História do povo evangélico luterano


ID: 2927

Reflexões Pós-Guerra

01/08/1987

 

REFLEXÕES PÓS-GUERRA

O período da 2ª. Guerra Mundial trouxe para as Comunidades Evangélicas Luteranas inúmeras dificuldades. Dentre todas a maior foi o fator lingüistico. O ale mão estava proibido. Os cultos não puderam ser ministrados pois os pastores, sendo alemães, não sabiam português. As escolas das Comunidades foram tomadas pelo governo da época e fechadas. Muitos pastores foram presos por longos períodos em Florianópolis e Joinville. 

A segunda maior dificuldade foi o cancelamento da ajuda financeira, da qual a maioria das Comunidades eram dependentes. A razão foi que as Igrejas na Alemanha não tinham condições de ajudar, tal qual por ocasião da I Guerra Mundial.

A partir destas considerações é importante avaliar as palavras que fazem parte da Ata da Assembléia Geral Ordinária de 11 e 12 de junho de 1947, realizada em Blumenau, do Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná após 10 anos do último acontecido em Timbó. A saudação foi feita pelo Presidente da Comunidade de Blumenau, Sr. Hermann Mueller-Hering:¨... lembrando a necessidade da formação de uma Igreja Evangélica autônoma e da colaboração estreita entre pastores e comunidades traçando em passos rápidos a formação do Sínodo : ¨... de comunidade para Conferência Pastoral, de Conferência Pastoral para Associação das Comunidades, de Associação para Sínodo, e para Igreja no Brasil, este é o nosso caminho¨.

No relatório do Pastor Ulrich Schliemann, presidente do Sínodo, afirmou: ¨a diretoria do Sínodo cuidou sempre, quanto possível, da formação de novos pastores, filhos de nossas comunidades, brasileiros natos, provando deste modo sua fé no futuro de nossa Igreja. ¨Agradeceu o trabalho realizado pelos estudantes do Instituto Pré-Teológico que atuaram na falta de pastores. A Edgar Liesenberg que atuou de 1943 a 46 e a Lindolfo Weingaertner que atuou de 1944 a 46.

Sobre o período da guerra referiu-se a ele como ¨¨ dias de incerteza e apostasia. Neste contexto disse ainda a respeito dos presidentes e membros das diretorias: ¨Eram estes homens os pilares erguidos em meio da tormenta, eram eles o muro firme e inabalável, inquebrantável pelas ondas destruidoras. Não deixaram nenhuma senhora de pastor no abandono, ao contrário, cuidaram das famílias dos pastores de modo carinhoso¨.

Nem por isto deixou de desafiar os membros leigos, especialmente os residentes nas colônias onde os pastores chegavam quando muito, seis vezes ao ano: ¨Será que nenhum homem evangélico convoque, nestes domingos (na ausência do pastor), os crentes da redondeza, para ler-lhes um sermão e cantar os hinos da Igreja com eles? Esta grande falta devemos ter em mente; a qualquer momento podem voltar dias de emergência¨.

A respeito das comunidades desafia-as: ¨Nossas comunidades vivem de reservas espirituais. Pai e mãe, avô e avó eram homens piedosos. As crianças não podem ocultá-lo. Mas as reservas devem ser renovadas, senão perecerão; decresce a frequência do culto. Trata-se de acordar e vivificar as nossas comunidades. Trata-se de fazer os nossos membros de sócios contribuintes para membros responsáveis de uma instituição que se chama Igreja¨.

De importante nesta Assembléia foi também a decisão do Sínodo de se reunir aos demais Sínodos existentes no Brasil para formarem a Igreja Evangélica autônoma e independente.


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