Grandes problemas podem ser resolvidos a partir de pequenas atitudes.
Contudo, sempre é necessário dar o primeiro passo.
Jesus era cativante. Ele atraía grandes multidões. Era um tremendo pregador, com muito conteúdo e didática. Atingia não apenas o ouvido, mas também o coração das pessoas. Além disso, em meio às suas pregações aconteciam fenômenos sobrenaturais. Ele tinha poder sobre a natureza e as doenças. Sempre pregava com autoridade. Sempre curava com amor, sem segundas intenções. Todavia, certo é que a grande maioria dos espectadores não passava de “curiosos”. Eram pessoas em busca do “sensacional”. De fato, poucos corações se abriram à proposta do Reino de Deus. Naquela época e hoje, os convertidos sempre foram e serão uma minoria. Os templos gigantescos cheios de gente não significam necessariamente arrependimento e transformação. Os tempos atuais assemelha-se aos tempos idos, com muitos de curiosos e sensacionalistas, poucos convertidos.
Todavia, o ensino de Jesus é preciosíssimo aos convertidos. Ao mesmo, as palavras do Mestre são revolucionárias e transformadoras. Basta constante atenção, boa compreensão e prática obviamente. No fim do Sermão do Monte, Jesus adverte aos seus discípulos: “Quem ouve e pratica a Palavra constrói a vida sobre a Rocha”. As tempestades podem chegar, mas a pessoa mantém-se em pé (Mateus 7.24-27). Eis o grande desafio: Descobrir e viver a fé sem “oba-oba”. Descobrir e viver o Evangelho, de maneira simples e séria, em cada momento do dia a dia.
Como Comunidade Martin Luther de Garuva estamos passando por tal experiência: Ouvir e praticar o Evangelho. O ciclone que varreu a cidade no início do último mês atingiu muitos membros e também o próprio patrimônio comunitário. Todavia, as famílias mobilizaram-se para reerguer-se, ajudando os vizinhos e ainda reconstruindo a própria estrutura eclesial. Tornou-se essencial o envolvimento do círculo de amigos da Comunidade. Além dos membros que se envolveram no mutirão, muitas ofertas, tanto em material, quanto financeiras possibilitam as reformas que estão sendo gradualmente executadas. Ou seja, algumas horas de serviço ou certa quantia em reais permitem a reestruturação após a tempestade. Como comunidade firmada sobre a rocha, estamos experimentando o sobrenatural, tal qual aconteceu no milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Você lembra a história?
Jesus e os discípulos estavam num lugar ermo, distante de tudo. Jesus pregava ao povo reunido, na sua maioria “curiosos”, mesmo assim “famintos”. Como alimentar uma multidão no deserto? Aparentemente, uma situação insolúvel. Como reerguer uma cidade após o ciclone? Uma situação desesperadora. Todavia, entre os presentes naquele deserto havia um menino disposto a repartir o seu pequeno lanche. Aquela oferta foi colocada diante de Jesus que, após dar graças, distribuiu ao povo faminto. Meu amigo! Não esqueça jamais que, pode ser pouco, pode ser muito, sempre convém agradecer pelo que você é e pelo que você tem. A gratidão encaminha o milagre.
Os discípulos ficaram maravilhados diante da visão. Jesus repartia os pães e peixes, que enchiam balaios e mais balaios, sem que lanche tivesse fim em suas mãos. Mas, não havia tempo para observar de queixo caído. Cabia aos discípulos a distribuição dos recursos multiplicados. Aqui na cidade, 90% dos telhados foram atingidos. Algumas casas foram ao chão. Certas famílias passaram a ter necessidades imediatas de móveis, roupas e alimentos. As doações vieram de todos os cantos. Gradualmente a cidade está novamente se reedificando. A mesma experiência que se dá na Comunidade, também na sociedade. Cabe aos cristãos, como bons servos distribuir os recursos, com sabedoria e dedicação.
Seja com Jesus lá no deserto ou aqui em Garuva, a história da multiplicação é uma lição de vida. Repartir é multiplicar. Basta investir que o resultado vem. Mas, a iniciativa precisa vir do coração. Não basta ser por obrigação. Após o milagre e a fome saciada, o Mestre passa uma última lição, a qual precisamos levar em conta, tanto como pessoas, quanto como comunidade e sociedade. Disse Jesus: “Recolham as sobras” (Mateus 14.20). Nada pode ser desperdiçado. Urgentemente, é necessário que ocorra uma reflexão sobre os desperdícios que acontecem em nossa vida e também à nossa volta. Perdemos nosso tempo com coisas tolas? Usamos nossos talentos com objetivos pouco nobres? Gastamos nossa energia e dinheiro naquilo que nem sempre edifica? Só podemos dizer: Perdão, Senhor! Mas, ao mesmo tempo, assumir: Precisamos e vamos melhorar, colocando em prática a tua Palavra, construindo assim sobre a Rocha.
Que Jesus faça um milagre em nossa vida, curando a cegueira e paralisia. Que ele enxote os demônios do comodismo e do desperdício. Que venha ao nosso coração um espírito de gratidão constante. Que, de maneira sensata e organizada, coloquemos nossos recursos à disposição na construção do Reino de Deus. Repito “de Deus” e não “dos homens”. Amém!