Conta assim uma antiga parábola... Um alfinete e uma agulha encontraram-se na cesta de costuras. Estando os dois desocupados, começaram a discutir. Cada um se considerava melhor do que o outro. Afinal, qual é mesmo a sua utilidade? Perguntou o alfinete para a agulha. Como você pensa vencer na vida se não tem cabeça? A sua crítica não tem a menor procedência... Respondeu a agulha rispidamente. De que lhe serve a cabeça se você não tem olho? Não é mais importante ver? Ora! De que lhe vale o olho se há sempre um fio impedindo a sua visão? Retrucou o alfinete. Pois fique sabendo que, mesmo tendo um fio atravessando o meu olho, ainda posso fazer muito mais do que você. Enquanto se ocupavam na discussão, a vovó Otília pegou a cesta de costura para coser um pequeno rasgo no tapete. Enfiou a agulha com linha bem resistente e se pôs a costurar. De repente a linha emaranhou-se, formando uma laçada que dificultou o acabamento da costura. Apressada, ela deu um puxão violento que rompeu o olho da agulha. Tendo que terminar o trabalho, amarrou a linha na cabeça do alfinete e conseguiu assim dar os pontos finais. Mas, na hora de arrematar, a cabeça do alfinete se desprendeu. Impaciente com tudo, Otília jogou a agulha e o alfinete na cesta e saiu resmungando. Alfinete e agulha! Ambos estavam enganados. Nenhum dos dois era insubstituível. Nenhum dos dois era perfeito. Nenhum dos dois era tão versátil que pudesse julgar-se com o direito de se considerar melhor do que o outro. Assim vale a regra na vida também: Também o corpo não é um membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo, nem por isso deixará de ser do corpo. O olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti. Todos têm valor. Dependemos uns dos outros (1ª Coríntios 12.15).