Em tempos onde a educação formal era possível somente aos ricos, Jesus – filho de carpinteiro - aprendeu a ler (Lucas 4.16) e escrever (João 8.8). Não é dito que ele foi à escola. Mas, sentia-se preparado para conversar com os mestres (Lucas 2.46). Como judeu, vivia numa sociedade multicultural, controlada pelo exército romano com soldados que vinham de todas as regiões do império. Em casa e com seus discípulos, Jesus falava Aramaico (dialeto hebraico). Misturado ao povo, virava-se também noutros dialetos. Como as autoridades e os mais cultos, latim e grego. Provavelmente, nosso Mestre era poliglota. Os discípulos, em sua maioria pescadores, viravam-se na língua do povo. Quem sabe, o cobrador Mateus e o contador Judas eram mais versáteis noutras línguas.
Agora, Deus escolheu aquele rincão do Império Romano, onde o Verbo se fez carne e habitou entre as pessoas (João 1.14). A voz de Deus que criou o universo, que transmitiu os mandamentos no Sinai, virou choro numa criança em Belém. Como pode algo tão poderoso assumir uma forma tão pequena? Primeiro, o amor de Deus encarnou-se em Jesus. A Palavra de Deus alcançou a humanidade. A criança da manjedoura cresceu e andou no meio do povo. Mesmo sendo Deus, ele não se isentou. Ele falou e mostrou a verdade às autoridades, tanto civis, como também religiosas. Ele pode ter se comunicado em diversos idiomas. Mas, a linguagem dele era tão somente o AMOR. Jesus fala e age, sempre com amor. Segundo, os discípulos em três anos de caminhada aprenderam essa nova linguagem. A vida tornou-se uma escola. Ele mostra... Que faz diferença valorizar os samaritanos, a mulher estrangeira, as crianças, os leprosos. Que há esperança ao cego que passa a ver, ao paralítico que anda, ao marginal que é reintegrado à sociedade. Que pode transformar água em vinho, dar pão ao faminto. Ele afirma que tem em si a água que mata a sede para sempre. Mas, com que finalidade Deus se intromete no mundo?
Não é por nada que, no início do Sermão do Monte, Jesus olha aos discípulos e diz: Vocês são sal e luz (Mateus 5.13-16). Vocês são especiais. Mas, ainda mais importante do que vocês, é a mensagem que transmitirão. A Boa Nova do amor de Deus em Jesus mexe com o coração, transformado de dentro para fora. Invade a sociedade. Uma vida insossa passa a ter sabor. O sal é amor que vem de Jesus. O mundo perdido nas trevas, sem rumo, encontra uma luz. É direcionada aos céus pela verdade que é Jesus. O amor de Deus é perfeito. A verdade do Evangelho é perfeita. Porém, os transmissores, imperfeitos. Por isso, que prevaleça sempre o nome de Jesus, acima de autoridades humanas, religiões, denominações, filosofias e teologias.
Hoje lembramos Pentecostes. O relato bíblico aponta ao cumprimento de uma promessa dada por Jesus: Vocês receberão do Alto um poder que permitirá serem minhas testemunhas em todos os cantos (Atos 1.8). Os discípulos estavam intimidados pelo poder romano e pelas autoridades religiosas. Tinham medo de falar daquele que mudou as suas próprias vidas. Sabiam que a morte já não tinha a última palavra, mesmo assim permaneciam mudos e encolhidos. A experiência pentecostal não foi uma descoberta pessoal. Não era uma revelação pessoal. Do alto, todos ouviram algo “como” o vento. Viram algo “como” fogo. Eles foram tomados pelo Espírito Santo. Uma coragem que não lhes era natural. Saíram do esconderijo e foram à praça para testemunhar a respeito de Jesus. Quem era e o que fez. Quem é e o que é capaz de fazer ainda hoje.
Como foi a recepção da mensagem? Alguns disseram: Estão bêbados! Eles não compreenderam o sentido do anúncio. Não entenderam o idioma que eles falavam. Todavia outros – em suas próprias línguas – compreenderam perfeitamente o sentido do Evangelho. Não eram línguas estranhas. Eram os mais diversos idiomas daquele povo reunido. Os discípulos não se gabavam de ter algo “sobrenatural”. Os discípulos tinham seus pés bem no chão, pois – junto às palavras humanas – revelava-se a linguagem pregada por Jesus, o AMOR. Eles transmitiam “com amor” a verdade de Deus. Jesus é autêntico. O Evangelho é autêntico. A pregação evangélica precisa ser autêntica, sem floreios, sem manipulações, sem autoritarismo. Resultado: Muitos creram em Jesus!
Então faço o convite: Valorize e agradeça pelas suas oportunidades. Se você pode estudar, se você fala outro idioma, se você tem possibilidade de conviver e conhecer pessoas diferentes, peça ao Espírito que o capacite – acima de tudo com a linguagem do AMOR – a apontar sempre de novo ao Salvador. É certo que você encontrará rejeição de alguns, os quais até podem lhe chamar de “tonto”. Entretanto, outros tantos entenderão o Evangelho entregando suas vidas ao Senhor Jesus. Que você experimente muitas bênçãos sendo SAL e LUZ ali onde Deus te colocou. Amém!