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ID: 210

A justificação pela fé

Romanos 4.18-25

31/03/2015

Queridos irmãos e irmãs, prezada comunidade.
A carta de Paulo aos romanos é um livro central do Novo Testamento. Ainda que seja de difícil compreensão, ele desenvolve os conceitos fundamentais da teologia de Paulo, que viriam a ser defendidos pela reforma protestante.
Não é por acaso que Martim Lutero redescobriu o Evangelho nesta carta e formulou um conceito central na teologia da reforma: O ser humano é justificado, declarado justo por Deus, mediante a fé e não pelas obras que realiza.
Este é o assunto tratado em nosso texto.
No capítulo três Paulo definiu que Deus nos aceita e justifica pela fé em Jesus Cristo e não por obras ou méritos nossos.
Centrais ali são os versos 23 e 24.
Agora no capítulo 4 Paulo ilustra esta verdade com a história e o exemplo de Abraão.
Observemos com atenção algumas afirmações.
Abraão creu, esperou contra a esperança, não enfraqueceu na fé, não duvidou da promessa de Deus, estava plenamente convicto que Deus cumpriria a sua promessa, etc.
E então no verso 22 Paulo conclui: “Pelo que isso lhe foi também imputado para justiça.” Na versão atualizada da Bíblia diz: “Por isso, Abraão, por meio da fé, foi aceito por Deus.”
A que Paulo se refere?
O texto de Gênesis 17 que lemos responde isso. Deus havia feito uma promessa a Abraão. Ele seria o pai de muitas nações. Acontece que Abraão já era bem idoso, tinha mais de noventa anos, e Sara sua mulher era estéril, não podia ter filhos.
Resumindo: Tudo pesava contra Abraão, tudo indicava que isso era uma loucura, uma tolice, uma promessa que não tinha como se cumprir.
Mas apesar de tudo isso Abraão creu, ele confiou firmemente na promessa de Deus e por isso foi aceito, ele foi declarado justo por Deus.
A justificação de Abraão não se deve ao fato de ter cumprido a lei e de ter sido circuncidado.
E disso o apóstolo Paulo tira as consequências para os cristãos de Roma e para os cristãos de todos os tempos e lugares.
Os cristãos convertidos vindos do judaísmo acreditavam que eles eram aceitos por Deus por observarem e cumprirem as leis (2.17ss).
E mais ainda, pensavam serem cristãos melhores do que os cristãos não judeus.
O apóstolo Paulo derruba este preconceito ao declarar que todos são pecadores; que todos carecem da graça de Deus; que todos são aceitos e salvos, não por cumprirem a lei ou realizarem boas obras, mas por meio da fé em Jesus Cristo.
E estas verdades Paulo quer ilustrar com a história de Abraão, que passou para história com o apelido de “pai da fé”.
Ainda que a situação e as condições humanas de Abraão e Sara fossem totalmente desfavoráveis (v.19), ele não duvidou da promessa de Deus, mas confiou plenamente que Deus tinha poder para realizar o que tinha prometido.
Quais os desafios do texto para nós?
Nos tempos atuais vemos muitas pessoas e igrejas usando um linguajar que denuncia uma compreensão legalista da salvação. Você não pode fazer isso ou aquilo, se quiser ser salvo.
Se você proceder assim ou assado, se fizer tantas semanas de oração forte, se realizar o sacrifício da oferta, Deus vai te abençoar e tudo se resolve milagrosamente.
Precisamos relembrar sempre de novo que “O justo viverá pela fé” (1.17). Deus nos acolhe e nos declara justos quando cremos nas suas promessas.
Isso não depende de nossos esforços ou obras. Só podemos receber a justificação, e a salvação, como um presente, através da fé.
As promessas feitas a Abraão são renovadas e cumpridas através de Jesus Cristo, aquele que ressuscitou dentre os mortos para a nossa salvação.
Aprendemos de Abraão a acolher a Palavra e as promessas de Deus com fé e confiança. Pode ser que nossa situação também não seja boa, que as condições sejam desfavoráveis. Tanto mais podemos nos apegar aquilo que Deus prometeu. Amém.
 


Autor(a): P. Germanio Bender
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Joinville - Martin Luther
Área: Confessionalidade
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 32597

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