Paróquia Martinho Lutero

Sínodo Norte Catarinense



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Quatro Cenas em Quatro Telas...

03/04/2021

 

Certo pregador imaginou João 20.11-18 pintado em quatro telas. Na primeira cena: No cemitério, uma mulher chorando desconsolada (v.11a). Maria Madalena ficou chorando, fora da sepultura. Na segunda cena: Ela vê dois anjos no interior do túmulo (vv.11b-13). Enquanto chorava, ela se abaixou e olhou para dentro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus. Um estava na cabeceira, o outro, aos pés. Eles perguntaram: Por que você está chorando? Ela respondeu: Levaram embora o meu Senhor. Eu não sei onde o puseram! Na terceira cena: Jesus chega e ela pensa que é o zelador do cemitério (vv.14-16). Depois de dizer isso, ela virou e viu Jesus de pé. Mas, não o reconheceu. Então, Jesus perguntou: Por que você está chorando? Quem é que você está procurando? Ela pensou que era o zelador e por isso respondeu: Se o Senhor o retirou daqui, diga onde o colocou, e eu o levarei para outro lugar. Maria! Disse Jesus. Ela virou e respondeu em hebraico: Raboni (Mestre)! Na quarta cena: Ele fala: Não me detenhas aqui. Vá contar tudo para os irmãos e irmãs (vv.17-18): Não me detenhas, pois ainda não subi para o meu Pai. Vá e diga para aos meus irmãos que eu vou subir para aquele que é o meu Pai e Pai deles, o meu Deus e Deus deles. Então, Maria Madalena foi e disse aos discípulos: Eu vi o Senhor! Contou o que Jesus lhe havia dito.

Feita a leitura e imaginadas as quatro cenas, retornemos ao primeiro quadro, para questionar: Porque Maria retornou àquele lugar dos horrores da cruz de dois dias antes? Afinal, ela não tinha mais o que fazer, a não ser chorar. Creio que retornou, porque queria, pelo menos, estar mais perto do corpo da melhor pessoa que ela conheceu em toda a sua vida. Afinal, ele havia trazido tantas esperanças e deixado lembranças que, nem mesmo o tempo, conseguiria apagar. Portanto, para ela era consolador estar mais perto daquele que a fez sonhar com felicidade, com justiça, com um mundo diferente, pois ele sempre foi justo, atencioso e respeitoso com ela. Sim, Jesus merecia, pois só fez o bem a ela. Afinal, enquanto quase todos os homens costumavam gritar com ela, falavam mal e a tratavam como objeto sexual, o Mestre a respeitava e a valorizava como pessoa criada à imagem e semelhança de Deus. Além disso, no jeito dela pensar, ela poderia aproveitar para lhe prestar mais uma merecida homenagem ao lhe dar uma sepultura mais decente do que aquela catacumba cavada na pedra bruta. Mas, Maria poderia estar chorando por mais um motivo... Ela perdeu o seu protetor. Agora, que Jesus não estava mais aí, será que ela suportaria continuar sendo tratada como qualquer coisa? Se Maria também pensava nisso, então chorava de saudade, de medo dos dias que viriam e de dó de si mesma.

Na segunda cena... Enquanto pensava e chorava, Maria Madalena se abaixou e olhou para o interior da catacumba e se assustou... O corpo não estava mais lá. Ela perguntou aos dois anjos: Onde puseram o meu Senhor? Maria queria o corpo, para levá-lo a uma sepultura melhor. Nós sabemos que, depois de morto, isto não importa muito. Caso contrário, o que seria daqueles cujos corpos nunca foram encontrados? Assim, também não faria diferença se tivéssemos o lençol no qual ele foi envolvido ou um pedacinho da sua cruz. O que faz toda a diferença é vivermos e morrermos em Cristo. Maria Madalena ainda não compreendia bem essas coisas. Ainda não havia chegado a hora dela compreender. Mas, logo iria saber que o Mestre que ela conheceu não voltaria mais. Nada mais voltaria a ser como era antes. Porque? Veremos adiante.

Agora, no terceiro quadro, aquele em que ela reconhece o Senhor. Madalena era uma pessoa de fé. Ao mesmo tempo, porém, também a sua fé era fraca. Assim somos nós, também. Por isso, custava a perceber o que estava acontecendo. Mas, enquanto chorava desconsolada, Jesus se aproximou e perguntou: Porque choras? A quem procuras? Mesmo depois da cruz e ressurreição, Jesus continua nos procurando, consolando e fortalecendo. Ela olha e pensa que é o jardineiro ou o zelador. Não o reconhece pela aparência. Só o reconheceu quando ele a chamou. A caminho de Emaús, os dois discípulos também não o reconheceram até Jesus repartir o pão. Será que só ele a chamava pelo nome e não por um apelido ou “essa daí” e “fulana de tal”? Portanto, até por este detalhe se percebe o amor de Jesus. Quando ele a chamou pelo nome, tudo mudou. Mudou como da escuridão para um lindo dia ensolarado. Mudou do choro desconsolado e desesperançado, para o sorriso satisfeito e transbordante de alegria. Agora, vem aquela questão já mencionada. Madalena pode ter pensado: Enfim, agora tudo vai voltar como era antes. Vai ser só alegria. Mais um engano daquela humana normal. Embora pudesse parecer, não era o mesmo Jesus. Ele não ressuscitou para morrer mais adiante, como aconteceu com Lázaro, com o filho da viúva de Naim e todos os outros. A ressurreição de Jesus foi definitiva. Ele pertence à eternidade. Não era mais deste mundo. Por causa dessa vida totalmente nova é que a Páscoa é tão importante. Jesus, depois de vencer a morte, subiu ao céu, para ser Senhor de todos e todas. Finalmente, voltemos nossos olhos ao quarto quadro, no qual Jesus ordena: Vai e conta tudo o que viste e ouviste. Como vemos, não é Jesus que deve contar. É Madalena. Ela tem olhos, ouvidos e boca e esse detalhe deixa bem claro que o contar é a nossa tarefa, não de Deus.

Uma forma de contar é colocando um quinto quadro, por nossa conta. Um quadro que possa representar a Semana da Paixão e a Páscoa de 2021. Penso que uma parte desse quadro será de muitas cenas dolorosas que retratam o que se passa pelo mundo afora, principalmente em ambulâncias e UTIs e também por causa dos que sofrem e morrem por outras causas, inclusive de fome. Mas, o quadro é dividido ao meio. A primeira metade é a da Paixão, ao qual cada um pode acrescentar os sofrimentos que quiser. Mas, a outra metade pertence à Páscoa. É verdade que grande parte da Criação de Deus enveredou por um caminho cruel e animalesco, como o assassinato de crianças e muito mais. Mas, toda essa dor é derrotada pela Páscoa. Com a ressurreição do Senhor, o mal já foi vencido. Por isso, mesmo que uma metade seja dolorosa, a outra é vitoriosa, esperançosa, encorajadora e de vida em abundância e com sentido. Aconteça o que acontecer, Jesus Cristo vive. Então, considerando que nada pode nos separar do amor de Deus, uma feliz e abençoada Páscoa.
 


Autor(a): P. Aldemis Rodolfo da Cunha
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 20 / Versículo Inicial: 11 / Versículo Final: 18
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 61893

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Vivam como pessoas que pertencem à luz, pois a luz produz uma grande colheita de todo tipo de bondade, honestidade e verdade.
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