21-22). Diante do obstáculo do mar Vermelho, Deus abriu suas águas para que o povo pudesse atravessá-lo, e ainda eliminou de vez os inimigos (Êxodo 14). Quando o povo teve sede, Deus transformou água amarga em água potável (Êxodo 15.22-27). Quando o povo teve fome, Deus fez chover pão do céu e mandou que codornas voassem bem baixinho, ao alcance das mãos, garantindo pão para o café da manhã e carne para o jantar (Êxodo 16). Assim, apesar dos pesares, ao longo dos quarenta anos de peregrinação no deserto, não faltou proteção, socorro, bebida ou comida. Logo, toda aquela reclamação não fazia sentido. Finalmente libertados e libertadas da escravidão, caminhando rumo à sua própria terra, amparados e amparadas por Deus dia e noite: não estava na hora de mostrar um pouco mais de gratidão? Por que manter os olhos fixos nas dificuldades ou no que ainda não aconteceu, ao invés de contemplar as bênçãos e tudo o que Deus já fizera? Desta mudança na maneira de enxergar as situações pode depender o nosso bem estar, a nossa alegria de viver e a nossa disposição de continuar lutando e crescendo.
Passando a Palavra
Se estivermos dispostos e dispostas a perceber o que há de bom em nós, nas outras pessoas e na nossa vida como um todo, certamente chegaremos a conclusão de que existem muitos motivos para agradecer. Acredite: Você é uma pessoa abençoada por Deus. E, agindo com gratidão, certamente você se sentira ainda melhor. Olhe para o que Deus já tem feito em sua vida e tenha gratidão!
SAIBA MAIS:
Dica de Site
- Periódicos Eletrônicos em Psicologia: Neste site encontra-se um interessante artigo publicado em abril de 2009, sobre o tema “Gratidão”, analisado sob o ponto de vista da Psicologia.
Acesse: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1809-52672009000100010&script=sci_arttext
Dica de Hinos
- Agradecemos-te, Jesus: Hinos do Povo de Deus vol. 1 nº 46
- Conta as Bênçãos: Hinos do Povo de Deus vol. 2 nº 460
Dica de Filme
- Moisés (Moses); Ano 1995; Gênero: Drama Bíblico; Direção Roger Young ; Roteiro Lionel Chetwynd ; Elenco: Ben Kingsley, Frank Langella, Christopher Lee, Sonia Braga. Clasificação: 12 anos; Duração: 188 min.
AÇÃO - parte prática
A gratidão faz bem
Leitura Bíblica: Mateus 6.22-23
Acolha a turma e em conjunto façam a leitura de Mt 6.22-23. Explique brevemente o significado destes versículos, se for o caso comente: Neste texto bíblico Jesus diz: “... quando os olhos de vocês são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz. Porém, se os seus olhos forem maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão...”. Isso significa que, quando nossos olhos aprendem a ver as bênçãos de Deus, nosso coração se enche de gratidão e nossa vida ganha sentido, leveza e coragem para lutar contra o que não está bom e transformar a realidade ruim. Assim, a gratidão é resultado do que os nossos olhos enxergam e do que sentimos em nosso coração.
Impulsos para meditação: Cada participante recebe uma folha de papel e uma caneta, e é convidado para fazer uma lista de motivos de agradecimento a Deus. Podem incluir suas realizações pessoais, saúde, relacionamentos, etc. Motive as pessoas a serem sinceras consigo mesmas em suas listas. Deixe claro que ninguém é obrigado ou obrigada a ler o que escreveu, mas se alguém desejar pode compartilhar com o grupo o que anotou.
Teatro: Enxergando o lado bom
Convide previamente cinco pessoas para ensaiar e apresentar um pequeno teatro para o grupo. As personagens são: Narradora, jovem, velho sábio, outro viajante e a neta do ancião. A história é a seguinte: “Um jovem resolveu se mudar para outra cidade. Ao chegar na nova morada, procurou o velho sábio do lugar e perguntou: ‘Senhor, estou me mudando para a sua cidade, e gostaria de saber como são as pessoas daqui’. O velho respondeu com uma pergunta: ‘Diga-me, meu filho, como eram as pessoas da cidade de onde vieste?’ O jovem disse: ‘Ah, eram pessoas muito más, egoístas, invejosas e fofoqueiras’. E o sábio concluiu: ‘Então eu sinto muito, mas as pessoas daqui são iguaizinhas’. No mesmo dia, um outro viajante chegou àquelas terras. Como de costume, foi procurar o sábio, fazendo-lhe a mesma pergunta do jovem anterior. O velho reagiu da mesma forma: ‘Diga-me, meu filho, como eram as pessoas da cidade de onde vieste?’ O viajante disse: ‘Ah, eram pessoas maravilhosas, solidárias, amigas e muito divertidas’. E o sábio concluiu: ‘Então seja bem-vindo, rapaz, pois as pessoas daqui são exatamente assim!’ A neta do ancião, que ouvira os dois diálogos, sem entender nada, perguntou ao avô: ‘Vô, como o senhor pôde dizer coisas tão diferentes a respeito de uma mesma cidade? Provavelmente, o senhor mentiu para um dos dois jovens.’ E o sábio respondeu: ‘Não minha querida, eu não menti para ninguém. É que assim são as pessoas: elas podem ser boas e ruins, elas têm qualidades e defeitos. Tudo depende de como as enxergamos. Quem as enxerga com olhos bons, procurando suas qualidades, fica grato por elas e consegue amá-las apesar de seus defeitos’”.
Reflexão: Se você julgar apropriado comente com o grupo algo do que foi exposto na parte teórica (palavra) deste estudo. Por exemplo, você pode mencionar que, conforme o livro de Êxodo, o povo de Deus quando estava andando no deserto em busca da terra prometida insistia em focar no que estava mal. A caminhada teria sido mais fácil se o povo tivesse percebido o quanto Deus o estava abençoando com sua presença e proteção. As perguntas abaixo podem ajudar no diálogo:
- Como vocês costumam agir quando alguém lhes presta alguma ajuda?
- De que forma podemos agradecer a Deus pelo que Ele nos tem concedido?
Dica: Que tal apresentar esse teatro para a comunidade? Pode ser num culto, num estudo bíblico ou em outros momentos da vida comunitária. Conversem com o ministro ou a ministra de sua comunidade ou com as pessoas responsáveis pelas celebrações.
Dinâmica: Pintura Coletiva
Material Necessário: Tecido branco (2 metros), tinta para tecido (diversas cores), pinceis, jornais, removedor de tinta, papel, caneta.
Duração: Aproximadamente 60 minutos. No caso de grupos com mais de 20 de participantes a dinâmica pode levar mais tempo. Caso o estudo não disponha desse tempo você pode adaptar a proposta ou realiza-la em um encontro maior, como um retiro ou um passa dia.
Sequência:
1) Inicialmente peça que cada pessoa, em silêncio, pense em um motivo de gratidão que ela gostaria de representar graficamente no tecido. Depois de um ou dois minutos, convide a turma para compartilhar os motivos que cada pessoa escolheu. Anote todos os motivos em uma folha de papel.
2) Peça que o grupo decida em consenso uma forma de representar todos esses pedidos através de uma pintura no tecido. Este passo pode levar alguns minutos, mas o importante é que todas as pessoas se sintam incluídas.
3) Feita a escolha sobre o desenho ou os desenhos que irão compor a arte é hora de pintar. Lembrem de forrar o chão ou a mesa com o jornal.
4) Depois de finalizada a pintura peça que o grupo comente como foi a experiência e o que aprenderam com ela.
Observação: Se o grupo quiser e for possível a arte pode ser emoldurada e colocada em algum espaço da comunidade. Fotos compartilhadas nas redes sociais também são bem-vindas.
Atividade Complementar: Passeio em grupo
O Tema e Lema da nossa igreja para 2014 nos convida a buscarmos a paz em nossa cidade, para que nós mesmos possamos viver em paz. Somos motivados e motivadas, portanto, a olharmos com amor para a cidade buscando suas qualidades, agradecendo a Deus por elas e, a partir disso, empenhando-nos em transformar o que não está bom. Essa atividade pode ser bem interessante, considerando que muitas pessoas simplesmente não gostam do lugar em que vivem. É uma oportunidade de percebermos que apesar das precariedades que possam haver em nossa cidade, há nela também coisas boas. Que tal, então, fazer um passeio com grupo pela sua cidade, bairro ou distrito e elaborar uma lista das qualidades e belezas do lugar? Não há dúvida de que vocês encontrarão muitos motivos para se alegrar com a cidade que Deus escolheu para vocês.
Informações sobre o autor:
Marcos Henrique Fries, 35 anos, estudou Teologia na Faculdades EST, em São Leopoldo, de 1999 a 2004. Fez mestrado em Liturgia na mesma instituição e é pastor da IECLB na Paróquia de Lages, SC, desde janeiro de 2006.