A ASSEMBLÉIA SINODAL DE 1967
já previu dificuldades estruturais da IECLB
A segunda Assembleia Sinodal ordinária do Sínodo Evangélico Luterano Unido (Indaial, 04 de agosto de 1967) foi, de acordo com o relatório de Praeses Stoer muito importante em dois sentidos.
Em primeiro lugar, a eleição de um novo Conselho Sinodal marcou o término do primeiro período da união do Sínodo Luterano e do Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná ocorrido em 1962 em Curitiba. Estes primeiros cinco anos foram caracterizados pelo mútuo empenho e investimento de confiança, no crescimento e fortalecimento desta união. Depois destes cinco anos constatou-se com alegria e gratidão que todas as apreensões existentes no início foram superadas dando lugar a uma sentimento de união de membros de uma só família. Praeses Stoer expressou esta alegria e gratidão com as palavras: ¨Louvamos e agradecemos a Deus que nos conduziu neste caminho e nos concedeu esta união¨.
Em segundo lugar a importância desta assembleia residiu na tarefa de deliberar sobre o esboço de uma constituição da Igreja geral, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, que regimentaria a fusão dos três Sínodos, que assim deixariam de existir como grandezas autônomas. Dentre as várias mudanças que esta fusão e reestruturação trouxeram, certamente a perda da autonomia foi a que mais afetou os Sínodos então existentes.
A reestruturação e a constituição da Igreja, que tem sido objeto de estudo e discussão durante dois anos em todos os Sínodos do IECLB, teve por objetivo estabelecer a unidade da Igreja através da centralização da sua administração e do planejamento uniforme dos mais diversos setores do trabalho eclesiástico. A Assembléia Sinodal de Indaial teve como tarefa analisar e ¨se possível aprovar¨ o esboço de uma constituição da IECLB, elaborado por uma comissão composta por membros dos três Sínodos. Este esboço já havia sido analisado e aperfeiçoado pelo 5° Concilio Geral da IECLB (outubro 1966) prevendo a estruturação da Igreja em quatro Regiões Eclesiásticas e estas por sua vez subdivididas em distritos eclesiásticas.
O Sínodo Evangélico Luterano Unido saudou em sua assembléia esta reestruturação da IECLB como o resultado de uma caminhada já empreendida em 1950 com a criação da Federação Sinodal e depois reforçada com a adoção do nome da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. No entanto, já naquela data, foram manifestadas sérias ponderações com respeito à funcionalidade de uma administração centralizada, considerando as características regionais e sobre tudo a extensão geográfica da área abrangida pela IECLB. Questionou-se também a viabilidade destas mudanças em termos de recursos financeiros e pessoais. Para vir ao encontro desta problemática sugeriu-se já naquela data conceder maior autonomia administrativa aos distritos, os quais por sua vez deveriam prestar contas ao Conselho Regional e ao Conselho Diretor da Igreja. Por outro lado chamou-se a atenção para que fosse observada nesta reestruturação da Igreja a dependência financeira (2/3 do orçamento) do exterior e a problemática de falta de obreiros. A história e o desenvolvimento de nossa Igreja tem mostrado que estas ponderações de 1967 tem tido fundamento.
Questionou-se também já em 1967 se a nova titulação das lideranças da Igreja sugerida no esboço não desconsidera a nossa tradição luterana. Seria um sinal de reconhecimento e valorização da história de nossa própria Igreja se as titulações de então de funções eclesiásticas fossem preservadas.
Visto que o Sínodo Evangélico Luterano Unido, com 210.000 almas e 68 pastores era o 2º. maior Sínodo da IECLB, a assembléia de Indaial estava ciente da importância de seu posicionamento em relação ao assunto. Praeses Stoer sublinhou nesta assembléia de uma maneira enfática que o Sínodo Evangélico Luterano Unido se considera um membro sinodal de toda a IECLB e se sente como parte integrante da mesma e deseja também dar expressão deste relacionamento íntimo com a IECLB pela sua total integração na mesma. Praeses Stoer chamou a atenção para a importância desta questão em torno da reestruturação e da constituição da Igreja, mas mesmo assim advertiu, de que esta questão não deveria monopolizar toda a atenção e força a ponto de ser perdido de vista a tarefa maior que recebemos do Senhor da Igreja, à qual em última análise deve servir também a estrutura e a ordem da Igreja. E esta tarefa é a divulgação e proclamação da Boa Nova da redenção do homem escravizado pelo pecado, pois ¨o Filho do homem veio buscar e salvar o que está perdido¨ (Luc. 19,10). Esta tarefa deverá receber sempre de novo em primeiríssimo lugar nossa atenção e força. Pois somente esta tarefa dá razão de ser e sentido à Igreja. Justamente em relação ao cumprimento desta tarefa o Sínodo Evangélico Luterano Unido vivia em 1967 dias de grande apreensão visto que contava com 14 comunidades vagas e cujo provimento era dificultado pela falta de obreiros. Praeses Stoer procurou animar a assembléia testemunhando que o caminho da Igreja de Jesus Cristo nunca foi uma ¨via triunfalis¨, mas sempre foi e será um caminho sob a cruz. Mas esta Igreja pode seguir este caminho confiante na certeza de que nada a separa do amor de seu Senhor.
Somente esta certeza deu força e vida à Igreja no passado e também a levará a seu destino.
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