Diante da morte do pai, o jovem Apodi era o candidato natural para ser o novo cacique. Mas, pairava no ar uma suspeita: Será que o jovem - muito inclinado à cultura exterior - conseguiria orientar a tribo? Então, naquela mudança de estação, resolveram testá-lo. Um menino aproximou-se de Apodi e perguntou: Como será o inverno? Seu pai sempre nos dava uma orientação. Precisamos ajuntar muita lenha? O jovem olhou ao céu, na esperança de lembrar os conselhos do pai. Mas, de fato, nunca havia prestado muita atenção nos sinais da natureza. Então, não sabia o que responder. Por isso, empurrou: Volte amanhã! Assim, ao ficar só, ele fez uma consulta pela internet para saber o que estava previsto àquele inverno? Frio! No dia seguinte, o menino voltou, ouviu e questionou: Sim! Frio... E daí? O inverno é sempre frio. Mais ou menos rigoroso? Muitos ou poucos dias? Então, na dúvida, Apodi resolveu ligar para um velho amigo que trabalhava na rádio com notícias. Perguntou e recebeu um reforço: Será um pouco mais frio do que o ano anterior e com mais chuva. Então, mais convicto Apodi disse ao menino: Vai precisar de muita lenha e rápido, pois logo vai começar a chover. Assim, a aldeia se mobilizou. Na semana seguinte, um conselheiro foi à cidade e escutou o comentarista na rádio: Gente! Preparem-se para o inverno. Com certeza, teremos um frio de rachar, pois faz muito tempo que os índios não começavam a ajuntar lenha tão cedo. O “diz-que-diz-que” desencadeou um “fake news”. Hoje, quando o inverno se aproxima, lembro da minha falecida mãe que aconselhava: Ande sempre bem agasalhado. À noite prepare um gostoso chá com folha de laranjeira e mel antes de deitar. Ainda sigo suas orientações. Mas, sem perder tempo, também aproveito os avanços da ciência. Não deixo passar a oportunidade de tomar a vacina contra a gripe. Então, não esqueço os conselhos dos antigos, não sigo o lero-lero dos “fake news” e não bobeio com os recursos oferecidos pela ciência. Por isso, se tiver a chance: Deixe-se vacinar!