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ID: 2661

Estudos bíblicos, como fazer?

16/11/2016

 

Lado AÇÃO

ESTUDOS BÍBLICOS, COMO FAZER?

Catequista Louis Marcelo Illenseer

Existem muitas formas de compreender uma mensagem bíblica. Por onde começar? Dentro da confessionalidade luterana, é importante segurar pelo menos duas coisas. Uma em relação ao método, outra em relação ao conteúdo.

Método luterano: toda a pessoa que se propõe a elaborar um estudo bíblico para ser desenvolvido em um grupo, ou mesmo para uma compreensão particular, deve sempre ser “perguntadora”. Deve ser muito curiosa. Os textos bíblicos são cheios de detalhes e nuanças. Perguntar é fundamental. Lutero fez o que fez na história da humanidade porque perguntou, questionando os textos bíblicos que lia.

Conteúdo: Apesar de todos os problemas que temos, Deus, em primeiro lugar, quer que vivamos dignamente. Deus é bondoso, seu julgamento é, em primeiro lugar, amoroso. Não devemos estudar um texto buscando logo uma lição de moral, mas sim, estudar um texto compreendendo que Deus quer o bem de toda a sua criação. Esta é a tal da “graça de Deus”.

Por que estudamos (perguntamos) a palavra de Deus? Porque queremos sentir essa graça. Queremos que essa palavra ilumine nossa realidade e indique caminhos para vivermos nesse mundo de forma digna e feliz.

Dados estes dois pilares, vamos escolher algumas ferramentas para construir nosso estudo bíblico.

Curiosos e curiosas, a postos!

Qual é, então, a primeira pergunta que devemos fazer? A resposta é outra pergunta: o que vamos estudar? Precisamos escolher o tema. Escolher um tema pode ser algo complicado, mas nem tanto. Uma boa sugestão é procurar a leitura bíblica para a pregação dos cultos dominicais.

Nesse sentido, você sabia que as igrejas compilaram uma série de leituras bíblicas para cada domingo? Chama-se Lecionário Comum Revisado. O mesmo texto bíblico que a pastora pregar no próximo domingo será pregado pelo padre na Igreja Católica e pelo reverendo na Igreja Metodista. Esta é uma vitória do ecumenismo, pois, ao encontrarmos com amigos e amigas na escola, ou no mercado, saberemos falar sobre um mesmo tema. Essa série está disponível no livro Senhas Diárias e no Portal Luteranos.

Ao mesmo tempo a realidade nos coloca outros desafios, outros temas que têm urgência de serem tratados. Então outra opção é definir o tema a partir dos desafios existentes. Temos que ser curiosos e curiosas também com a nossa realidade. Por exemplo: o grupo de jovens está dividido em “panelinhas”. Será bom estudar um texto que tenha como tema a unidade. Por exemplo, 1 Coríntios 12, que fala do corpo e de suas diversas partes.

Para este exercício, escolhemos um texto bíblico quentíssimo para nossos dias, de Mateus 20.1-16. O texto trata de uma parábola de Jesus, Jesus compara o Reino de Deus a um patrão, que saiu a contratar trabalhadores para a sua vinha. Há, nesta parábola, detalhes que não podemos deixar de fora, para melhor compreender o texto:
- o patrão sai a contratar, nas diversas horas do dia;
- há pessoas empregadas e desempregadas;
- há trabalho para todas as pessoas;
- há descontentamento por parte das pessoas empregadas que trabalharam todo dia;
- há um patrão bondoso, que quer retribuir aos seus empregados e às suas empregadas da mesma forma.

Como interpretar essa mensagem bíblica para dentro de nossa realidade?

Sugestão de roteiro para o encontro

1. Na entrada, entregar um bilhete para as cinco primeiras pessoas que chegarem (ou proporcionalmente a 50% do grupo) com o seguinte dizer: “Você receberá um bombom se cantar os primeiros cantos.” Iniciar o encontro, imediatamente, cantando dois ou três hinos.

2. Fazer uma oração e a leitura deste texto:

Certa vez, um patrão de uma fábrica precisou contratar gente para o trabalho. Às 7 horas, formou-se logo uma fila diante da fábrica, pois muitas pessoas, especialmente jovens, estavam sem emprego, e aquela seria a única forma de ganhar um salário mínimo. Imediatamente, elas começaram a trabalhar.

Ao meio dia, porém, o patrão saiu e encontrou gente sentada na praça da cidade. Perguntou se também queriam trabalhar na fábrica. Elas aceitaram o convite e foram trabalhar.

Perguntaram ao patrão sobre o salário, e este lhes respondeu que pagaria o que era justo. Às 3 horas da tarde saiu o patrão novamente, e fez o mesmo. Já eram, então, 5 horas, o expediente estava encerrando, e mesmo assim o patrão mandou mais pessoas trabalhar.

Chegou a hora do pagamento. O patrão fez uma fila, começando pelas pessoas que começaram primeiro, indo até as últimas. Pagou a todas um salário mínimo, que voltaram felizes para casa.

3. Entregar para os jovens e as jovens que chegaram mais tarde outro bilhete, onde estará escrito: “Você infelizmente chegou tarde ao encontro e não cantou os primeiros cantos. Você não irá receber o bombom que as primeiras pessoas ganharam.”

4. Distribuir o bombom às pessoas que ganharam o primeiro bilhete.

5. Observar as reações do grupo.

6. Discutir com o grupo a partir das reações. Perguntas que podem ajudar:
Qual foi a reação de quem recebeu o bombom? Ficaram felizes? Repartiram o bombom?
Qual foi a reação de quem ficou sem bombom? Ficaram apáticos? Reclamaram?

7. Ler o texto de Mateus 20.1-16.

8. Perguntar para o grupo:
Por que e de que forma Deus é bondoso? A distribuição dos bombons demonstra que somos egoístas? Como funciona isso no grupo: todos e todas se sentem bem, ou algumas pessoas acham que são mais ou menos importantes que outras?

9. Distribuir bombons para todas as pessoas do grupo. Comentar que a graça de Deus é doce como o bombom, e quer alcançar todas as pessoas, independente do tempo em que trabalharam, do jeito de se vestir, da cor do cabelo. Deus precisa de trabalhadores e trabalhadoras para a sua vinha. Topamos trabalhar? Os luteranos e as luteranas têm na graça de Deus a mensagem central de suas vidas. Deus não seleciona pessoas; Deus ama a todas. Ele pede que nos amemos mutuamente. Esta é a sua única e maior exigência.

10. Encerrar com uma oração e de mãos dadas.

Conclusão

Um estudo bíblico, seja ele qual for, não deve ser imposto, não deve levar os jovens e as jovens a se sentirem culpados e culpadas. O estudo deve fazer com que cada pessoa reflita a sua realidade a partir da palavra de Deus, para que essa realidade possa ser transformada. Nunca devemos fazer um estudo bíblico para justificar nossas ideias. Devemos interpretar a palavra de Deus, e mudar as nossas ideias, pois assim o grupo pode crescer e ser sal e luz no mundo. Para um estudo bíblico dar certo no encontro do grupo de jovens, segure estas coisas: estude o texto, compartilhe a ideia com outras pessoas, invente um jeito criativo, deixe o texto bíblico falar para a realidade de você.


Este estudo teve a linguagem revista e atualizada. A proposta integra o volume 3 da Coleção Palavração denominado “Graça e Fé: temperos para a vida”, publicado em 2003 pelo Departamento Nacional para Assuntos da Juventude da IECLB – DNAJ, sob a coordenação de Cláudio Giovani Becker e impresso por Contexto Gráfica e Editora (ISBN 85-89000-14-1).


 

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