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ID: 2690

Isaías 66.10-14

Auxílio Homilético

07/07/2019

 

Prédica: Isaías 66.10-14
Leituras: Lucas 10.1-11,16-20 e Gálatas 6.7-16
Autoria: Geraldo Grützmann
Data Litúrgica: 4º. Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 7 de julho de 2019
Proclamar Libertação - Volume: XLIII

Aconchegado no colo de Deus

1. Introdução

O texto está previsto para o tempo litúrgico conhecido como “Tempo Comum”, onde as principais festas cristãs já foram celebradas. O Dia das Mães, para o qual o texto também é sugerido seguidamente, também já passou. A cor litúrgica é o verde e indica o crescimento da comunidade. Os sinais da presença do reino de Deus precisam ser levados adiante. Talvez seja essa a ponte que se pode fazer para a leitura do evangelho. O profeta Isaías anuncia esperança e, assim, está em paralelo com os evangelistas. Lucas 10.1-11,16-20 relata a missão dos setenta discípulos e discípulas de Jesus e destaca que não são muitos. É árdua a tarefa de levar a mensagem de lugarejo a lugarejo, de casa em casa. O desânimo muitas vezes atinge aquelas pessoas que se dispuseram para a missão e colocaram o pé na caminhada. A certeza da misericórdia e do aconchego de Deus renova as forças. O texto de Gálatas aponta para a centralidade da cruz no ministério do apóstolo.

2. Exegese

O P. Hans Alfred Trein elaborou uma exegese detalhada do texto para o Proclamar Libertação 37. Um ótimo auxílio que vale a pena reler! Aponto para algumas informações que nos ajudam a localizar o texto no tempo e no espaço. Jerusalém é o local geográfico em evidência no livro do Trito-Isaías (56-66). O próprio texto nos informa sobre a situação das pessoas que ouvem a mensagem. Após o convite para a alegria e o júbilo, vem a lembrança dos momentos em que choraram. O choro faz referência ao sofrimento imposto pelos babilônios: deportações de uma grande parcela da população em 597, 587 e 582 a.C. O maior sofrimento certamente foi a destruição de Jerusalém e do templo. Após longo período de exílio dos deportados, finalmente a volta se torna possível sob o domínio dos persas. O templo pode ser reconstruído e há esperança para um recomeço. Mas como será organizada a vida e a sociedade nesse novo tempo?

O profeta destaca que o autor da “virada” é o próprio Deus. Para transmitir esperança e afirmar que uma nova sociedade é possível, o profeta se vale da imagem maternal. Conecta essa imagem com a cidade de Jerusalém e com o próprio Deus. Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei!

Muitas coisas se perderam durante os longos anos de sofrimento e exílio. Agora é hora de recomeçar e de buscar projetos que estão baseados na paz e  na justiça. Nesse contexto, aflora a imagem materna de Deus, uma experiência vivenciada em família que é projetada para toda a sociedade. Há o anseio por um lugar onde o sofrimento possa ser esquecido. Esse lugar é o colo de Deus. Depois de passar por tantas privações, é hora de aconchegar-se em seus braços. Quando as necessidades básicas estiverem satisfeitas, haverá alegria e crescimento para todas as pessoas.

3. Meditação

Escrevo este auxílio depois de ter participado de um seminário oferecido pela IECLB: Meu tempo, minha vida, meu ministério. O encontro todo destacou a importância do cuidado para quem trabalha cuidando de outras pessoas. Nas conversas e dinâmicas, as angústias pelas perdas puderam ser verbalizadas ou expressas em trabalhos manuais. Em pinturas, poesias, histórias, cada qual pôde lamentar as perdas que trouxeram choro e sofrimento. Para alguns, essas perdas já começaram na infância ou na juventude. Para outros, o vale escuro veio com o rompimento dos laços familiares ou pelas decepções no trabalho. Olhando para frente, vem a ansiedade pelas perdas que ainda virão, seja pelas pessoas queridas das quais teremos que nos despedir, seja pela diminuição das próprias forças para enfrentar os desafios do dia a dia.

Onde encontrar consolo? Como superar os sofrimentos e as crises existenciais? Cada qual tem sua individualidade, mas o mais importante é estar consciente de que fazemos parte do processo de cura. O descanso, a meditação, o lazer, as atividades físicas e lúdicas são formas de cuidarmos de nós mesmos para podermos nos cuidar mutuamente. Minha forma de buscar “refrigério para a alma” eu encontro principalmente na música e no canto. “O guitarrista parece a mãe com filho no colo”, diz uma música nativista gaúcha.

Nossa fé nos indica o caminho que nos aproxima de Deus. Nosso consolo está no colo de Deus, onde teremos aconchego e carinho. Certamente, teremos novas forças para trazer outras pessoas para esse aconchego no colo de Deus.

4. Imagens para a prédica

a) Uma mãe amamentando uma criança: essa pode ser uma bela metáfora para o cuidado de Deus por nós. Iniciei o meu ministério pastoral no interior do Espírito Santo há mais de trinta anos. Uma paróquia com muitas famílias jovens e muitas crianças nos cultos. Em especial, nos cultos batismais, os primeiros bancos estavam repletos de mães com suas crianças. Essa imagem era um verdadeiro festival de amamentação. Algumas vezes as mães me perguntaram, antes do culto, se precisariam sair da igreja para amamentar seus filhos. Certamente essas perguntas surgiram porque em determinado momento da história da comunidade esse direito das mães foi colocado em dúvida. Em nossas comunidades, mães se sentem constrangidas ao amamentar dentro da igreja? Ou a comunidade oferece um local reservado onde as mães podem amamentar?

b) No final de 2015, um boato se espalhou rapidamente pela internet. Supostamente estaria em tramitação uma lei que considerava crime amamentar em público. Na polêmica sobre o assunto, surgiram leis municipais ou estaduais que justamente reafirmam o contrário. Pode ser penalizado quem constranger a mãe que amamenta em público. Mesmo assim, fica a pergunta: por que tantas pessoas partilharam essa falsa notícia?

c) No linguajar popular, o ato de amamentar ganhou conotação pejorativa ao ser associado com corrupção política. Diz-se que “está mamando na teta” quem usufrui de benefícios por apadrinhamento político. Ou seria por causa dos filhos e das filhas de fazendeiros que mamaram nas tetas de escravas?

d) No prefácio de seu livro Cuidando de quem cuida, Roseli M. Kühnrich de Oliveira publica uma poesia de Adélia Prado que aponta de forma exemplar para a grande misericórdia de Deus:

É bom pedir socorro ao Senhor Deus dos Exércitos,
ao nosso Deus que é uma galinha grande.
Nos põe debaixo da asa e nos esquenta.
Antes, nos deixa desvalidos na chuva
pra que aprendamos a ter confiança n’Ele
e não em nós.

5. Subsídios litúrgicos

Oração do dia

Deus bondoso e misericordioso, tu que guiaste teu povo da escravidão para a liberdade e lhe deste a terra para o sustento; tu que consolaste o povo assim como uma mãe consola seu filho; tu que falaste através de sacerdotes e profetas e, finalmente, mostraste toda a tua misericórdia através do teu filho Jesus Cristo, dá que a tua Palavra desperte em nós o anseio pelo teu projeto de vida. Que em momentos de sofrimento busquemos o teu colo de mãe e nele encontremos conforto. Por Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Sugestão de cantos

Livro de Canto da IECLB: 15 (Entrada); 56 (Kyrie); 95 (Salmo); 166 (Palavra); 115; 312 (Batismo); 567; 116 (Salmo 91, que poderá ser usado na oração de intercessão); 287 (Bênção).

Bibliografia

OLIVEIRA, Roseli M. Kühnrich. Cuidando de quem cuida: um olhar de cuidados aos que ministram a palavra de Deus. Joinville: Grafar, 2012.


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Autor(a): Geraldo Grützmann
Âmbito: IECLB
Área: Governança / Nível: Governança - Rede de Recursos / Subnível: Governança-Rede de Recursos-Auxílios Homiléticos-Proclamar Libertação
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2018 / Volume: 43
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 50300

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