Sentada à sombra da laranjeira, Aninha observava cuidadosamente o casulo. Ela percebia o esforço da borboleta para escapar daquela casca pelo pequeno buraco. Eis que, de repente, tudo se aquietou. Não houve mais qualquer movimento. Será que ela desistiu? Pensou a menina. Então, decidiu-se a ajudar. Com uma tesoura, cortou o restante do casulo. A borboleta saltou debateu-se no ar. O pequeno corpo estava murcho. As asas estavam ainda amassadas. Ansiosa, esperava que as asas dela se esticassem por completo para serem capazes de suportar o voo. Mas, não aconteceu! Na verdade, a borboleta foi ao chão com um corpo murcho e suas asas encolhidas. Ela não estava preparada para alcançar as alturas. Infelizmente, Aninha, na ânsia de ajudar, não compreendia o esforço necessário à borboleta para passar através daquela pequena abertura era o modo com que a natureza fazia com que o fluído do seu corpo fosse para as asas. De modo que só assim, ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre da sua primeira casa. O mesmo acontece na vida. Precisamos sempre de novo nos esforçar. Se passamos a vida sem quaisquer obstáculos, não seremos tão fortes como poderíamos ter sido. Na sua velhice, disse o poeta em prece: Senhor! Quis força, porém, só recebi dificuldades para me fazer forte. Desejei sabedoria, mas recebi problemas para resolver. Busquei prosperidade e ganhei inteligência e disposição ao trabalho. Na ânsia por coragem, recebi perigos para superar. Na carência por ser amado, recebi pessoas para ajudar. Querendo favores, ganhei oportunidades. Por fim, reconheço... Eu não tive nada do que quis, contudo recebi tudo de que precisava. Obrigado, Senhor!