Prédica:Lucas 2.15-21
Leituras: Números 6.22-27 e Filipenses 2.5-11
Autoria: Roberto Natal Baptista
Data Litúrgica: Ano Novo (Nome de Jesus)
Data da Pregação: 01/01/2018
Proclamar Libertação - Volume: XLII
1. Introdução
O texto para a prédica de Ano-Novo em 2018 já foi analisado em Proclamar Libertação. Podemos ler o estudo de Werner Wiese no volume 34. Além desse comentário, temos outros que abrangem o nosso texto. No volume 24, para o dia de Natal, Günter Wehrmann trabalhou Lucas 2.(1-14)15-20. Já Geraldo Graf, no volume 37, trabalhou a perícope de Lucas 2.(15-20)21, também para o Ano-Novo – Nome de Jesus. Além desses textos, temos uma série de outros, de Lucas 2.1-20, com ênfase no culto de Natal, e ainda algumas liturgias sobre o nosso texto principal e também sobre nossas leituras. Se desejar, veja, por exemplo:
Você poderia imaginar, ao ter um filho ou uma filha, em não colocar neles nenhum nome? Será que iremos encontrar alguém sem nome neste mundo? Mesmo em lugares distantes da urbanidade, onde não há a menor possibilidade de registrar um bebê, os pais irão chamar a criança por algum nome. Esse bebê que nasce não é psiu ou um hein. Não!
Imagine você no culto de Ano-Novo. Faça uma pergunta interessante à plateia. Será que todos saberiam dizer como receberam cada qual o seu nome? Será que conhecem a história e o signifi cado do seu nome? Quem os deu? Em que ocasião? Nem sempre acontece conosco o mesmo que aconteceu a Jesus. Em Mateus 1.21, José recebeu uma orientação em sonho para dar à criança que iria nascer o nome de Jesus. Em Lucas 2.21, por ocasião da circuncisão da criança, é dado a ela o nome de Jesus. Você e eu não tivemos uma história assim parecida. Isso não é comum. Meu nome não veio nem de um sonho nem de uma mensagem divina. Mas você e eu recebemos um nome. O nome nos distingue. Não gostamos de ser chamados pelo nosso número de CPF, por exemplo. Gostamos de ouvir as pessoas chamando-nos pelo nosso nome. Reclamamos se usam o nome errado ou se o pronunciam de maneira inadequada.
O nome não é apenas um sinal sonoro. Muitas vezes, vejo pessoas lembrando do segundo mandamento como uma advertência a não pronunciar o nome de Deus levianamente. Muito mais que isso, o nosso nome ou o nome de Deus diz respeito à pessoa. Definitivamente, “o nome não é apenas um nome”. Basta lembrar as pessoas que tiveram seus nomes relacionados na famosa lista de Rodrigo Janot, procurador da República. Através de depoimentos sobre a Operação Lava Jato, Janot, auxiliado por outros 16 procuradores, elaborou uma lista de pessoas que devem responder às investigações de corrupção. Ali, como em qualquer situação, não é apenas um nome. Esse representa uma pessoa. Sua ética e seu caráter. Sua história de vida. É isso que está em jogo, ou pelo menos deveria estar.
Agora podemos falar, sim, do nome de Jesus. Reconhecer o nome de Jesus e se curvar diante dele, como nos diz o texto de Filipenses, é reconhecer a pessoa, dar valor à sua história e aos seus ensinamentos. Esse Jesus não tinha só um nome. Recebeu muitos títulos ou apelidos, como Jesus de Nazaré, por exemplo. E quero ressaltar apenas um desses muitos títulos que considero ser o mais significativo – Salvador, por exemplo, já está contido em seu nome de circuncisão, ou como hoje dizemos, seu nome de batismo. Trata-se do que Mateus 1.23 nos diz: Imanuel, Deus conosco ou Deus entre nós, ou Deus no meio de nós. Lindo título.
Finalizando, precisamos acentuar as perspectivas para o Ano-Novo. Como será que as pessoas do nosso culto de Ano-Novo gostariam de ser chamadas, ou melhor, de ser reconhecidas? Parece um pouco estranho? Não! Todos temos um nome e já o utilizamos há muito tempo. Uns mais, outros menos, dependendo da idade de cada um. Mas a pergunta para este novo ano é como queremos ser transformados a partir do nome de Jesus? Percebemos no relato de Lucas 2.15-21 que a tarefa de modificar a difícil realidade no país cabe às pessoas comuns. Longe de estarmos em qualquer lista tipo “Janot”, temos uma empreitada ética de anunciar e honrar o nome de alguém que, por acreditar num projeto – o projeto do reino de Deus, seu Pai – nunca desistiu ou voltou atrás. Não fez concessões. Não propôs acordos escusos. Nosso projeto para o próximo ano pode bem ser este: como o próprio Jesus o fez, honrar cada qual o seu próprio nome.
Bibliografia
GRAF, Geraldo. Proclamar Libertação. São Leopoldo: Sinodal; EST, 2011. v. 37, p. 54ss.
HÜTHER, Vanderlei. Caderno de Cultos 2017. Lucas 2.15-21 - Ano Novo (Nome de Jesus) – 01.01.2017. Disponível em:
KÜMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 1982.
WEHRMANN, Günter K. F. Proclamar Libertação. São Leopoldo: Sinodal; EST, 1998. v. 24, p. 41ss.
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WIESE, Werner. Proclamar Libertação. Auxílio homilético de Lucas 2.15-21.
São Leopoldo: Sinodal; EST, 2009. v. 34, p. 69ss.