Francisco tinha o hábito de despedir seus familiares com uma bênção. Atitude bonita e exemplar. Naquele dia específico abraçou sua filha caçula e desejou: Que Deus te guarde! No caminho, por imprudência de outros, ela foi atropelada, vindo a falecer. O pai ficou inconformado. Sua revolta crescente afastou-o dos amigos, da igreja e de Deus. Assim, a escuridão tomou conta. A depressão chegou. Francisco estava afundado em seus lamentos, sem esperança. Ele abandonou Deus. Porém, o Pai não o abandonou. Muitos amigos tentaram se aproximar... O pessoal da igreja também... Mas, ele não dava espaço para conversar sobre as suas dores. Aconteceu que, certa manhã, uma menina de bicicleta levou um tombo diante da sua casa. Ele ouviu o grito e o choro, indo em socorro ao encontro dela. Era desconhecida, mas muito semelhante à sua falecida filha. Convidou-o para sentar na varanda. Deu-lhe um copo de água. Limpou as feridas. O vínculo foi forte, formando-se uma amizade na hora. Conversa vai, conversa vem... Francisco disse: Eu tinha uma garotinha como você! Tinha? Questionou ela... Assim continuou o bate-papo. Ele, pela primeira vez, falou com franqueza sobre a dor que sentia no peito. A menina escutava atenta. Na hora da despedida, Francisco disse: Deus te guarde! E, gelou... A menina, fitando seus olhos, disse: Eu sei que Deus está guardando, lá no céu, com muito carinho a sua filha também. Somente aí, Francisco entendeu que Deus estava cumprindo aquilo que ele mesmo tinha desejado na partida da filha. A morte até pode nos separar da pessoa querida. Mas, isso não significa que Deus deixou de cumprir seu propósito. Não dorme o Guarda de Israel (Salmo 121.4). Assim, ele voltou a falar com Deus, agradecendo pelo “anjo” que caiu em frente à sua casa. Assim, ele voltou à vida comunitária.