Antônio era um sujeito simples e trabalhador. Não tinha boca para nada. Certo entardecer, ao retornar para casa, encontrou um sujeito ferido, que faleceu nas suas mãos. Aquele moço era bem conhecido na sociedade e visto como opositor do rei. Não havia prova alguma. Mesmo assim, por estar na cena do crime, pegaram Antônio como responsável pelo ato, mesmo que não tenha feito nada de errado. De fato, o rei havia mandado matar o dito cidadão. Agora, apenas desejava fazer do julgamento, um palco, para entreter o povo. Depois da condenação, o rei propôs ainda um aparente ato de misericórdia. Ele escreveu em dois pequenos pedaços de papel: Culpado e inocente. Antônio deveria escolher um papel, determinando assim a sua própria sentença. Desta forma, o rei tentou se livrar de qualquer impressão negativa diante do povo. Todavia, ele mesmo havia escrito nos dois papeizinhos apenas uma única palavra: Culpado! Ou seja, de antemão, Antônio já estava condenado à morte. Mas, o imprevisível aconteceu. No silêncio da cela, o condenado orou: Senhor! Tu o sabes. Sou inocente. Livra-me do mal. Amém! De súbito, veio à sua mente uma antiga história, onde o profeta pegou e comeu o livro da lei (Ezequiel 3.1). Então, diante do rei e do povo, quando lhe propuseram escolher uma sentença, Antônio escolheu um dos papéis e, de imediato, o enfiou na boca e engoliu. As autoridades ficaram indignadas com sua atitude precipitada. Afinal, como vamos saber o que ele escolheu? O condenado apenas disse: Basta ler o que está noutro bilhete que não foi escolhido. Tal será a minha contra sentença. Abriram e leram: Condenado! Então, Antônio estava livre. Antes de sair, apenas olhou ao rei e disse: Apelei a Deus. Ele mostrou seu amor. A verdade me libertou!
De 2016, “Sossega” com Canção & Louvor.