História do povo evangélico luterano


ID: 2927

100 Anos do Primeiro Almanaque da Igreja Evangélica no Brasil

25/08/2022

 

No penúltimo tópico da agenda da 28ª Assembleia Sinodal do Sínodo Riograndense, realizada na cidade de São Sebastião do Caí/RS nos dias 10-21 de abril de 1921, constava a deliberação sobre a edição de um almanaque. A assembleia deu o seu aval com a ressalva de que a impressão só deveria acontecer se certas garantias estivessem dadas.

O informe sobre a Assembleia não entra em detalhes sobre as tais garantias, mas convém lembrar que as comunidades evangélicas viviam naqueles anos ainda as consequências da I Guerra Mundial. Muitas áreas da vida eclesiástica careciam de reorganização ou revitalização. Os demais tópicos da agenda dão indícios desta nova fase do Sínodo Riograndense.

A primeira edição saiu no ano de 1922 e recebeu o nome de “Kalender für die Deutschen Evangelischen Gemeinden in Brasilien” (Calendário para as Comunidades Evangélicas Alemãs no Brasil). Nas edições seguintes aparece a palavra “Jahrweiser” (Almanaque). A responsabilidade por sua edição coube ao Pastor Rupflin.

A capa da primeira edição estampava uma foto da Igreja Evangélica de São Sebastião do Caí/RS. Esta ilustração se manteve até a edição do ano de 1926. A partir de 1927 a capa terá a foto da Igreja Evangélica de Porto Alegre/RS e ela se repetirá até a edição de 1949. Cumpre ressalvar que a publicação foi interrompida durante os anos da guerra e pós-guerra (1942-1948).

O almanaque era, por assim dizer, a única publicação da Igreja que alcançava milhares de famílias. Nele as famílias encontravam informações relevantes para o seu dia a dia. Ele apresentava os calendários civil e eclesiástico, feriados, ciclo da lua, constelações, estações, nascer e pôr do sol, eclipses, etc. Oferecia as referências bíblicas para as celebrações, os lemas bíblicos anuais e semanais, artigos para reflexão, informação e entretenimento. O almanaque acompanhava, literalmente, as famílias o ano inteiro.

A partir de 1949 há várias alterações no título. A primeira edição do pós-guerra elimina a palavra “alemãs”. Essa alteração reflete o processo de autocrítica que a Igreja começou a realizar com vistas a uma maior inserção na realidade brasileira. Em 1950 o almanaque se chama apenas “Jahrweiser für die evangelischen Gemeinden in Brasilien” (Almanaque para as Comunidades Evangélicas no Brasil). Em 1952, diante da necessidade de se efetivar o registro da publicação, aparece justaposta na capa a expressão “Almanaque do Sínodo Riograndense” e desaparece o epíteto “Comunidades Evangélicas no Brasil”. Em 1970 ele se chamará apenas “Jahrweiser” por causa da extinção do Sínodo Riograndense em 1968.

A última edição em língua alemã aconteceu em 1998. Por estes anos a publicação histórica em língua alemã já contava com um irmão com 26 anos – o Anuário Evangélico em português que estreou em 1972.

Festejamos, portanto, dois jubileus em um mesmo ano. 100 anos do “Jahrweiser” e 50 anos do “Anuário Evangélico”.

O calendário/almanaque representou e representa uma bênção para milhares de famílias ao longo de várias gerações. Somos gratos a Deus por todas as pessoas que se dedicaram a essa nobre causa.

Veja a primeira edição de 1922. Kalender für die Deutschen Evangelischen Gemeinden 1922

Veja também as capas das edições 1922-1949 e capas de 1950-1998

A apresentação pode-se ler:

Não é o tempo que faz o ser humano, mas o ser humano faz o tempo. Não é o Estado que faz o cidadão, mas o cidadão faz o Estado. Não é a Igreja que faz o cristão, mas o cristão faz a Igreja e a Comunidade. Da forma como você se posiciona em relação a seu tempo, ele lhe contempla; da forma como você vê o Estado, a pátria, você será uma pessoa livre ou serva; de acordo como você se coloca em relação à Igreja e à Comunidade, elas trazem vida ou vazio.

Por isso está saindo esse novo almanaque com o desejo de que se torne, para muitas pessoas, uma janelinha pela qual a eternidade brilha em nosso tempo.

Eternidade, brilhe rapidamente, no tempo
Que se apequene o que é pequeno,
Que se agigante o que é grande,
Abençoada Eternidade
. “

Rolf Schünemann
 


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