História do povo evangélico luterano


ID: 2927

Missão Evangélica União Cristã

01/08/1987

 

Missão Evangélica União Cristã

Neste ano, no mês de outubro, a MEUC festejará o jubileu de 60 anos de atividade no Sul do Brasil: Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná e, ultimamente também Norte do Mato Grosso e no Paraguai.

A MEUC é um rebento do pietismo Alemão, fundado pelos teólogos Spener, no século 17, Franck, Zinzendorf e muitos outros. Além de teólogos, também muitos leigos de todas as camadas sociais participavam deste movimento dentro da Igreja Luterana na Alemanha. Visavam os Pietistas principalmente o reavivamento espiritual, formação de grupos de estudos bíblicos, evangelizações, diaconia abrangente. Não visavam os pietistas somente o homem espiritual, mas sim o homem todo. Por isso fundaram muitas instituições sociais, missões, seminários, casas de diaconisas e tiveram muita influência na formação de pastores nas faculdades de teologia.

Como o pietismo chegou ao Brasio e por quê? A senhora Johanna Michel-Loercher, que residia em Mato Preto, escreveu à direção da Convenção de Gnadau — Alemanha: ¨Venham cá e ajudem-nos. Enviem-nos um mensageiro do Evangelho.¨ Este chamado de socorro foi recebido como um chamado de Deus.

Em 1927 a diretoria da Convenção de Gnadau decidiu que o trabalho seria iniciado de maneira mais modesto, o que aconteceu com a vinda do Missionário Alfred Pfeiffer em outubro de 1927.

O que pretendia a MEUC alemã? Por que eles mandaram um mensageiro? A resposta não é muito difícil. Havia muito poucos Pastores para regiões enormes. Os Pastores estavam mais do que sobrecarregados com os seus trabalhos de atendimentos às comunidades. Como em muitos casos ainda hoje acontece, não lhes sobrava tempo para um trabalho de aprofundamento espiritual daqueles paroquianos que desejam um pouco mais do que de vez em quando um culto. E jamais podiam nem em sonho realizar semanas de evangelizações.

Esta lacuna era para ser preenchida pelo mensageiro da MEUC. Desde o início o Missionário Pfeiffer trabalhou nesta direção.

Mas não tardaram conflitos e desentendimentos. A Igreja constituida, como é fácil de compreender, não aceitou de braços abertos o mensageiro do Pietismo Alemão. Pastores e membros da Igreja se opuseram ao trabalho da missão. Temiam que pudessem ocorrer separações. Contudo, também havia Pastores que apoiavam as atividades do Missionário Pfeiffer.

Lamentavelmente, os conflitos eram gerados quase sempre de ambos os lados, principalmente quando no direito de criticar amargamente os trabalhos dos seus Pastores, na suposição de que estes não estavam exercendo suas funções de acordo com a Bíblia, sem, no entanto, tentar ajudar os Pastores de melhor maneira possível.

Houve muitas acusações mútuas. Acontecia, que meucanos convidados pela Igreja de assumirem alguma função na Igreja, se negavam pelo simples fato de que a MEUC para eles era o suficiente. Com essas atitudes, no entanto, traiam um dos princípios básicos do Pietismo: participar ativamente na Igreja.

Por isso o Pietismo sempre foi parte integrante e atuante na Igreja alemã. Os pietistas brasileiros, ou meucanos, teriam uma função muito importante a preencher na sua igreja: na IECLB.

Os Missionários Pfeiffer e Dietz, este chegou em 1931, todos os anos realizavam retiros espirituais. Gerais para todos, para rapazes, para moças, para casais, para crianças, para acadêmicos e congressos para a juventude. Há muitos grupos de estudos bíblicos só para senhoras.

A MEUC mantém uma escola bíblica para a formação de obreiros leigos. Além disso a MEUC mantém trabalhos para crianças e jovens e está iniciando uma missão entre a população mais carente da sociedade.

Dá-se muita ênfase ao trabalho da música: corais de trombones, canto coral, corais jovens e difusão de literatura com algumas edições próprias. A MEUC mantém três livrarias, cujos bons fregueses são os Pastores.

Grande valor se dá aos círculos de oração. Comunidade cristãos sem estes círculos, não podem funcionar como deviam. A oração é uma das atividades principais dos cristãos e muito mais quando em círculo formados para esta finalidade.

Hoje a MEUC dispõe de mais de 20 obreiros de tempo integral para uma área que abrange parte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Norte do Mato Grosso e Paraguai.

O trabalho, no entanto, é grandemente sustentado por obreiros leigos.

A MEUC oferece periodicamente cursos bíblicos gerais, ministrados por pastores e Missionários vindos da Alemanha.

Entre a igreja e a MEUC, atualmente há um bom entendimento e em alguns setores colaboração mútua. Isto não exclui que ainda há áreas de conflitos muito sérios entre MEUC e Igreja. Parece que ambos os lados ainda não entenderam que ninguém quer tirar nada de ninguém. Para brigas e desavenças precisa-se de pelo menos duas pessoas. Se entre todos houvesse boa vontade, os conflitos se transformariam em bênção, como aconteceu no Vale do Itajaí, que já foi uma área de conflitos muito sérios entre Igreja e MEUC, onde algumas vezes chegou-se a perseguições de fato.

É muito positivo para MEUC e Igreja, que hoje há diversos meucanos ocupando cargos na Igreja e que as diretorias de ambas as partes se reunam periodicamente para dialogar.

Alfons Butzke


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