Aroldo estava incomodado. No coração, estava afastado de Deus. Em casa, os pais cobravam uma atitude em relação ao seu namoro. Para completar o dia, havia discutido sobre política com os colegas de trabalho. No caminho de casa, sentou-se na pracinha. Do nada, apareceu um garoto todo suado de tanto brincar que parou ao seu lado. Aroldo questiona: O que houve? Veja o que encontrei! Respondeu. Na sua mão havia uma flor horrível que, além de murcha, não tinha pétala alguma. Aroldo fingiu um sorriso, virando-se para o outro lado. Mas, ao invés de sair, o menino sentou-se. Aproximando a flor do nariz, declarou: Que perfume maravilhoso! Em seguida, estendeu a flor ao novo amigo, dizendo: É tua! Uma flor morta e sem graça? Aroldo pegou e agradeceu: Obrigado! Então, estranhamente o menino balançou a flor na sua direção. Somente aí ele pode notar, pela primeira vez, que estava diante de um cego. De súbito, sua voz começou a sumir e lágrimas despontaram em seu rosto enquanto novamente agradecia. Agora, de fato, de coração. De nada! Disse o menino sorrindo. Assim, ele voltou a brincar, sem perceber o impacto que causou na vida de um estranho na praça. Através dos olhos de uma criança cega, Aroldo finalmente entendeu que o seu problema não era externo, antes no coração. Reconheceu que algumas dificuldades estavam lhe deixando cego. Naquele furtivo encontro, percebeu e agradeceu em poder ver a beleza da vida doutro ângulo. Aroldo novamente levou a flor ao nariz e aspirando profundamente, de olhos fechados, disse: Mesmo murcho, ainda é um cravo!