História do povo evangélico luterano


ID: 2927

Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE)

01/08/1987

 

Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE)

A OASE é um setor de trabalho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). É uma oferta de auxílio mútuo para a participação ativa de mulheres na vida da comunidade. Esta participação se expressa nos três aspectos da vida cristã: Comunhão, testemunho e serviço.

Esta participação ativa da mulher na comunidade acontece desde que exista comunidade cristã. A Bíblia fala de mulheres às quais ¨o Senhor abriu o coração¨ para o Evangelho e elas passaram a servir-lhe. Como exemplo podemos citar Lídia (Atos 10, 14-15). Mas foi somente no século 19 que as mulheres puderam organizar-se nos moldes da atual OASE. O início da história da OASE no Brasil está ligado à sua história na Alemanha. Por iniciativa da imperatriz Auguste Victória, em 1888 foi fundada, na Alemanha, a Sociedade Auxiliadora da Igreja Evangélica (Evangelischer Hilfsverein), com a finalidade de prestar auxílio financeiro à Igreja que não conseguia atender satisfatoriamente a grande massa do povo, espiritualmente pobre, que se concentrava nos grandes centros urbanos e industriais.

Desde o princípio, mulheres estiveram engajadas neste auxílio, providenciando a instalação de diaconisas nas comunidades, ajudando no tratamento dos doentes, fundando hospitais e lares para recuperação de mães esgotadas, ajudando na formação de auxiliares de enfermagem, fazendo campanhas de agasalho e alimentos e outros mais.

Sobre o início dos trabalhos de Senhoras Evangélicas no Brasil, a Sra. Luise Engels escreve num resumo histórico:

¨Também aqui a miséria era muito grande; talvez ainda maior do que na Europa. Os imigrantes não estavam acostumados ao clima deste país; e a intensa luta pelo pão diário era acompanhada por doenças e outras dificuldades. Foi então que algumas mulheres enérgicas se uniram afim de desenvolver alguns programas de auxílio. Em 1899 este despertamento da mulher evangélica iniciou na Comunidade de Rio Claro (SP).

Em 1907 foi constituído mais um grupo de senhoras em Blumenau (SC), com o objetivo de dedicar-se de maneira especial a parturientes e a assistência a doentes. O grupo nasceu da iniciativa do pastou Mumelthey e de sua esposa, uma ex-enfermeira da Cruz Vermelha e contou com a colaboração e dedicação toda especial de Da. Elsbeth Koehler. Este grupo iniciou com o trabalho de uma enfermeira e uma parteira e posteriormente manteve por muitos anos uma maternidade. Este grupo, que tem uma caminhada de 80 anos hoje mantém um ancionato.

08/12/1907 — Fundação da OASE em Brusque com a mesma finalidade da de Blumenau, que até hoje mantém um hospital e maternidade.

1909 — Fundação da OASE em Timbó, com a mesma finalidade das duas anteriores. Mantém hoje o Hospital da OASE.

1910 — Visita do Superintendente Geral Dr. Zoellner e do P. Cremer, da Alemanha, enviados pela ¨Frauenhilfe¨ às comunidades no exterior. Relataram sobre o trabalho das diaconisas e da ¨Frauenhille¨ na Alemanha, entusiasmando as senhoras por essas instituições e despertando alegria e ânimo em seguir o exemplo. A partir desta visita surgiram muitos grupos novos, em diversos Estados do nosso País.

1913 — Chegada das primeiras diaconisas da Alemanha. Ficaram em Blumenau, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre e Rio Grande. Mais tarde, em 1939, os grupos de Senhoras Evangélicas do Sínodo Rio Grandense decidiram fundar em São Leopoldo uma Casa Matriz de Diaconisas para formação de obreiras diaconais de tempo integral.

1916 — Fundação da OASE em Joinville, que logo iniciou com 80 participantes, sendo sua primeira Presidente a Senhora Helene Lepper. Suas finalidades foram: a construção de um jardim de infância e mais tarde de um hospital, que em homenagem à 1ª. Presidente recebeu o nome de ¨Helenen-Stift¨.

1930 — Surgiu o 1° Periódico com o nome de ¨Mensageiro para o Mundo da Mulher Evangélica no Brasil¨. Através dele procurava-se compartilhar conteúdos de fé e de vivência cristã com as mulheres evangélicas das diversas comunidades. Foi acentuado também que o objetivo de todo o trabalho das mulheres é edificação da comunidade cristã. Por isso não pode haver reunião sem meditação bíblica, canto e oração. Porque somente o Espírito de Jesus Cristo, o espírito do amor, pronto a servir, leva a uma ação alegre, com investimento de tempo e sacrifícios. ¨Os grupos que concordaram com esta orientação se uniram numa ¨Liga¨ com estatutos próprios. Mais tarde estes estatutos foram substituídos por um regimento. Em 20 a 23 de março de 1984, com a realização do I Congresso Geral Constituinte da OASE, foi aprovado o texto de um regimento interno único.

1941 — Com a necessidade de uso da língua portuguesa nas reuniões da OASE, também surgiu o nome da OASE (Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas).

Os grupos da OASE não tiveram um desenvolvimento uniforme, devido às dificuldades de comunicação neste vasto país, e devido à independência com que eram administrados os diversos Sínodos. Também nas tarefas assumidas pelos grupos não houve uniformidade. Enquanto alguns responderam às necessidades da comunidade, no capo da educação (jardim de infância) e da saúde (hospital e maternidade), outros reconheceram como sua tarefa auxiliar na construção de templos e salões paroquiais, contribuindo para um maior convívio entre os membros da comunidade. Outros ainda se preocuparam com a visitação a doentes e idosos. Em todos os grupos, porém, a meditação sobre a Palavra de Deus tornou-se o centro e o ponto de partida de toda a atividade.

1954 — A 1a. Orientadora Nacional da OASE, de tempo integral, Sra. Dorotea Seydel, veio da Alemanha. Foi contratada pelo Sínodo Riograndense, porém teve também atuação e contatos com os grupos dos outros Sínodos.

1966 — Foi contratada a Sra. Anna Lange para exercer o cargo de Orientadora no que seria depois a Região II. Seu trabalho foi de formação e estruturação de todo o trabalho da OASE na Região II e com grande influência nas demais regiões eclesiásticas. Exerceu o seu trabalho com muita dedicação e empenho, sendo ela uma benção para todas as senhoras da RE II. Exerceu esta atividade por 20 anos.

1968 — Com a fusão dos diferentes Sínodos, formando a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, assim também a OASE está automaticamente dividida em cinco Regiões, tendo cada Região sua Diretoria, eleita nos Congressos Regionais que se realizam a cada dois anos.

1972 — As presidentes, juntamente com as Orientadoras Regionais (de momento temos apenas uma na IV Região), começaram a unir-se anualmente para trocar ideias, experiências, planejar em conjunto as edições do roteiro de trabalho da OASE, organizar seminários de âmbito nacional e tomar decisões referentes aos assuntos de comum interesse.

1978 — Formou-se o Conselho Nacional da OASE composto por dois membros de cada Região Eclesiástica da IECLB.

A OASE conta, atualmente, aproximadamente com 33.000 membros, filiados a 960 grupos. A RE II tem cerca de 6.750 membros, com 292 grupos registrados, sendo porém grande o número de grupos em formação.

A Sra. Liselote Zander, em relatório de 1980, escreveu a respeito da OASE:

¨Sempre é hora de nos perguntar pelos objetivos e o sentido da OASE em nosso Igreja: Se o trabalho das Senhoras Evangélicas não é um trabalho ultrapassado como alguns acham, e como devemos prosseguir para o futuro. Após termos feito um retrospectivo vimos que milhares de senhoras desde seu início, até os dias de hoje, se tornaram membros e é quase impossível anotar tudo o que foi realizado pelos grupos. As senhoras estavam preocupadas com a educação cristã de seus filhos, o auxílio aos doentes e necessitados, assistência aos idosos e solitários. Todos estes serviços continuam sendo feitos pelas senhoras até hoje. Por isto a pergunta inicialmente feita: ¨Se devemos continuar ou se é um trabalho ultrapassado¨, já está satisfatoriamente respondida. Deus abençoou e amparou este serviço e a Ele cabe a honra e a glória. Também não queremos esquecer aqueles que com muita dedicação e fidelidade e humildade, seja como membro, líder, pastor ou esposa de pastor, trabalharam e serviram, construindo as OASEs. Agradecemos a Deus que nos deu estas pessoas- desde o início até os dias de hoje e sabemos que também proverá para os tempos futuros.¨

Iris Butzke


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