Adquirimos um hábito, mas precisamos cultivá-lo. Normalmente isso ocorre quando descobrimos quais são suas benesses. Por exemplo, observando fotos antigas da minha família, noto que o chimarrão foi rapidamente incorporado à cultura dos meus antepassados europeus. Os alemães adotaram um hábito tipicamente gaúcho. É raro encontrar uma foto da família reunida na qual não aparece uma cuia na mão de alguém. Todavia, se me recordo bem, na minha infância meus pais não tinham o hábito de tomar mate. Somente com meu ingresso na Teologia é que o chimarrão adentrou nosso lar. Como se deu? Durante os “seminários” - onde um tema teológico era apresentado e discutido pelo grupo - a cuia passava de mão em mão. Mesmo aqueles que não tinham o costume, acabavam por adquirir o hábito por causa do grupo. Aqui surge a primeira “benesses” do mate. Ele proporciona um momento de parada e diálogo. É óbvio que é possível tomar mate sozinho. Todavia, via de regra, ele se dá na companhia de alguém. Enfim, adotamos também em casa o costume. Ao entardecer, enquanto a mãe assistia a novela das seis, eu e meu pai tomávamos nosso chimarrão. Minha mãe não adquiriu o hábito, mas incorporava-o de outra forma. Ela tinha por hábito o uso de chás, tanto nas refeições, quanto por remédios. Nessa época do ano, como era comum o chá com folha de laranjeiras. O chimarrão é um chá. Ele é estimulante e diurético. Na medida e temperatura certas, traz saúde. Quando é dito lá no fim da Bíblia que, na Nova Jerusalém, estará a “árvore da vida” cujas “folhas” são a cura dos povos, contemplo o “chimarrão” como uma antecipação da Morada Eterna (Apocalipse 22.2).