Como vizinhos e amigos, Alfredo e Francisco consideravam-se quase irmãos. Ambos eram filhos únicos. Tinham a mesma idade. Aprenderam na mesma escola. Estavam juntos na igreja. Unidos no estudo, trabalho e diversão. Todavia, os temperamentos eram diferentes. O extrovertido Alfredo tocava violão e cantava como poucos. Por isso, vivia cercado de meninas. Francisco era mais quieto e dedicado trabalho. Era tímido. Muito cedo, os pais se aposentaram e foram morar na cidade. Coube aos rapazes tocar a lavoura de batatas. Alfredo logo se engatou numa menina. Ao nascer a pequena Judite, convidou o amigo para ser padrinho. Francisco ficou sozinho em sua propriedade. Como vizinhos e amigos trabalhavam juntos. Um ajudava o outro a plantar, colher e estocar a produção, cada qual em seu galpão. Devido à praga, naquele inverno, a colheita foi reduzida. Ambos estavam preocupados com as dívidas e manutenção das propriedades. Certa noite, Francisco não conseguia descansar. Estava preocupado com o amigo. Ele tem e esposa e filha. Como conseguirá se manter? Tomou uma decisão... Levantou-se, foi ao galpão e colocou 3 sacas de batinhas sobre o “Schuppkarre”. Silenciosamente seguia em direção ao galpão do amigo. Da mesma forma, naquela noite, enquanto embalava a Judite no seu colo, Alfredo refletiu: Graças a Deus eu tenho uma esposa que me ajuda no trabalho. Mas, pobre do Francisco, que está sempre sozinho. Preciso animá-lo. Prontamente decidiu-se... Carregando 3 sacas de batatinhas no porta-malas, rodou em direção à propriedade do amigo. Sob a luz do luar, em meio à estrada, houve o encontro dos amigos. Nenhum precisou dizer ao outro qual era sua intenção. Eles sabiam para onde o outro estava indo. Abraçaram-se e assim amizade ficou ainda mais forte. “Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão” (Provérbios 17.17).